Com o título em inglês, em folha solta, manuscrito (cópia talvez), encontra-se à venda, num acreditado alfarrabista da capital, o seguinte poema, cuja autoria se desconhece, com votos de que alguém, com suficientes conhecimentos, seja capaz de fornecer uma qualquer pista que leve à sua identificação:
I AM IN THE PAINTS
Tudo são cousas, nada mais que cousas,
eu próprio cousa sou, não sou ninguém:
tudo vai desfazer-se sob as lousas,
nada de mim restando... e muito bem.
Ficam meus versos, ficam meus escritos,
em grande parte inéditos, fechados
numa arca a sete chaves, manuscritos,
que um dia talvez sejam divulgdos.
Já cá não estarei para saber
o que no respeitante aos meus conceitos
os críticos terão... para dizer.
Que importa o que, não existindo Deus
para julgar meus actos e defeitos,
possam de mim pensar... os fariseus?!...
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
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Donde vimos, para onde vamos...
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terça-feira, 16 de junho de 2009
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8 comentários:
Não duvido ser um Camões genuíno! A linguagem, o estilo, a métrica não enganam.
Impressionante, o que ainda se encontra nos alfarrabistas! Isto vale ouro!
Até pelos contributos decisivos para reformular toda a visão que a crítica até hoje tem acerca do Épico e da sua relação com a sua poesia... Esta descoberta vai revolucionar os estudos camonianos!
Estou impressionado.
O enigma é o título em inglês. Presumo que seja uma gracinha do copista, que lhe diz dar um toque shakespeareano...
Foi "removida", mas chegou a ser lida e... registada!
No reverso da folha, há a seguinte variante da primeira quadra:
Tudo são cousas, nada mais que cousas,
eu próprio cousa sou, cousa nenhuma:
tudo vai desfazer-se sob as lousas,
de mim não perdurando cousa alguma.
O fundamento deste estratagema
foi ver se havia críticos capazes
de com razões e provas eficazes
reconhecer o autor deste poema.
João de Castro Nunes
Por elevadíssimo preço, este manuscrito acaba de ser adquirido por um particular que fez questão de manter o anonimato.
A opinião dominante, entre os especialistas, é que se trata de um desconhecido texto de Camões com uns toques de Ferando Pessoa; daí... o título em inglês. O senhor Manuelinho só se enganou no... shakespeareano. Uma mina de ouro!
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