Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.
UM POVO QUE HÁ BEM MAIS DE 500 ANOS CRIOU ESTÓRIAS COMO ESSA, NÃO ERA, NÃO FOI E NÃO É SELVAGEM.
Sim, há os que vivem em total isolamento - no que estão muito certos.
Sim, há os que ainda degustam um filé à hommo sapiens _ questão cultural. A antropofagia em sentido figurado, também é questão cultural _ do pretensiosamente melhor dotado.
Choques à parte, hoje, com a questão ecológica, a cultura e medicina indígenas tornaram-se objeto de curiosidade, pesquisa e até de hábitos. Há rituais indígenas acontecendo nas metrópoles. Ervas, palavras, sons que curam o ser como um todo, ligado à Terra e seus elementos.
Mas os dotados pretensiosamente insistem. Assim: índios, caboclos, as populações ribeirinhas da Amazônia ou Mato Grosso por ex., vivem dentro dos critérios de sua própria tradição. Não passam fome, sede ou carência de estranhezas. Mas, lá estão, 70% das ONGS _ ecológicas, religiosas e etc...
Multinacionais pesquisam, catalogam e cobrem nossos bens com patentes. Cometem experiências com medicamentos e substâncias contra pessoas desabrigadas e desobrigadas de malícia. Isto, enquanto, nas metrópoles e cidades médias, o índice de risco social é crescente. Mas nestes casos, os "humanitários" nada colhem.
O amor, é pela natureza _ da ganância. Roubam-nos com permissões escusas.
Eu colocaria aqui o nome científico de umas 300 ervas, para fazer remédio e dinheiro.
Ervas para tudo, incluindo depressão - não a econômica - a psicológica, já que tal mal causa outras patologias, até gravíssimas.
Mas, não cabe aqui essa postura.
Não serei eu a cometer esse deslize de lesa-pátria em luso espaço _ já que o Brasil, mesmo não sendo o primordial senhor do idioma, é o espaço onde a língua mais diversamente desliza em quantidade, rítmo e novidade. É no Brasil, que o portugues é falado por todas as raças do planeta. Isso transcende.
Protejam-nos, Tupã, Jacy, Guaracy, Jussaras, Yaras, Uirapurus, Tupinambás, Tamoios, Guaranis!
Porque não temos pretensão.
Apenas somos gente.
19 de abril - DIA DO ÍNDIO
21 de abril - DIA DE TIRADENTES e da fundação de Brasília ( uma trilha )...
22 de abril - DIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Apenas gente e nossa antropofagia é humildemente silenciosa.
POSTAGEM DEDICADA AO SAUDOSO ANTROPÓLOGO DARCY RIBEIRO, O MELHOR BRASILEIRO DO SÉCULO XX.
E como é festa, tem música.
Um Índio
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhanteDe uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
(Refrão)
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
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