A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nos cárceres da ditadura militar brasileira

<http://www.adital.com.br/site/enviar.asp?cod=38851&lang=PT>

Frei Betto *

Eis um documento histórico, inédito, que esperou 36 anos para vir a público:trata-se do diário de prisão do frade dominicano Fernando de Brito, prisioneiro da ditadura militar brasileira, ao longo dos quatro anos(1969-1973) em que foi submetido a torturas e removido para diferentescadeias. Fernando, em companhia de outros frades dominicanos, vivenciou algoinusitado em se tratando de presos políticos do Brasil: foi obrigado aconviver, durante quase dois anos, com presos comuns, em penitenciárias de São Paulo.

Assim como o "Diário de Anne Frank" nos revela a natureza cruel do nazismo, Diário de Fernando retrata o verdadeiro caráter do regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Não se conhece similar entre as obraspublicadas sobre o período.
Em papel de seda, em letras microscópicas, e sob risco de punição, Fernando anotava, dia a dia, o que via e vivia. Em seguida, desmontava uma caneta Bico paca, cortava ao meio o canudinho da carga, ajustava ali o diáriominuciosamente enrolado e remontava-a. No dia de visita, trocava a caneta portadora do diário com outra idêntica, levada por um dos frades do convento.

O medo de ser flagrado pelos carcereiros e o risco permanente de revistas, fizeram com que Fernando muitas vezes se visse obrigado a destruir as memórias registradas em papel. No entanto, o que vivenciou jamais se esvaneceu, e ultrapassou os muros das prisões. Frei Betto, seu companheiro de cárcere, resgatou as anotações, deu-lhes tratamento literário e as reuniuneste livro que se constitui num documento de inestimável valor histórico.

Nos episódios relatados, a trajetória dos frades se mescla à de personagensque são, hoje, figura de destaque na história brasileira, como Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Caio Prado Jr., Apolônio de Carvalho, PauloVannuchi, Franklin Martins e Dilma Rousseff, para citar apenas alguns.

Para quem se interessa em conhecer a verdadeira face do regime militar e o Brasil dos "anos de chumbo", Diário de Fernando é um testemunho vivo, comovente, de uma de suas vítimas. Não se trata de investigaçãojornalística, nem resulta da pesquisa de historiador, mas sim de um sincero,emocionante e visceral relato de quem teve a ousadia de registrar, dia adia, as entranhas de um dos períodos mais dramáticos da história do Brasil.

Está tudo ali: as torturas, os desaparecimentos, o sequestro de diplomatas,as guerrilhas urbana e rural, a greve de fome de quase 40 dias, e também aconvivência dos prisioneiros marcada por momentos de inusitada beleza: asfestas de Natal, as noites de cantoria, a solidariedade inquebrantável entre eles.

Diário de Fernando traduz a saga de uma geração que não se dobrou à ditadura e a qual o Brasil deve, hoje, a sua redemocratização. Eis uma obra que enaltece a dignidade humana, a capacidade de resistência frente à opressão e a vivencia da fé cristã como nas antigas catacumbas do Império Romano.

Lançamentos:

Em Belo Horizonte: 17 de junho, quarta, no auditório da CEMIG - Av.Barbacena 1.200. A partir de 19h30.

Em São Paulo: 18 de junho, quinta, no SESC Vila Mariana - Rua Pelotas, 141.A partir de 19h30.

O autor:
Frei Betto é considerado uma das vozes mais ativas na luta pela justiçasocial na América Latina. Escritor consagrado, vencedor de dois prêmiosJabuti, tem mais de 50 livros publicados no Brasil e no exterior, querefletem sua trajetória como militante político e talentoso ficcionista.Este é o quinto livro do autor publicado pela Rocco, que também editouBatismo de sangue, A mosca azul, Calendário do poder e A arte de semearestrelas.

* Escritor e assessor de movimentos sociais

4 comentários:

Paulo Feitais disse...

A Memória é um dos fundamentos da Ética. É preciso não esquecer que o nosso presente tem marcas e tendências que vêem das feridas do passado (não tão distante assim). E a repetição é uma das piores dinâmicas da História: se brincamos com fantasmas, arriscamo-nos a despertar monstros que ainda estão latentes no inconsciente colectivo.
A Memória permite semear um futuro de esperança.
:)

julio disse...

Ainda que seja um só lado da história, mas onde os cadávres se equivalem nos dois lados.

Frei Beto? HUUUUMMMMMMMM

Paulo Feitais disse...

Caro Júlio, a barbárie não tem 'lados', apenas vítimas.

Paulo Feitais disse...

e algozes... é preciso não esquecê-lo, seja qual for o 'lado'.