A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"VIDAS DE HOMENS CÉLEBRES" (X)

X - MIGUEL ÂNGELO

Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni (1475-1564) foi um dos mais célebres artistas do renascimento italiano. Na sua Biografia, Agostinho da Silva enfatiza o seu génio, comparável ao próprio génio divino: “Miguel Ângelo estava realizando um trabalho que não tinha igual no mundo: era como se o pró­prio Deus estivesse de novo criando o Universo, como se do nada ou do caos primitivo estivesse surgindo pela primeira vez a beleza das for­mas, a violência ou a delicadeza dos corpos, como se o espírito que pai­rava sobre as águas se estivesse traduzindo, multiforme nas imensas pin­turas, com todos os dramas, todas as cóleras, todos os relâmpagos de génio, todos os desesperos, toda a serenidade dos geómetras, todo o hor­ror dos condenados, todos os tumultos da vida e todos os apaziguamen­tos da morte.”.
Miguel Ângelo tinha, alegadamente, consciência disso – de tal modo que, ainda segundo Agostinho da Silva, “os seus iguais eram Adão e Eva, Noé, com sua grandeza e seus pecados, sobretu­do os profetas, que solenemente meditavam ou escreviam os ditados do espírito; a companhia dos homens vulgares tornava-se-lhe insuportável e ansiava pelo dia em que, soltando-se das prisões da terra, a alma pudesse remontar aos domínios serenos de um puro pensamento”. Para si, esse seria o único caminho que verdadeiramente valeria a pena cumprir – tanto mais porque, de outro modo, “seremos animais, se pararmos no esforço de ser deuses; mais vale o sofrimento, a angústia mil vezes renovada, do que o automatismo, a inconsciência, a bruta natureza das pedras e dos bichos”.
Daí ainda essa sua concepção da existência enquanto hercúlea luta: “para Miguel Ângelo é um falso heroísmo o dos optimistas que, porque são pouco profundos, ignoram a dor: heróico é bater-se como o seu Dia, sabendo-se vencido, lutar como o Hércules antigo que foi para os trabalhos obrigado e ter­minou consumindo-se nas chamas que ateara; pelo que tem de divino o homem é criador: cumpre a sua natureza de homem quando cria, mesmo sob as maiores dores, mesmo empregando no acto sagrado as suas últimas forças”. Mesmo que não o quiséssemos, esse é para, Miguel Ângelo, um imperativo a que nenhum de nós se pode furtar: “Nada importa lutar se tem de se lutar; mesmo que se não quisesse fazê-lo, impulsos interiores que existem em todos os homens impeli-los­-iam para a acção; no pessimismo de Miguel Ângelo não entram nenhumas possibilidades de penetrarmos, pelo menos ainda vivos, na insensibilidade, no repouso absoluto”[1].
Eis, em suma, o retrato que nos faz Agostinho da Silva de Miguel Ângelo – uma personalidade forte e fortemente individualista: “O forte individualismo de Miguel Ângelo, baseado numa inteligên­cia superior, numa grande penetração psicológica e no seu gosto da soli­dão, levavam-no a não pertencer a nenhum partido; não havia nenhum credo, nem o da Igreja, que aceitasse completo”; um artista total, que, por isso mesmo, abarca “toda a imensa variedade da obra de beleza” – como escreveu ainda Agostinho da Silva a respeito de Miguel Ângelo: “o segredo não estava numa escolha, mas num total abarcar, numa compreensão de um Deus que inclui bem e mal como aspectos de uma só realidade, num ascender até ele pela aceitação criadora de tudo o que surgiu no mundo, pela inclusão numa alma de artista de toda a imensa variedade da obra de beleza”.

[1] Sendo, naturalmente, a melhor acção “a que se exerce para tentar dar corpo a esse ideal de uma humanidade que sofra menos”.

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