Enquanto egos se defrontavam numa batalha fragorosa, seus espíritos sequer os observavam.
Em seu alheamento mantinham estratégico distanciamento.
Em sua dimensão, alheios, pairavam os eus...
De repente cessam a luta os egos exacerbados e ao repararem uns nos outros vêem que são gêmeos.
Mas logo retomam a luta, pois gêmeos ou não são antes egos e não podem interromper a luta nem se fundir uns com outros egos.
Unir-se em fraterno congraçamento até que sim, podem unir-se e devem mesmo em tempo oportuno homem e mulher amarem-se e gerar seus filhos.
Por desejo carnal e instintivamente em coitos animais gerar filhos não é aconselhável.
Mas parece haver neste consorcio de egos um caminho que, além de inevitável e único, é deveras interessante...
- Mas, afinal, em que um ego é diferente do homem? Que raio é isso?
Causando um pequeno hiato à luta, perguntava o ego macho ao ego fêmea, que por ali passando assistia à luta dos egos, promovida numa contenda entre o político e o eleitor, travada no interior do velho convento de cidade histórica de Porto Nacional.
E o ego, fêmea, ao notar o silêncio causado pela pergunta feita pelo macho aos egos, em luta, meio espantada e mais do modo sentido do que sabido, respondia: - ego é um ser capacitado a amar, a manter a vida, promover conforto e o calor amigo do sangue à sua família, entre outras obrigações de mães e pais da prole.
Isso é ser um raio de um ego? Indaga irônico o ego macho, e prosseguindo acrescentava: então deve também ser capacitado a comandar o rumo, pois a vida além de mantida deve ser provida do caminhar, de preferência num ritmo constante, sim, deve sim manter o elo familiar e amigo, também... Pai ou mãe igualmente sim, mas preferencialmente sem vínculos mais profundos e responsabilidades eternas...
E o queres dizer sem vínculos profundos nem responsabilidades? Perguntava o ego fêmea, sem, todavia obter resposta por romper-se o hiato entre a luta e desta feita o político se revela ego macho, e o eleitor ego fêmea.
E o enredo seguido em pleno fragor da batalha não pode em palavras ser traduzido, nem carece entrar nesse mérito. Mas ressalve-se que dois egos opostos em luta representam a luta da humanidade em duas frentes globais, todavia de nuances incontáveis diferentes, e destas refregas uns saem mais lustrados, e outros têm até seus corpos ceifados...
Mas que “porra” de egos são esses? Perguntava provocando outro hiato um bêbado, que também assistia a luta...
Quando de repente cala o ego macho, e igualmente se calando o ego fêmea e os três em silêncio se olhando, o bêbado meneando a cabeça freneticamente mostra a língua para o ego macho em sinal de deboche, e se afasta de pressa soltando uma gargalhada de medo.
Gargalhada satânica, aterrorizante frente ao ego macho, que era um gigante, forte, jovem vigoroso e de olhar naquele instante furioso.
E furioso no embalo da cólera prossegue a luta o ego macho, político, agora quase esmagando de raiva o ego fêmea “eleitor”.
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segunda-feira, 18 de maio de 2009
Conversa fiada, mas bem que poderia ser adquirida à vista ou a dinheiro em qualquer esquina...
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