- O conto que lhes vou contar chama-se Breve estória de um ser num universo.
D. Transpessoal e Sr. Al Quimista acenam com a cabeça. Eles lembram-se de ter ouvido falar neste conto.
Mãe Velha, curadora de almas e clarividente, começa assim:
- Dedico sempre esta "estória" a todas as crianças que eu tive o privilégio de amar pois contando-a mantenho viva em mim a criança que também sou.
- Lembram-se das palavras do GÉNESIS: Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus. Criou-o homem e mulher (Gn 1.26-27)? Pois ouçam com atenção e irão perceber porque começo a história referindo estas palavras...
Era uma vez uma Pessoa que nasceu num universo de energias que era como um grande e invisível coração a pulsar.
Ela só começou a existir porque duas energias pulsantes se partilharam, vibrando como uma só.
Foi assim que ela nasceu tornando-se uma porção materializada numa espaço temporalidade.
O ritmo pulsante desse um afectuoso coração abriu-lhe o caminho para esta vida: nasceu saindo de um ventre por um "buraco negro", ou Alçapão, que é como se dão os novos nascimentos…
E começou ela mesmo a pulsar, respirando: ora expandindo, ora contraindo…
A pouco e pouco foi-se habituando ao bater ritmado do seu próprio coração, ao ritmo dos dias e das noites, à alternância da luz e do escuro e, ao balanço desses ritmos foi crescendo, entendendo, aprendendo, comunicando, evoluindo... vivendo!
Outras pessoas – que já se tinham esquecido da sua origem, de que viver é pulsar – começaram a dizer-lhe: "cuidado, olha que estás dentro de uma "caixinha"; se aceleras muito a tua vibração, podes rebentá-la e é muito perigoso, porque fora das "caixinhas" ninguém pode mais existir!"
As "caixinhas" não eram senão projecções da mente daqueles seres que, há muito, tinham escolhido deixar de pulsar com medo de rebentar; de tal modo que já tinham perdido completamente qualquer memória da sua origem, que fora só vibração sem forma e se dedicavam totalmente a construir cada vez mais "caixinhas" todas feitas de "deve ser".
Mas a nossa Pessoa ainda inexperiente, não o sabia e foi aceitando como bons todos esses medos mascarados de bom senso que lhe eram transmitidos por pessoas já mais quadradas, cúbicas e escuras do que redondas e irradiantes.
Eram em grande número e, talvez por isso, eram consideradas o padrão de uma coisa que parecia ter muita força e a que chamavam “normalidade”, simplesmente por ser a maioria!
A pouco e pouco também a nossa Pessoa ser começa a pulsar com menos força. Sente-se fechado em cada vez mais "caixinhas", com cada vez mais falta de oxigénio, cada vez menos energia e cada vez mais medo de se rebentar ao rebentá-las. Quando está em casa, é a "caixinha" do quarto, da sala, dentro da "caixa" do prédio; depois as "caixas" dos transportes, do carro, do autocarro. E as "caixas" do emprego?! São todas muito direitinhas e bem arrumadinhas umas a seguir às outras, das maiores mais em cima às mais pequenas em baixo!!!
Acreditam até que, no fim de tudo, os restos que ficam vão acabar dentro de um preto e sinistro… "caixão”!
E assim, de "caixa" em "caixinha", conseguindo ainda pulsar um pouco aqui, outro pouco ali, lá vai vivendo com o oxigénio que há, sem se dar conta de que está ela também a ficar cada vez menos redonda...
De tal forma fica prisioneiro que as caixinhas lhe parecem já só terem saída umas para as outras!
Às vezes, muito raramente, atreve-se a sair de uma delas. Fica sozinho entre o céu e a terra. Então, sente-se mais liberto e lembra-se como tudo no Universo é pulsátil, redondo e aberto! Sente uma enorme e confortante sensação de paz e felicidade! Mas é tão breve… Mal começava a respirar mais fundo, logo fica com medo de rebentar e volta de novo à protecção da caixinha mais à mão, bem cubicamente segura.
O pior é quando começa a perceber que até a sua própria cabeça já está a ficar quadrada e dividida em muitos compartimentos, de tal modo que, mesmo quando se vira para dentro dela, são também montes de caixinhas prefabricadas que encontra!
