As trevas são negação da luz, e as negações não têm nem podem ter bondade, porque não têm ser. A mesma escritura o significou claramente na criação de uma e outras. Quando fala da luz, diz que Deus viu a luz, que era boa: Facta est lux: et vidit Deus lucem, quod esset bona; (Gen I - 3 e 4) (1) pelo contrário, quando fala das trevas, que já eram antes da luz: Et tenebra erant super faciem abyssi, (Ibid -2) (2) não diz que visse Deus as trevas, ou dissesse que eram boas. E porque? Porque a luz como tem ser, e tão excelente ser, tem bondade e é boa; porém as trevas como são negação, e não têm ser, não podem ter bondade, nem são boas. (1) A luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa (2) As trevas cobriam o abismo
Padre António Vieira, Sermão de Santo Agostinho, pregado na sua igreja e convento de S. Vicente de Fora em Lisboa no ano de 1648.
3 comentários:
Outro autor maldito...
Aconselho a leitura da grande teologia cristã, por exemplo pseudo-Dionísio, São Gregório de Nissa, João Escoto Eriúgena, para uma outra leitura das Trevas...
Estes é que são autores malditos, pois ninguém os lê nem entende. Vieira tem muito quem o leia.
Embora tudo isto ainda sejam visões...
Tem razão, à teologia cristã pouca gente a entende... e sem ela, séculos de pensmento lusíada ficam absolutamente impenetráveis.
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