A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Transcender Deus

Apresento a conclusão da comunicação que apresentarei hoje, pelas 18.00, com o título "Transcender Deus: de Eckhart a Silesius", no encerramento do II Colóquio da Sociedade Portuguesa de Filosofia Medieval, no Anf. III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa:

Poder-se-ia dizer que a verdade última da religião, desvelada pela mística, é a morte de Deus, vivida não só como a extinção de todos os conceitos e representações teológicos, mas também como a ausência, a abs-entia, a não entidade, da suposta Presença absoluta. Neste sentido, e para dialogar apenas com uma das emergências do tema da “morte de Deus” no pensamento ocidental, cremos ser esta primordial morte de Deus, inerente à experiência última do que se designa como Deus, que permite compreender o efeito da morte de Deus proclamada pelo “insensato” nietzscheano: “Para onde vamos nós próprios? […] Não estaremos incessantemente a cair? Para diante, para trás, para o lado, para todos os lados? Haverá ainda um acima, um abaixo? Não estaremos errando através de um vazio infinito? Não sentiremos na face o sopro do vazio?”. Não será afinal, esta experiência de vazio, ausência de fundo e referências - consequência da humana abdicação da ideia de um absoluto princípio ordenador do mundo e da vida - , a própria experiência desse abismo, fundo sem fundo, deserto e morada onde ninguém mora que a tradição mística vive como a experiência última do transcender Deus? Não será o que Nietzsche proclama como “morte de Deus” a própria experiência do absoluto trans-divino e trans-teológico, porém por sujeitos que não parecem preparados para a suportar? Daí a confissão: “A grandeza deste acto é demasiado grande para nós”.

Há assim um ateísmo, primordial e inumano, que excede o humano e que, embora imprevistamente se lhe abra no seio da experiência de negação do divino, lhe é dificilmente suportável. Daí que o “insensato” nietzscheano acrescente à declaração anterior: “Não será preciso que nós próprios nos tornemos deuses para, simplesmente, parecermos dignos dela?”. Passa-se assim da morte de Deus para a divinização do homem, o que é já uma demissão do abismo trans-divino, que procura introduzir no “deserto” primordial quem o habite, insulando entificações na sua vastidão hiante. Perante a efectiva transcensão mística de Deus, o projecto ateu da modernidade parece ser bem mais piedoso, trocando o abismo pelo ídolo deificado da própria humanidade. Como também viu Nietzsche, os ateus comuns são afinal bem “piedosas gentes”, que apenas se desprendem da metade divina do rosto do ídolo para mais se prenderem à sua gémea metade humana.

2 comentários:

Casimiro Ceivães disse...

Caro Paulo, texto impressionante, e digo isto com o à-vontade de quem, como sabe, não o escreveria nem subscreveria. Está claríssimo e é notável.

Abraço

Paulo Borges disse...

Agradeço o reconhecimento, sobretudo porque nele se não revê.

Abraço