Lentamente começa a entristecer e a definhar, a ficar cada vez mais cúbica, mais cheio de arestas. A tal ponto que passa a ser olhada como desagradável e mesmo agressiva.
Até que um dia...
Uma bola bem redonda passa ao seu lado, a grande velocidade, qual cometa! O que lhe chama a atenção é a forte vibração e o brilho auri prateado do rasto que dela irradia e que ela sente, de imediato, ser algo de muito precioso que lhe falta, algo sem o qual nunca poderá ser inteira e feliz.
É muito forte a emoção desse encontro e o desejo de se apossar desse bem. Cresce cada vez mais a obsessão de que, ao reencontrá-la, poderá sentir-se para sempre como naqueles breves e raros momentos em que consegue estar fora de todas as "caixinhas", sozinho com o Universo Todo, bem redondo e aberto! Um desejo muito forte toma conta do seu coração que pulsa de novo mais acelerado.
O que a nossa Pessoa não sabe logo é que esse “outro”, é de alguma forma também uma parte esquecida de Si mesma, que precisa recuperar...
O seu coração ganha novo alento, o que a faz lembrar-se do Pulsar do Grande Coração que tão intimamente sentiu antes de nascer, pois essa foi a Origem do seu Ser.
Ainda receosa de rebentar, tenta encolher-se de novo; mas, para seu enorme espanto, não consegue "encaixar" em nenhuma "caixinha" – nem mesmo em nenhum "caixote" – aquela Grande Emoção Redonda que dela se apoderou.
Fica dividida. Hesita muito. Pensa: "e se eles têm razão? E se eu rebento? Se eu não consigo voltar a entrar nas caixinhas que me dão tanto conforto, segurança e protecção, e me parecem tão indispensáveis?”
Quanto mais cresce o medo, mais cresce a emoção e o desejo, a obsessão do reencontro com aquele brilho esférico e irradiante.
A luta dentro de si torna-se tão grande que se sente ficar sem forças, sem energia, vazia de poder, de tão dividida que está.
Todas as suas forças não são suficientes para resistir às dúvidas e aos medos… Começa a definhar e fica doente. Sente-se morrer…
“Assim não posso continuar!” Percebe que é a hora de escolher: ou pulsar de novo e, agora, vibrando toda inteira, buscando o encontroi e união com essa Força Maior que vislumbrara e não mais esquecera, voltando à Vida, ou escolher deixar de pulsar e só continuar sobrevivendo, recusando a Vida, morrendo de inacção até acabar fechada num qualquer cúbico “caixão”!
É então que no meio do escuro desespero, impotente e exausta, se abandona finalmente a esse Grande Poder. Pede ajuda e aguarda, confiante, paciente e submissa. Faz-se luz no seu interior e ela percebe que a Força do Todo, da Origem, deixara bem escondidinha dentro da sua Pessoa uma semente da Vida vibrante e pulsátil que, nenhuma "caixinha", nenhum medo, nenhuma "morte", nenhum "deve ser" poderia nunca fazer desaparecer!
E escolhe: pede à Força vibrante em si, a essa Presença Viva, que a ajude a voltar a viver, livre de “caixinhas”, de medos, de dúvidas, de culpas, de frustrações, de ilusões.
Vem então um vento de energia vital que levanta e leva para bem longe todas as tampas! Uma lufada fresca de oxigénio ajuda-a a respirar de novo com mais força. Sente-se melhor. Sente-se crescer... e, mesmo ainda com algum medo, ousa respirar mais fundo, absorver plenamente a emoção dessa entrega ao Amor Maior que a invade e parece tocar-lhe a alma moribunda, ressuscitando-a para a Vida!
Descobre que quanto mais se entrega, mais forte fica a semente de Vida no âmago do seu ser; até que a sente tão forte e tão poderosa que percebe que já não lhe faz mais falta a segurança de nenhuma "caixinha" pois d’Ela vem toda a guia e protecção, todo o Amor.
Agora, ela própria bem redonda e aberta, deixa-se explodir de vibração pulsante, liberta de todas as (auto) limitações. Confiante na entrega, já sem medos, passa de novo como que por um Alçapão ou "buraco negro" – ou seria uma Clarabóia?! Talvez ambos… – e irrompe num outro Universo da Grande Galáxia, do Grande Coração Pulsante, sua Origem: é um Novo Universo de Interioridade. Uma Nova Consciência, a Consciência da Alma vivificada pela Presença do Amor Maior que a ressuscita.
