A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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domingo, 22 de fevereiro de 2009

"VIDAS DE HOMENS CÉLEBRES" (I)

I. MOISÉS

Como é sabido, Moisés foi aquele que, durante 40 anos (entre 1250 a.C. e 1210 a.C), conduziu o povo de Israel na peregrinação pelo deserto, assim o libertando do jugo egípcio.
Na sua Biografia, Agostinho da Silva começa por simpatizar mais com os judeus do que com os egípcios – o que é natural, sendo este o povo opressor e aquele o povo oprimido –, assegurando, inclusive, que “os judeus eram, de facto, mais inteligentes e activos do que os egípcios”.
Apesar dessa consideração inicial, as considerações posteriores tendem a esbater essa “superioridade”[1]. Em última instância, a tese que emerge é a de que todos os povos são igualmente fracos - a menos que sejam guiados por um “alto pensamento”.
Moisés foi, no caso, esse “alto pensamento”, esse “herói libertador” – ainda que tenha sido um herói relutante. Nas palavras de Agostinho, sentia-se “fraco demais para tarefa tão pesada”. Simplesmente, a sua tarefa era um dever de consciência[2]. E por isso renunciou à sua vida particular – inclusive, ao seu casamento com Séfora –, para se sacrificar ao serviço do seu povo.
Sendo Moisés o herói desta saga – com muitas peripécias, descritas minuciosamente na Biografia –, Séfora, sua esposa, aparece-nos como a mais importante personagem secundária – a princípio, no seio das suas irmãs[3]; depois, enquanto paradigma de todas as mulheres – que, alegadamente, deveriam ser “como Séfora, diligentes no trabalho, corajosas e doces, iguais no proceder, animosas e esperançadas nos maus dias, calmas nas festas, moderadas no riso, duras na fadiga e nas delícias.”.
Curiosamente, o “ideal feminino” é a questão central do texto que se segue: “CINCO FALAS DE GENTE PASTORIL. Neste, o pastor suspira por uma “companheira que mais guia me será do que eu a ela”. A escolha com que se confronta é entre Lia e Raquel, dois símbolos de Mulher: “[Lia] era bela também, mas era beleza deste mundo, ao passo que a outra [Raquel] era, nos dias de alegria, uma promessa do céu, quando a melancolia vinha fundo uma saudade do céu”.
Segundo a fala do Velho, o sábio por excelência, não há, contudo, que escolher entre Raquel e Lia, entre o “sonho” e a “realidade”: “não recuses Lia por amor de Raquel, não afastes de ti Raquel pela posse de Lia. Ama as duas com amor heróico, não separes o real e o sonho”. Mais do que dois símbolos de Mulher, Lia e Raquel simbolizam, pois, os dois planos maiores – e complementares – da existência: o real e o sonho, ou o ideal, o ser e o dever-ser.

[1] A título de exemplo: “Miseráveis, sem dúvida, os egípcios; mas que dizer do seu povo? Não era ele quem lhes facilitava a tarefa, com a sua covardia, a sua moleza, o pronto obedecer a todas as ordens, sem um grito de protesto, sem um gesto ousado que os livrasse? Não era ele quem lhes fornecia o campo fácil com as disputas, o precário entendimento, o orgulho que impedia as concessões, a real fraqueza que se mascarava na brutalidade das pala­vras? Um hebreu tivera coragem de punir um egípcio; e era um homem da sua raça que o denunciara e o obrigava a fugir, frustrando, talvez para sempre, as esperanças de muitos.”; “O hebreu era mau, fácil às solicitações da vida criminosa, sem um alto pensamento que o guiasse e o amparasse, quando os espíritos per­versos o tentavam; de todas as vezes que parecia erguer-se, recaía no mal.”
[2] Ainda nas palavras de Agostinho da Silva: “Como podia ser inteiramente feliz, enquanto os [hebreus] soubesse submeti­dos ao bárbaro domínio dos egípcios? Que era ele, afinal, senão um dos covardes que tanto censurara e lamentara? Dos dois lados se tinha abandonado a luta: mas uns continuavam sofrendo e ele trocara a compa­nhia dos irmãos pela farta casa de Jetro. Não ouvia uma voz dentro de si, a gritar-lhe que não era ali o seu lugar, que o homem forte, se nalgum lado se tortura e se oprime, aí deve aparecer para animar os escra­vos e se levantar contra os senhores? Bem se sentia um dos melhores entre os hebreus; e ao povo desprotegido e fraco negava o seu auxílio; renunciava a fazer surgir o homem que os libertasse da servidão. Se os mais aptos fugiam, que esperança poderia subsistir?”.
[3] Conforme a seguinte passagem: “de todas as irmãs, era ela a mais prudente no conselho e a mais firme na decisão, a que nenhum revés desanimava, a que enchia toda a casa de uma alegria vitoriosa e calma.".

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