A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Portugal curva a espinha

O mais espantoso no acordo ortográfico celebrado entre o Brasil, Portugal e os outros seis países em que se fala o português, que por aqui acaba de entrar em vigor (embora ainda haja prazo até 2012), é que os portugueses tenham concordado em assiná-lo. Por um motivo simples: é que o assim chamado português de Portugal (quanto à versão escrita do idioma, não haverá mais razão para tal referência, pois agora as ortografias se fundem artificialmente) sai muito mais machucado da reforma do que o português do Brasil. Por isso, Portugal resistiu a aderir ao acordo durante quase vinte anos, mas, de repente, inexplicavelmente, curvou a espinha e perdeu toda a dignidade, digamos, filológica (eu ia dizer mais corretamente "linguística", porém a palavra sem trema é insuportável, soa a linghística). Um exemplo simples de como Portugal perdeu muito mais: no Brasil jamais se dirá que alguém "foi à festa com seu fato mais elegante". Se o bom leitor ouvir essa frase em alguma boca, pode-se ter certeza rigorosa de que a ouviu vazada no belo sotaque português. Nenhum brasileiro usa tal forma de expressão, pois aqui a palavra "fato" significa apenas "acontecimento". Só em estado de dicionário, como dizia o velho Drummond, poderá ser encontrada como sinônimo de "terno" (embora há muito tempo as peças sejam só duas, pois o colete caiu de moda, a roupa masculina manteve a designação).

Já em Portugal, para designar "acontecimento", o termo é, sempre foi, "facto" — e ninguém, nos últimos cem anos (ou quase isso, pois a ortografia portuguesa ora alterada não sofria qualquer mudança substancial desde 1911, quando entrou em vigor, após trabalho inestimável do foneticista Gonçalves Viana, trabalho que acabou com a balbúrdia ortográfica), pensou em eliminar o "c" medial que no Brasil há muito deixou de existir. Na grafia portuguesa, entretanto, foi mantido porque sempre soou de maneira claríssima na pronúncia, correspondendo ao significado único de "acontecimento". Pergunta-se: ainda que a equivocada mudança tenha botado abaixo o "c" da palavra "facto", os portugueses deixarão de pronunciá-lo? É de duvidar-se, pois a língua falada, que é a língua primitiva, original, mãe da outra, tem uma força muito superior à da língua escrita (verdade que a atual mudança anticientífica não levou em consideração). Por essas e por outras é que se disse que o português de Portugal, tal como foi usado no último século, fica muito mais prejudicado graficamente do que o português do Brasil. Não apenas em relação à citada palavra "facto". Lá eles escrevem — e pronunciam, eis o dado básico — "acto", "actor", "director" e dezenas de outras palavras nas mesmas condições.

Entretanto, também os brasileiros sofremos. Nossa "idéia" e muitas palavras com final semelhante perdem o acento gráfico para deixar tudo igual e sem caráter por lá e por aqui. Que diabo, o acento servia exatamente para mostrar que a palavra tem um jeito, um sabor especial aqui e outro lá (em Portugal a pronúncia é muito próxima de algo como idaia)! Assim, eram roupagens diferentes para palavras diferentes com pronúncias rigorosamente diferentes, mas agora enfiaram tudo numa trituradora brutalizante.

Os burocratas que trabalharam pelo acordo insensato sabem muito bem que, na prática, ele é irrealizável. Não se passarão cinquenta (a pronúncia seria cinkenta?) anos para que se reclame a volta do bom senso. No momento a situação é esta: telefono para a responsável pelo setor de revisão de uma grande editora. Minha amiga, competente e habitualmente tranquila, parece perder a respiração, afogada entre hifens que surgem como visita incômoda ou caem como fruta madura. E toda a sua equipe lembra a casa de orates do Dr. Simão Bacamarte, no caso apenas atrás de pulgas que nascem numas palavras e morrem noutras. Que desejam afinal os autores do acordo? Simples. Querem é impedir nosso prazer de ler Eça e Camilo ou, entre os atuais, Saramago e Miguel Sousa Tavares. Prazer que, entre outras coisas, vem das pequeninas diferenças ortográficas, que não atrapalham em nada o idioma único, mas nos fazem sentir o prazer de ler os portugueses como portugueses. E eles se autodefinem a partir da ortografia. Ou se autodefiniam. Querem acabar aos poucos com cada um dos nossos pequenos prazeres. Acabam de matar mais um.

Colaborou: Marcos de Castro - Escritor

7 comentários:

AAG News disse...

"Querem acabar aos poucos com cada um dos nossos pequenos prazeres. Acabam de matar mais um."

Nunca a morte de mais um prazerzinho de um, deu tanto prazer a tantos.

:D

L+G

Renato Epifânio disse...

Eu já me cansei de discutir o Acordo. Tanto mais porque ele aí está e é irreversível...

julio disse...

A mim já nem fazem rir...
As eternas viuvas!

Casimiro Ceivães disse...

É irreversível, Renato, até ao momento em que alguém, a sério, discutisse a constitucionalidade de uma lei que impõe uma ortografia. Com ou sem Acordo, ou seja, com um ou mais países a adoptá-la.

A ideia de que a lei (no sentido de uma decisãozinha dos governantes) não tem limites também aí está. Também devo dizer que ando cansado de falar disto.

(a minha ideia, esclarecendo, é que deve haver uma academia que PROPONHA uma ortografia; que os governos façam saber que, reconhecendo o mérito da academia, publicarão os documentos oficiais de acordo com essa proposta; que as editoras editem como quiserem os autores que elas editam.
Resta o problema das escolas. Suponho que num regime de escolas livres muitas teriam a tentação de adoptar o padrão da academia como mostra de "excelência"; no fim, talvez esse padrão acabasse por ser adoptado por toda a gente - mas há uma diferença enorme entre induzir a aceitação de uma regra e impô-la.

Renato Epifânio disse...

Até concordo contigo, Casimiro. O problema é que já não é possível fazer voltar a História atrás. O "mal" está feito - e querer remendá-lo de raiz traria, a meu ver, males ainda maiores... Não sou muito dado a provérbios, mas há um que me parece particularmente sábio: "o óptimo é inimigo do bom". Sejamos, por uma vez, pragmáticos...

pmsap disse...

O erro das pessoas que discutem o acordo ortográfico é sempre o mesmo. Linguisticamente não existe Portugal nem Brasil. Isso foi uma coisa que uns senhores lá no SEC. XIX decidiram fazer. Não tem nada a ver com a língua.

No dia em que ninguém se importar com a unificação ortográfica, eu portuense quero ter a minha própria ortografia, já que provado está que é a maneira de falar mais arcaica quer no vocabulário quer na pronúncia. E aí as pessoas comerão do veneno que espalharam.

Arnaldo dos Santos Norton disse...

Meu caro Judsonline !
Os seus comentários são bizarros e as opiniões que exprime no que escreve são surpreendentes.
As afirmações que tem feito, nomeadamente,sobre o conflito na Palestina,sobre a tecnologia e sobre o AO,surpreendem pela sua falta de objectividade e insuficiência.
Da mesma maneira que Vc se inspirou na Bíblia para zurzir os israelitas, deve ter-se inspirado na "anedota do português" ou nos "feitos heróicos do Tira-dentes" para escrever o seu comentário acerca da tecnologia.
Quanto ao AO, as imprecisões e os conceitos "pré-cozinhados" são assustadores.
Se quiser discutir estes assuntos seriamente e sem ideias ( pronuncia-se "éias" e não "aias") estarei ao seu dispor.
Fico aguardando a sua resposta e até lá um abraço pleno de lusofonia.