Afinal – descobre – bastou levantar um pouco a tampa, bastou não ter medo de se entregar, de aceitar sentir a vibração harmónica da vibração do Todo em cada "parte" do seu Ser.
Sente-se feliz. Sente-se finalmente um Ser Humano inteiro e livre!
Já não tem medo de pulsar; aliás, já não sente medo nem solidão porque descobriu que, para além do sofrimento das "mortes", dos "buracos negros", estão sempre novos renascimentos em deslumbrantes Mundos que vale a pena conhecer e onde vai sempre ficando mais inteiro, vai ganhando sempre em Consciência de Ser.
Até que fique verdadeiramente Vivo.
Não sente mais falta de oxigénio para respirar, nem a sensação de asfixiar ou a ânsia de faltarem acontecer ainda mais universos, o desejo de alguma outra parte de que precisa para se sentir completo... Todas as partes, sabe agora, são partes de Um mesmo Todo: o Unus Mundus.
Então, finalmente, abre os olhos.
Olha para si, olha à sua volta: durante uma fracção de segundo tudo lhe parece estar exactamente igual. Ilusão sua!
Deslumbrado, faz a última, a maior e a mais importante de todas as descobertas: tudo daí para a frente continuando por fora a parecer igual passa realmente a ser inteiramente diferente!
De repente como que por milagre tudo se harmoniza à sua volta como dentro de si: já não há dentro e fora mas uma única, luminosa e harmónica vibração.
E percebe: sendo a Harmonia uma só, a do Todo, o que é harmonioso para uma parte só pode ser harmonioso para todas. E o que é harmonioso para um de nós, só pode ser harmonioso para Todos Nós. E vice-versa... Pois tudo é Uma Coisa Só: o "Grande Coração” ou o “Amor Pulsante" que é o Todo que contém todos os universos, todas as energias, todas as vidas, pois é a própria Vida!
Julgar o contrário é mais uma ilusão das mentes arrumadas em “caixinhas”, separadas de Tudo e de Todos por muitas “paredes”. Separadas, sobretudo, de si mesmas pelo muro do dentro e do fora. Sempre desesperadas, carentes, à procura fora de si de algo que as complete e minore a sua solidão, a sua angústia.
Tinha levado todo esse tempo para reaprender que afinal o importante é aceitar vibrar, pulsar com a Vida ora expandindo, ora contraindo, ora dentro de si, ora fora de si.
Aprendera que o sentir do próprio ser interior é a única bússola para esta Viagem de Todos Nós, cuja direcção podemos aferir na bússola da “resposta” que recebemos da Vida. Sem medos, aceitando atravessar corajosamente as próprias experiências para aprender o que resulta ou não harmonioso com a própria Matriz de Ser, parte e Todo que É.
Desse modo, a pouco e pouco o Processo que é Vida se vai encarregando de afastar o dissonante e trazer o harmónico, servindo de Guia.
Tinha levado todo esse tempo para aprender. Mas valera a pena.
Aprendera que viver é, antes de mais e para além de tudo, vibração do Ser Interior sintonizado com a harmonia do Processo. Esse é o caminho para o Amor Supremo. Aí, onde já nem vibração existe mais como no centro do turbilhão, encontrou finalmente a Paz e sabe que a pulsação de todos os corações, a Força Suprema de todas as Vidas, tem Um Só Nome...
A Bela Adormecida
As palavras de Mãe Velha ressoam fundo em Todos Nós.
Como explica Guia Interna no final “Breve estória de um ser num Universo” é uma alegoria da expansão multidimensional da consciência humana que irrompe para além da Bolha da Psique.
Sou Alma percebe quanto cresceram. Como a infância ficara para trás e sem darem por isso se tinham desligado da sua Origem." ……………….
Extraído do livro “Aventuras de Ego de Todos Nós no Misterioso Reino da Consciolândia” Carminda H. Proenca. Ed. Ecopy, 2008. Blog: http://reinodaconsciolandia.blogspot.com
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