A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cantos do Despertar - "Não há nada a negar, nada a afirmar ou a apreender"

16. As verdades feitas de palavras são ilusórias.
O espírito que se tornou o não-espírito é a única realidade.
Isto é a realização; isto é o bem supremo.
Amigos, deste bem supremo surge o despertar.

17. O espírito absorvido pelo indizível é puro e perfeito.
Ele é inafectado pelo bem e pelo mal deste mundo,
como o lótus permanece intacto, impoluto pela lama onde lança raiz.

18. É certo que todas as coisas devem ser vistas como um encantamento, uma magia.
Se não fazeis nenhuma distinção entre samsara e nirvana,
se não desejais ou rejeitais nem um nem o outro,
o vosso espírito permanecerá firme, inabalável,
livre do véu da obscuridade.
Além do pensamento, conhecereis a vossa essência incriada.

19. Este mundo ilusório jamais existiu desde o início.
Desprovido de finalidades, ele é sem desígnio.
É assim que aparece àqueles que velam numa contínua meditação.
Indizível, indestrutível e sem ego.

20. A consciência, o mental e todo o conteúdo do espírito são “Isso”.
Do mesmo modo, o universo e tudo o que parece ser dele distinto são “Isso”.
Todas as coisas que podem ser percepcionadas e aquele que percepciona,
mesmo a obscuridade, o ódio, o desejo e a inteligência são “Isso”.

21. Como uma lamparina que brilha na noite da ignorância espiritual,
“Isso” elimina as obscuridades do espírito.
Com um mental disperso,
quem pode imaginar a pura consciência do sem desejo ?

22. Não há nada a negar, nada a afirmar ou a apreender,
pois “Isso” não pode ser compreendido.
Por causa do poder de divisão do mental, sobrevém a ilusão.
A realidade última permanece indivisa e pura.

23. Se permaneceis na oposição do uno e do múltiplo,
a unicidade não se revelará, pois ela é dada aos seres livres da dualidade.
A jóia está latente no coração do espírito.
Ela é revelada pela meditação.
A consciência indestrutível é a vossa verdadeira essência.

24. Uma vez instalado no reino da beatitude,
o espírito torna-se livre.
Desta forma todas as coisas lhe são proveitosas;
mesmo quando parece correr atrás dos objectos dos sentidos, não é alienado por eles.

25. Em primeiro lugar, vêm os rebentos da alegria e da felicidade,
depois as folhas de uma glória inefável.
Se nada dispersa a perfeita interioridade,
a indizível beatitude surgirá.

26. Finalmente, o caminho espiritual percorrido não é nada:
que o ser esteja repleto de paixão ou não, a realidade é vacuidade.

27. Mesmo se aparentemente sou como um porco cobiçando o lamaçal do mundo, que faltas permanecem num espírito desprovido de máculas ?
Aquele que não é afectado pelo mundo, como poderia ele ser obstruído ?

- Saraha, Canto Real, in L’Essence Lumineuse de l’Esprit, tradução francesa e apresentação por Erik Sablé, Paris, Éditions Dervy, 2005, pp.39-54.

8 comentários:

Unknown disse...

Olá Paulo,

«As verdades feitas de palavras são ilusórias»

As palavras podem, no entanto, ser o caminho para a verdade. Não a verdade em si, mas, a verdade fora de si: pois assim são as palavras... (nada em si, e, potencialmente, tudo fora de si.)

«Desprovido de finalidades, ele é sem desígnio»

Ou pode no mundo haver um fim sem fim, pode ele ser o próprio desígnio que o faz ser sem desígnio.

Que Fim há no A.mar?

(Que não um Eterno Princípio...)

Saúde!

Unknown disse...

(nada em si, e, potencialmente, tudo fora de si.)

Como se a verdade estivesse sempre passível de ser sabida, mas através de um saber que nunca a extingue por completo... não a deixando, assim, morrer. 'Matando-a' a cada descoberta, mas sempre ela se revelando nova... sempre a mesma e sempre outra... renascida de si incessantemente...

Agora então, através de um saber que, após tanta Ausência de nós mesmos (mesmo acompanhados)... nos fizesse de novo ir à procura de nós fora de nós... de um nós que é afinal sempre Outro... tal como a Palavra - que Somos.

Unknown disse...

[A Palavra, a Essência do Nosso Amor.]

julio disse...

O Ego e o Eu são dois pássaras pousados no mesmo galho:
enquanto o Ego se envolve na lida e nas teias da ilusão, o Eu a tudo assite em seu distanciamento.
(Rig-Veda)

Mas terá o Eu a consciência do verso, sem a experiência do Ego?

Unknown disse...

Eu, Ego.
E porque não voltar à Visão Primordial: Una.
À que Vê, vendo-Se?
A que É o que Vê: o seu próprio Olhar...

julio disse...

Porque aí não precisaria peregrinar, e se fazer verso do Uno na multiplicidade, para conhecer; e não teria a experiênncia de eu, você...
E talvez porque estejamos a infinitas distâncias dessa Unidade, a visão Una seja mera ilusão de ótica...
Tudo no fim é Sat,mas o não Sat, que somos nós e o universo, somos enquanto presentes e conscientes dos sentidos...
E nisto reside a grandeza de pescar "peixes dourados com anzóis de ferro".

Um ser tão pequeno, filho da Terra, mas com escadas para subir ao Céu percorrendo a Roda do Samsara(renascimentos e mortes) e dela se libertando ascender ao Nirvana (Unidade) para de lá voltar como Buda de Compaixão e nos mostrar o caminho de volta.

E não será na fantasia que "se aprende senão lutando pelegendo" como dizia mais ou menos com palavras semelhantes, Camões.

Não há um caminho direto para a Unidade, senão pela multiplicidade dos egos, que se fazem unos no Eu Absoluto, após percorrerem os sete degraus da evolução, e o nosso, sem meis palavras é o quarto, muito bem representado no Símbolo da Terra, a nossa cruz.

Portanto ego é o ser em evolução que assim se fez ao longo do tempo e impropriamente se diz eu... Por ainda não expressar o sentido da palavra eu: bem bom e belo... Quando então será e dirá Eu Sou! ou Eu e Meu Pai Somos Um, tal como Cristo proferiu, ao iluminar-se.

Assim meio na bruta, não há pão sem a mão na massa.

Mas o poeta pode fingir e sonhar e será belo o seu fingir e o seu sonhar.
Mas Deus quer seus filhos conscientes, e para isso os criou com o fim de conlher a experiência na multiplicidade da forma, que lhe serve de espelho, razão pela qual é a grande Ilusão, pois só ele é Sat e existe na condição de PARABRAN.
E Este, quando se faz SUBSTÂNCIA para agir, é para cada um de seus germes já agora egos, na diversidade compreenda o sentido da unicidade de onde provém a essência, a que chama ora Eu ou Espírito Universal, mas em verdade ELE, o Tudo Nada.
Foi mais ou menos assim que "eu" ouvi.
Fraterno abraço Mil

Unknown disse...

«talvez porque estejamos a infinitas distâncias dessa Unidade»

Estaremos sempre a infinitas distâncias dessa Unidade porque é essa a medida dessa Unidade.
Mas é possível também que baste ao homem reconhecer a distância para que seja a própria Unidade: pois ao ser infinita Ela em Tudo vive.

Sinto que se menospreza: à sabedoria inata que o vive...
que o fez nascer e que o é.

Sempre: Um Abraço ao Julio que se sabe, e ao que não se sabe sabendo-se.

Paulo Borges disse...

"Não há nada a negar, nada a afirmar ou a apreender"