NEM ISTO NEM AQUILO
Por mais que fora antes qualquer coisa, pela natural corrupção que o tempo impõe às coisas concretas, não mais nada o será agora. Mormente se a leviandades acreditei verdades, ou se a alguém por tolices e asneiras creditei louvor. Mas na hipótese de erros dessa espécie ter cometido, porque não seja asno tudo já passou com a irrevogável passagem do tempo; não obstante com aquelas tolices ter eu perdido algum da minha temporal cota...
E se eu penso, por exemplo, numa tola loucura, não é o mesmo que a umas tolas idiotices tolerar de outrem. Pois quando se é louco de alguma loucura cometer-se, até que é bom, muito melhor que asneiras ouvir, que são coisas de asno ocorridas coletivamente em grande número em época de eleições.
E embora asno não pense e não saiba que asneiras comete, carrega seus pesados fardos porque seja asno no mínimo quatro anos, quando não carrega dessa mesma carga os efeitos por ela causados a vida toda! Todavia não leva muito um asno em peso, pois, por mais que as carregue, não é nada o que carrega conscientemente... Isto tendo em vista o peso que sentiria e não sente, porque não pense. E de quem pensa que sabe tudo e diz exercitar a arte de pensar, mas não sabe coisa alguma da origem do pensamento, sobressai-se disso não apenas um asno, mas muitos e outros tantos tolos que àquele outro asno ainda aplaudem e elegem!
Quanto ao mundo não sei o que será: melhor ou pior caso mais novo, ou na mesma ordem caso mais velho? Mesmo que a lógica aponte para essa questão, antes serei eu certamente mais velho!
Por isto hoje não sendo amanhã, amanhã não será mesmo hoje mais velho ou mais novo. Mas se hoje for eternamente hoje e nunca amanhã, ontem é impossível que seja de hoje a sua negação. Conquanto não seja isto assim uma leviandade, que se o possa dizer ter sido sem de fato o ser. É preciso compreender o sentido profundo da ausência concreta do tempo e de todas as coisas com e sem forma dentro dele, para que no momento de decidir entre ser tolo ou asno se opte por ser louco de rasgar se preciso for o título de eleitor, dinheiro e até todas as cartas de amor que não se escrevera e também as de jogar... E jogá-las fora.
Porque realmente hoje não sendo ontem nem ontem sendo amanhã, agora é tudo que é. E é só isso mesmo! Sem teorias metafísicas nem jogo de palavras. Porque se fora hoje ontem e ontem fora amanhã, poderia muito bem a caráter você ser eu e eu você, e não somos porque aí não seriamos ninguém; e não seriamos ao cabo e ao fim nada, ainda que asnos votantes vivam de ser alguma coisa, mormente nos dias de festa e de eleição.
Portanto essas brincadeiras que o tempo faz e o poeta com as palavras brinca, devem irritar o leitor eleitor que pensa que sabe, mas que não sabe nem mesmo ler o nome do eleito, que dirá sua intenção. Embora as palavras distendidas ao longo do papel branco, muito claramente com todos os caracteres estejam escritas dentro da regra com tinta negra ou de outra cor, mas ainda assim é possível que venha eventualmente o vento a este branco papel com tinta preta escrito pelo ar solto o levar!
E quanta beleza num papel livre voando com o sopro do vento! Ao antolhar quanta leveza no traço deixado pelo movimento do papel, no espaço! Há tanta compreensão numa folha solta quanto num tratado de filosofia pragmática mal resolvida, ou na opinião de um astrônomo sobre astrologia, ou num projeto de reforma de um governo vesgo... Mas se há diferenças entre si, louvemos a grandeza do papel sem artifícios do qual uma protofilosofia não pode abrir mão, por ser a sua natureza só de artifícios. Nem a astronomia por não terem os astrônomos largueza, exceto alguns, livres das cataratas! Nem o relator por não ter grandeza, pois ainda que a tivesse faltaria ao seu chefe, que é chefe do executivo e é aquela que o chefe do executivo não tem e nunca terá.
Todas as coisas têm uma particular beleza, mas dentre todas aqui agora apontadas o papel solto aos saltos pelo vento afora tomou para si todo o encanto deste momento poético!
Ó papel, vê se te quedas sossegado! Ó vento, pára de soprar que a vaidade dos doutores e dos políticos quer brilhar, em teses e artifícios! Deixa um pouco, só um pouco que seja que é quanto eles precisam para sustentarem-se em cima das caixas velhas de madeira das outrora frutas, e suas teses de reformas!
Enquanto isso balançava numa folha verde de amoreira a magrinha lagarta, esperando o vento se acalmar para devorar as folhas. Pobre lagarta! Nunca antes havia uma lagarta esperado o vento se acalmar. Quando esta quis experimentar, como não tivesse a medida do tempo, não o viu passar; e o outono amarelou as folhas, que depois o vento soprou pelo ar...
Quanta beleza numa folha amarela que escapara da voracidade da lagarta! Sim, é amarela! Mas quantas verdes foram e já comidas voam borboletas?
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Faz de conta que é verdade... Conversa Desaforada
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