Como devo acreditar num sujeito primário igual a mim, que se diz inteirado de tudo, com idéias prontas e definitivas sobre todos os assuntos e temas, sobretudo fórmulas políticas capazes de saldar a fome?
Segundo Deepak Chopra, eminente médico e escritor Hindu radicado nos Estados Unidos, somos fisicamente reciclados da terra, assim como emocionalmente reciclados de outros sentimentos e do meio psíquico do mundo; e, do mesmo modo, reciclados mentais; (supondo que originais só em espírito pela unidade), pois, afinal, quem tivera de milhões de anos para cá uma idéia genial e absolutamente nova? E se isto não bastasse o que dizer frente ao conceito teosófico da evolução, segundo o qual estaria agora esta mesma evolução mais ou menos na metade do caminho, restando ainda bilhões de anos de estrada a serem percorridos?
Diante disto, quem afinal sabe realmente alguma coisa e do que saiba possa garantir seja definitivo? Ninguém, seguramente, todavia a beleza dessa ignorância reside em ter-se pela frente um infinito de revelações e conhecimentos novos e quase tudo para aprender. Mas, nesse caminho sequer uma vírgula pode ser desprezada enquanto objeto de observação e análise, compreendendo-se desde logo o grave erro cometido pelas seitas religiosas, assim como as ideologias políticas ao proibirem tudo quanto soe estranho à sua cartilha. Neste caso classificar como erro talvez seja uma suave maneira de amenizar aquilo que, na verdade, constitui-se em grave crime de lesa evolução ao proibir-se qualquer conceito cultural, seja qual for a fonte e o assunto de que trate.
Portanto nada, absolutamente nada pode nem deve ser proibido em matéria e objeto de conhecimento, com vistas ao “amar a Deus sobre todas as coisas”. (Pois se essas coisas compreenderem nosso terreiro e nossas galinhas, Deus não está acima de grande coisa!) Além de que nas diversas teologias religiosas, assim como nas diversas ideologias políticas espalhadas pelo mundo encontram-se semelhanças filosóficas deveras admiráveis, para serem proibidas por este ou por aquele líder religioso ou político, muitas vezes um completo analfabeto, quando não completamente cego de “espírito” e até das vistas. (Compreendendo-se este “espírito” naturalmente como o fogo da inteligência que faz com que se apreenda e se ilumine a mente, de quem observa o objeto ou a vírgula, naquele momento da análise).
Por isso valerá a pena admirar esse magnífico ser chamado homem evoluinte, pela sua capacidade criativa em reciclagem; mesmo não sendo de fato um criador original. Nem mesmo os grandes cientistas a tanto se atreveriam julgar-se. Mas vê-se ainda assim e de forma engraçada em algumas empresas um espaço reservado com a seguinte legenda: “sala de criação”. Vista no sentido absoluto soa como uma brincadeira, ainda que não desmereça a capacidade realmente admirável de reciclar conceitos e idéias, desse não menos admirável ser chamado homem a fazer “artificialmente” ou instintivamente outros... Certamente é ainda criança, todavia com um futuro brilhante... Se, para isso atentar para uns determinados deveres que há longo tempo uns estúpidos vândalos vem deixando de cumprir, e seguem derrubando florestas inteiras só para extrair madeira com que reciclam idéias de móveis, bancos, mesas, camas, cadeiras... E estas servem às vezes, apenas para sentarem seus mal lavados traseiros.
Ou então arrasam a terra a fim de formar pasto para o gado, que por outro superior/inferior gado será pastado. Sem contar com as magníficas fábricas, que pelo ar toneladas de gases venenosos espalham dia e noite. Mas, ainda assim, uns tantos defensores da ecologia compram seus produtos, e até em forma de brinquedos os oferecem às suas crianças e em forma de bandeiras tintas e cartazes os agitam.
Mas como se trata de uma eterna reciclagem, também o Eterno recicla todos os elementos materiais e imateriais até a exaustão. Entretanto, quando esta magnifica reciclagem cósmica estiver finalmente consumada, certamente já não haverá homens pra reciclar lixos e restos de suas desventuras, falta de educação, de saber e de amor. Ainda que, provavelmente sobreviva um cadáver planetário, como hoje temos em nossa órbita um satélite, que romanticamente serve de inspiração a alguns poetas; ou escritores de novelas “surrealistas”, para não se cometer a indelicadeza de classificar o real gênero de “devastadores morais”, como soem em ser a maioria destas novelas e seus artífices, em geral.
Mas ninguém está isento de culpa, primeiramente eu, que a estas coisas venho a dizer; talvez menos, ou quem sabe até mais que aquele outro que fala para milhões todos os dias através das novelas... Conquanto seja certo: (pelo que semeares assim havereis de colher, para que o mundo sendo isto, vós os responsáveis por aquilo, em gramas, toneladas...) Num eterno isto e aquilo reciclar os nadas.
Contudo compreenda-se reciclar no sentido mais nobre criar, pois criar neste caso é que leva o homem adiante e o mantém aceso por dentro.
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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