Mas a Sérvia respira, vibra, não por sim mesma – como ela é, com hábeis construtores, astutos homens de negócios e o típico caos eslavo, -- mas pelo grande sonho do império pan-balcânico de Dushan o Forte, por uma vontade firme de uma Sérvia maior, pelo étnos eslavo, ardente, transcendental, apaixonado e orgulhoso. “Darei a vida por ti, minha Pátria. Sei que dou e por que dou,” – foi escrito nas paredes das casernas dos servos bosníacos, erigidas no grande Amor do poeta mobilizado Radovan Karadjitch.
Portugal – apenas pequeno país europeu – não é rico nem influente. Não tem hoje absolutamente nada de que se orgulhar. Mas vive no pequeno povo ribeirinho o sonho secreto do “império do rei Sebastião” a esperança no “quinto Império”, a aparição impossível, à qual se esforçou por aproximar-se o notável escritor francês, místico, político e lobbiista geopolítico Domenic de Rue. Na língua portuguesa existe a palavra intraduzível “saudade”. Ela significa “nostalgia”, “melancolia”, “sofrimento”, mas ao mesmo tempo – “sentimento patriótico”. Grande melancolia e grande patriotismo expressos numa só palavra “saudade”. Sacerdote desta inconcebível e extravagante religião foi Fernando Pessoa, o melhor poeta português contemporâneo.
Que dizer, porém, da Rússia, matriz mundial do mais extremo e tenso erotismo “dostoevskiano” e do mais alto, ultimo e absoluto sonho imperial? Não se mistura a nossa tristeza com o nosso sonho, e o nosso povo com o nosso Deus? Não será que a nossa predestinação nacional é o que dá vida, torna racionais todos os nossos sofrimentos, o nosso terrível, torturante, cegamente imprevisível caminho através da história?
Vivemos apenas a terceira figura imperial, o fluxo de sangue do Último Amor, da Última Rússia, anormal, impossível, maior que tudo que é sensato e insensato. Por ela pagam não só com a vida – com a alma.
“Se diz exército santo, deita-me fora, Rússia, vive no paraíso.— Eu digo, não é preciso o paraíso, dai a minha Pátria ” (S. Esenin). É preciso Compreender isto à letra, como ponto da nossa plataforma política geral nacional.
O amor e a nação têm um começo, mas não têm fim. Desenvolvendo-se na existência, subindo o grau interior, deslocam-se elas para objectivos posteriores, mais longínquos, (atingi-los é impossível), lançando-se na cratera dramática da guerra com a própria morte.
Aleksandr Dugin, politólogo russo e ex-conselheiro de Vladimir Putin, em A Coisa Russa.
3 comentários:
"Não tem hoje absolutamente nada de que se orgulhar".
Tem sim, tem um povo, tem um cantar,
tem um sonho que não passa pela sua cabeça compreender.
Mas se quer a sua pátria, e deve querer mesmo, não nivele tão baixo um país que tem uma história jamais igualada por ninguém.
Como se atreve e reduzir uma nação a um mito, um poeta e uma saudade?
Assim, em econmicas palavras?
Completamente de acordo com o Julio.
As considerações deste politólogo Russo devem cingir-se ao seu sentido de Pátria Russa e é apenas uma visão eslava do conceito de império pan-balcânico.
O império lusófono é o império da sapiência, não o império do sangue ou de raças, e o pan-lusofonismo passa por Portugal, mas continua nos países da CPLP.
A Portugal coube o começo, depois já se tornou Global com o Brasil, a grande experiência, continuará com as outras Pátrias lusófonas e será universal a ideia de mistura de etnias como objetivo de se aprimorar a espécie humana.
Luís Cruz Guerreiro
Ocorreu-me agora dizer-lhe uma outra coisa:
Se está só e cheio de culpa por sua politicologia dane-se.
E dane-se sozinho.
Não queira levar para aí Portugal!
Não queira arrastá-lo pra aí a um boteco tomar vodka e filosofar sobre tragédias da alma à qual ajudou a ferrar com seus conselhos, que pelos seus comentários sua profundidade é muito raza e semelhante a um ajudante de ras-putin.
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