A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 16 de maio de 2009

Crónica de (bem) mal-dizer: O Panda Kung Fu, uma história lusófona?


É sabido que o kung Fu é uma arte marcial na qual não se recorre a essa mariquice de usar luvas, por isso aqui neste artigo (de carácter humorístico, chamo desde já a atenção) não irei falar de luvas. Não há, portanto, luvas daqui para diante.

Lembro-me neste momento do meu amigo António, um professor que muito respeito pela sua entrega e pela qualidade do seu trabalho nas escolas por onde tem passado, apesar dos muitos obstáculos que teimam em colocar-lhe por causa da sua deficiência visual, sempre pronto a contar piadas sobre cegos, há dias saiu-se-me com esta: “que a justiça portuguesa é cega, já todos sabemos, mas era já tempo dela aprender a ler Braille." Eu sei que não vem ao caso, mas a frase até vale pela ironia auto-referencial (o António anda sempre a braços com questões burocráticas e processuais). Avante:

Os leitores que têm filhos com a idade mental de alguns dos protagonistas do nosso circo mediático, dos três aos doze anos, mais coisa menos coisa, devem ter ido assistir a filmes infantis numa dessas ocasiões em que se devoram toneladas de pipocas e tonéis de refrigerantes feitos a martelo. Numa delas assisti a um filme intitulado “O Panda Kung Fu”. Nele se conta a história dum panda que sonha ser um herói das artes marciais, filho dum grou ou duma cegonha macho, não consegui perceber a que ramo da classificação de Lineu o bicho pertence, mas os desenhos animados, mesmo feitos por computador, não têm que obedecer às minudências da biologia. O pai exaspera-se com os devaneios da sua aberração zoológica (os miúdos não percebiam a marosca, mas alguns graúdos comentavam de forma alarve sobre os cornos da ave a cumprir o papel de pai dum panda), dono dum restaurante, não conseguia que o seu “filho” se interessasse pelo negócio.

A páginas tantas, embalado pelo martelar soporífero das mandíbulas infantis a esborrachar as pipocas, adormeci. Quando acordei o panda, balofo e desajeitado, estava junto com um macaco, uma cobra, um tigre fêmea e mais alguns animais exímios nas artes marciais, num local que evocava o templo de Shaolim. Afinal o panda conseguira tornar-se num praticante de topo, submetendo-se aos ditames iniciáticos dum bicharoco que era o mestre dos restantes.

Depois de mais uns interregnos em que passei pelas brasas, pude ver o panda reconhecido como herói nacional, abraçado ao seu “pai” de bico babado.

Tudo isto me veio à ideia ao ler umas deliciosas páginas do jornal Expresso de hoje: temos um ainda quase jovem português, quase tão intrépido quanto aquele que quase deu cabo do nariz a trepar montanhas por esse mundo fora, a estudar Kung Fu no templo de Shaolim, os Capelos e Ivens que fiquem bem aferrolhados no baú da História, coisa arcaica que ninguém estuda, agora é que temos razões de sobra para ficarmos satisfeitos com as nossas proezas lá fora. “Vá para cá dentro lá fora”, “vá para fora para não ficar cá, dentro”, os estrategos das nossas coisas turísticas já podem começar a congeminar, os que inventaram a mina d’oiro do Allgarve, cheia de mistérios mediáticos e com a criminalidade cada vez mais empolgante, e porque não montar um réplica do templo aonde estagiam os heróis ali para os lados de Palmela, em plena reserva ambiental do Sado? (Se tal coisa existir para os lados de Palmela…). Sempre se podia ligar as latrinas dos monges e dos turistas a uma Etar. Era limpo e pareceria bem.

E já agora podia-se construir nas imediações uma praça de toiros e um bar de Karaoke. E punha-se umas engenhocas eólicas e uns painéis solares em locais estratégicos para dar nas vistas. E fazia-se um Tgvdrónomo, umas bancadas para uns milhares de espectadores poderem ir ver passar os comboios de alta velocidade, isto se se conseguir fazer passar por lá o TGV. Têm que ver se há casas suficientes para destruir, porque uma obra deste vulto tem que ter impacto.

Uma olhadela no Google Earth permite ver que há por ali muitas casas, pelo que a linha do comboio pode muito bem passar por lá. Portugal tem que se abrir à modernidade como os nossos quase ainda jovens se abrem ao sonho na sua quase extinta mocidade. Rima e é verdade.

