Uma parte de minha história está restrita a um mero apertar botões, escrita em cifras, mas não com cifrões. E o que dela aqui não está levo-o comigo em muitos corações, em muitos sonhos que ainda hei de sonhar, e em muitas contendas que não pude pelejar.
Não pense ninguém, que o sonhar se esgote aqui... Deixo outras peças mais pesadas para trás, momentaneamente, como estrelas a brilhar nos calos dos artesãos. Entretanto, e isto me alegra, os botões nos quais está prisioneira minha história transladada aos gritos, calada de aplausos e facetada em muitos sonhos, são os pedaços que se não podem cortar...
Quem então o dom teria de apagá-los? Já os farrapos da memória em boa parte da história de anseios se apagam... Mas está mesmo essa parte da história restrita a um botão.
Isto é bom! O homem cientista e o mago da humildade sabem e fazem coisas belíssimas, mas expondo-se ao risco de aplicações criminosas, com inescrupulosas mãos manchando de sangue aos seus inventos.
Porém as coisas do criador supremo também são do mesmo modo de múltiplas aplicações: a água liberta, purifica, refresca, alimenta e mata; da mesma sorte o fogo e quaisquer outros prodígios e desgraças, porque passe a vida em seu eterno caminho a transformar...
Também eu em meu caminho vou de encontro ao quente e ao frio em minhas relações humanas de morte e vida; alegria e tristeza, amigos e inimigos – embora a estes não os tivesse programado – feras - e anjos, e todas as pobrezas e tesouros da face da terra tenho encontrado.
Rico, entretanto, não havendo sonhos não haveria histórias... Nem riquezas... Não haveria porque escrever ou apertar botões. Felizmente esta é a boa riqueza: ora gotas de orvalho, ora calos nas mãos, ora botões de apertar e criar ilusões.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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