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A ARTE PRÉ-HISTÓRICA[1]
- o estudo da pré-história leva-nos à conclusão de que o homem não surgiu na terra logo senhor de todas as técnicas e mais ou menos como o conhecemos hoje; foi uma evolução lenta e custosa, tanto no tipo físico como nas indústrias, que século a século foi desprendendo o homem da animalidade primitiva; foi o trabalho constante, persistente, cada vez mais inteligente do próprio homem que lhe deu, a cada ano que passava, um domínio mais seguro sobre os animais e as coisas; o esforço das multidões somou-se à iniciativa dos homens de génio desconhecidos para que ao fim de centenas ou de milhares de anos a humanidade se encontrasse num plano de relativa civilização; o pouco que somos, a nós próprios o devemos; e nada melhor do que o estudo desse longo e lento tactear que se chama a pré-história nos pode dar confiança no futuro da nossa raça. Não são só as técnicas que se desenvolvem, é a própria capacidade craniana que aumenta de um modo sensível. Os que afirmam que a humanidade não poderá nunca aumentar em inteligência e trazem como argumento a comparação entre os homens de hoje e os homens do Egipto ou de Atenas ou da primeira China cometem um erro grosseiro; porque os 3.000 ou 5.000 anos que nos separam dessas civilizações nada significam à vista das centenas de séculos das indústrias pré-históricas; a duração da história é ínfima em relação à da pré-história.(pp. 3-4)
- nos homens reside a tendência para o jogo, para a actividade desinteressada, mas ela se não liberta e se não afirma, como é natural, senão quando o homem consegue organizar as suas técnicas de modo a dar satisfação às necessidades imediatas (p. 18)
[1] A Arte Pré-Histórica, Lisboa, Edição do Autor, 1940 (contém várias ilustrações).
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
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1 comentário:
Doze anos depois, em "Comédia Latina", Agostinho começará a ver que esta evolução é o mal... O que não quer dizer lançar os seus frutos pela janela, mas sim libertar-nos dos seus efeitos internos: o especismo e o egoísmo.
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