Ora, se a história do Expresso desta semana se tivesse passado há uns anos atrás, até poderíamos sentir-nos orgulhosos com a possibilidade de ter sido ela a inspirar a saga do panda, filho duma ave (que nem será de arribação) dona dum restaurante chinês em plena China: uma ave com olho para o negócio já que, ao que parece, os restaurantes chineses foram inventados em Nova Iorque. É provável que uma rede de restaurantes chineses faça mais furor na China do que qualquer outra rede de fast food.

Mas o que é mais lindo é que a base disto tudo é uma invenção malévola da comunicação social. E lá mais no fundo da coisa poderá estar uma conspiração comunista, isto em dia de Cristo-Rei, essa estátua de outros tempos aterrada aqui no bucho famélico deste início do século XXI, de braços abertos e tudo, em plena crise, em plena bebedeira de histeria política e manipulação das massas (poucas que há que poupar até na consistência da sopa), que mais se poderia encontrar de maléfico para além duma conspiração comunista? Talvez uma conspiração terrorista. Mas essa já está em curso há quatro anos, e o povo até anda assustado, visto que por mais que embonequem a Manuela Ferreira Leite, ela ainda está só quase feia. Poucos dias depois do lançamento da versão portuguesa da playboy, há que reconhecer que, mesmo já ganhando em betão armado à ex-deputada Odete Santos, ainda lhe falta muito para atingir o grau de aprumo metrossexual para se alçar ao cargo de primeiro-ministro.

Mesmo que todos os agentes da justiça votem nela, talvez não chegue para lhe garantir a eleição. É então de rezar para que se cumpra ,fora dos círculos causídicos, o vaticínio do Saramago no seu livro sobre a cegueira. Mesmo assim a voz da senhora ainda parecerá a dum recém-sepultado a vociferar pelo atraso do Caronte de serviço. Há que convir que estamos mal.

4 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

Tinhas tu toda a razao ao me dizeres ha tempos que o Portugal de hoje esta pior que a Cacania d'O Homem Sem Qualidades de Musil.

O pior de tudo e que qualquer iniciativa para melhor as coisas descamba numa serie de reunioes e debates interminaveis no qual o cacarejar dos egos em disputa por protagonismo abafa toda e qualquer ideia com substancia.

Porque? Sera uma questao cultural? Da natureza humana? O Peso atavico de uma forma de socializacao deturpada que veio se reproduzindo de forma insconsciente e deturpando ainda mais ao longo dos seculos?

Seremos nos apenas um veiculo de uma doenca terminal que afecta Portugal(ate rima, porque sera?)? Os corpos hospedeiros de um virus mortifero?

Paulo Feitais disse...

É, Ana... Eu acho que os corpos hospedeiros é que estão a contaminar os vírus, por aqui marcha tudo ao contrário.
Mas a demência de certas elites pode levá-las a um estado terminal, não se pode abusar tanto da paciência e da inteligência do Zé, Povinho.

:)

Ana Margarida Esteves disse...

O pior e que grande parte do Ze Povinho esta esmagado sob o peso atavico do fado e acha que "e a vida", "nao ha nada que se possa fazer" e julga assim ganhar uns pontinhos no seu cracha de sofrimento que lhe permita passar menos tempo no purgatorio;-) ...

E ai de quem ousar ser feliz e se abrir ao sonho em vez de se limitar a sonhar, seja qual for a idade! Tem de aturar muita, muita inveja e mesquinhez, muita, muita traicao, calunia e facadas nas costas.

Jose Gil tem razao: A perversidade das nossas "elites" mediocres e castradoras, medrosas de tudo o que seja talento digno desse nome, corresponde um masoquismo em publico, que por sua vez se alimenta de um sadismo no exercicio do "micropoder" ...

As historias dantescas que me tens contado que se passam nos liceus sao a prova disso.

Ah, como o exercicio brutal do micropoder e doce a quem se sente esmagado pelo sistema e sente com isso ganhar diretos de martir ...

Ana Margarida Esteves disse...

Elites essas que se teem vindo a reproduzir pela ideia que nada pode ser feito sem "cunhas".

Essa ideia, resultante de um preconceito classista que envenena e fractura as relacoes sociais em Portugal, faz com que o povo recue resignado de qualquer tentativa de "sair da casca", mantendo-se assim "no seu lugar" e deixando o espaco livre para que, realmente, as coisas sejam feitas por quem e beneficiari@ de "cunhas" ...

E ai de quem ousar fazer qualquer coisa nao as tendo! Precisa de um lombo bem forte para nao se fracturar com o quanto apanha ...

E um espirito bem forte para aguentar a calunia e a maledicencia. Sobretudo da parte de quem acha que tem o direito natural ao poder na ordem perversa que governa esta cadaver adiado chamado "Portugal".