A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"VIDAS DE HOMENS CÉLEBRES" (VI)

VI – ZOLA

Émile Zola, que nasceu (1840) e faleceu (1902) em Paris, ficou para a História como um escritor com talento – sendo em geral considerado o criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista – e, sobretudo, com causas, das quais se destaca, pela sua repercussão na época, a denúncia pública que fez do processo fraudulento (de motivação anti-semita) que envolveu o capitão Alfred Dreyfus.
Abarcando naturalmente esse episódio, na sua Biografia Agostinho da Silva começa, também de modo natural, pela juventude, tanto mais porque ela foi uma juventude difícil, como se depreende desta passagem: “Só entrou no liceu aos 13 anos e teve de lutar contra a desconfian­ça dos professores, que, vendo-o tão grande na aula e não havendo doen­ça que justificasse o atraso, logo o atribuíam a preguiça; os companhei­ros davam-se ares superiores e alguns das classes mais adiantadas perseguiam-no nos recreios”.
Essa juventude difícil, ao invés de o quebrar irremediavelmente, fê-lo fortalecer, assim levando-o depois a aceitar melhor as agruras do seu começo de carreira literária: “precisa­va de se esforçar ainda mais, de trabalhar ardentemente, de construir peça a peça o artista futuro, aquele cujo nome ficaria para os séculos; o que escrevia presentemente nada mais era do que um ensaio, do que uma preparação para a obra verdadeira”.
Para mais, Zola não tinha apenas em mente uma carreira literária. Ele pretendia ter uma efectiva intervenção social e política. Apesar das inevitáveis desilusões no plano político[1], nunca perdeu de vista esse horizonte, tal a sua profunda sensibilidade social, que Agostinho eloquentemente assinala: “As soluções optimistas quanto à vida presente aparecem a Zola como manifestação de inconsciência ou de egoísmo; só uma insensibilidade completa perante os males dos outros, perante as terríveis lacunas que o arrumo social ainda não logrou preencher, pode levar a ter como exce­lente o mundo em que vivemos”.
Muitos dos seus romances, de resto, davam conta dessa situação: “a Humanidade estava votada ao extermínio se a vida continuasse basea­da na exploração, na mentira e na indiferença pelas dores alheias; a bai­xeza de que quase todos davam provas, a existência horrorosa dos homens de L'Assommoir e de Germinal, a inconsciência das classes dirigentes, o desprezo a que se votava todo o idealista, a grosseria dos pra­zeres, a vida brutal em que todos se atropelavam como vorazes animais, a ligeireza com que se atirava uma nação para a guerra, em defesa dos prestígios absurdos e dos interesses de raros”.
Mas, de facto, o seu texto mais célebre acabou por ser o J'accuse, a respeito do caso Dreyfus[2].

[1] “…desiludiu-se como tantos outros; os bons, os puros, os que se tinham batido por amor do povo e por um ideal de justiça, tinham sido logo submergidos pelos retóricos, pelos caçadores de empregos, por todos os hábeis na política miserável dos partidos; não havia um pensamento social que se quisesse pôr em prá­tica, não se cuidava de reparar os erros do império e de melhorar ime­diatamente, a golpes fundos e enérgicos, a situação das classes mais bai­xas; passava-se o tempo em discursos e questões, em batalhas de grupos sobre pretextos fúteis; nenhuma grandeza, nenhuma generosidade, nenhuma beleza; pegava-se às solas a mesma lama do império e era necessário lançar os olhos muito longe para que ainda pudesse conser­var-se algum alento e algum interesse pela vida pública.”
[2]J'accuse publicou-se em L'Aurore; Clemenceau ainda fez notar a Zola que à carta se devia seguir uma reacção imediata e violenta e que, a persistir na publicação, se devia preparar para todos os perigos; Zola não recuou: o que escrevera estava escrito e não se arrependia; para a causa que defendia só importava que se não abafasse o caso Dreyfus; o resto não tinha importância alguma.”

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