A PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO[1]
Ao contrário de muito que se tem dito a respeito da viagem de Magalhães e, dum modo geral, das navegações dos portugueses, o capitão não parte à aventura; sabe tudo quanto é possível saber-se pela ciência do seu tempo (…).
Mais de 200 homens tinham morrido na viagem, mas ninguém se lembrou dos sofrimentos e desastres ante o que se tinha conseguido obter; a pimenta que se vendeu pagou todas as despesas da expedição e pôde ainda marcar-se um lucro de 500 ducados de ouro; era uma promessa de magníficos negócios, que o próprio rei coroaria, vendendo mais tarde as Malucas aos portugueses por 350 mil ducados. Poucos atentaram nos resultados científicos da expedição de Magalhães; e, no entanto, ficava plenamente assegurado que a Terra era redonda, que a América era um continente isolado, que o imenso Pacífico a separava da Ásia, não mais se podendo afirmar que a massa de continentes era superior à massa dos oceanos; nenhuma outra viagem teria como esta tão grande importância para o progresso da ciência geográfica.
[1] A Primeira Volta ao Mundo, Famalicão, Edição do Autor, 1939 (contém várias ilustrações).
ESTA E OUTRAS OBRAS EM: www.agostinhodasilva.pt
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