Perdoem a escolha de tamanho nome para este artigo, mas tendo recentemente visionado “O Dia em Que a Terra Parou”, remake de um filme datado já de 1951 cujo dvd possuo mas que certamente os leitores reconhecerão como sendo a estreia mais recente de Keanu Reeves.
A história, muito resumidamente, é a seguinte: o planeta Terra não é nosso, somos meramente os seus ocupantes actuais. Insatisfeito com o modo com que estamos a maltratar o planeta o senhorio, na figura do extraterrestre Klatuu Nikto, decide fazer-nos uma visita, chamar-nos a atenção ou, caso não nos emendamos, exterminar por completo a vida do planeta salvando apenas, numa espécie de arca de Noé, a flora e a fauna não humana.
Embora o filme aborde apenas o aspecto ecológico a respeito do modo como os humanos exploram os recursos naturais deste planeta, creio que nos faria falta um Klaatu Nikto que nos chamasse a atenção para outros aspectos da nossa vida moderna, e no rescaldo do bombardeio e consequente invasão da Faixa de Gaza pelas Forças de Defesa de Israel – que resultou já na expulsão do embaixador de Israel e de parte do pessoal da embaixada israelita da Venezuela - que inauguraram a entrada do mundo em 2009 creio que urge que tomemos consciência do mal que fazemos, não só ao nosso planeta mas também, ao nosso próximo.
Com a actual recessão económica acabamos por pensar cada vez mais no nosso dia a dia, como pagar o empréstimo da casa? Do carro? O cartão e crédito? Saldar o plafond? Vivemos tão angustiados com a nossa própria, e por vezes miserável, existência que acabamos por acompanhar apaticamente pela televisão o que vai acontecendo no mundo sem sequer nos apercebermos que temos, todos nós, a responsabilidade de tentar mudar o estado das coisas, de preferência pacificamente antes que a frustração da nossa juventude para com tudo o que seja política democrática e economia capitalista ecluda nas ruas com o fervor rebelde da juventude grega (ainda em pé guerra civil contra o seu próprio governo).
Espero sinceramente que toda a violência e chacina que inaugura este novo ano, seja em Israel ou na Grécia, não se perpetue. E todos nós possamos colaborar num espírito muito mais positivo para que os Açores e Portugal, mesmo que em recessão, não caiam num espiral de depressão e misantropia. A atitude que temos no dia a dia, talvez eliminando a falta de civismo que caracteriza boa parte do nosso povo e cuja eliminação depende apenas de nós mesmos, conta muito.
Na falta de um Klaatu Nikto, de um evento mundial que desperte o ser humano para os seus erros – ou pelo menos dos nossos governantes – temos nós mesmos que nos avaliar, e convém avaliar-nos a nós mesmos já que o fazemos, preconceituosamente, todos os dias com aqueles que nos rodeiam.
A construção de um século XXI socialista, libertário e fraterno está nas mãos dos cidadãos comuns, não é responsabilidade única dos nossos governantes.
“O que temos de pensar é como Portugal deve ser. Não estou na política, não tenho nenhum jeito para essa coisa. O que temos é que pensar como devia ser. E pensando como devia ser, esperemos…” – Agostinho da Silva; “O Império acabou. E agora? – Diálogos com Agostinho da Silva” de António de Sousa, Casa das Letras, página 137.
Pela minha parte acrescento: pensar… e agir em conformidade!
Publicado no semanário Tribuna das Ilhas a 16 de Janeiro de 2009.
A história, muito resumidamente, é a seguinte: o planeta Terra não é nosso, somos meramente os seus ocupantes actuais. Insatisfeito com o modo com que estamos a maltratar o planeta o senhorio, na figura do extraterrestre Klatuu Nikto, decide fazer-nos uma visita, chamar-nos a atenção ou, caso não nos emendamos, exterminar por completo a vida do planeta salvando apenas, numa espécie de arca de Noé, a flora e a fauna não humana.
Embora o filme aborde apenas o aspecto ecológico a respeito do modo como os humanos exploram os recursos naturais deste planeta, creio que nos faria falta um Klaatu Nikto que nos chamasse a atenção para outros aspectos da nossa vida moderna, e no rescaldo do bombardeio e consequente invasão da Faixa de Gaza pelas Forças de Defesa de Israel – que resultou já na expulsão do embaixador de Israel e de parte do pessoal da embaixada israelita da Venezuela - que inauguraram a entrada do mundo em 2009 creio que urge que tomemos consciência do mal que fazemos, não só ao nosso planeta mas também, ao nosso próximo.
Com a actual recessão económica acabamos por pensar cada vez mais no nosso dia a dia, como pagar o empréstimo da casa? Do carro? O cartão e crédito? Saldar o plafond? Vivemos tão angustiados com a nossa própria, e por vezes miserável, existência que acabamos por acompanhar apaticamente pela televisão o que vai acontecendo no mundo sem sequer nos apercebermos que temos, todos nós, a responsabilidade de tentar mudar o estado das coisas, de preferência pacificamente antes que a frustração da nossa juventude para com tudo o que seja política democrática e economia capitalista ecluda nas ruas com o fervor rebelde da juventude grega (ainda em pé guerra civil contra o seu próprio governo).
Espero sinceramente que toda a violência e chacina que inaugura este novo ano, seja em Israel ou na Grécia, não se perpetue. E todos nós possamos colaborar num espírito muito mais positivo para que os Açores e Portugal, mesmo que em recessão, não caiam num espiral de depressão e misantropia. A atitude que temos no dia a dia, talvez eliminando a falta de civismo que caracteriza boa parte do nosso povo e cuja eliminação depende apenas de nós mesmos, conta muito.
Na falta de um Klaatu Nikto, de um evento mundial que desperte o ser humano para os seus erros – ou pelo menos dos nossos governantes – temos nós mesmos que nos avaliar, e convém avaliar-nos a nós mesmos já que o fazemos, preconceituosamente, todos os dias com aqueles que nos rodeiam.
A construção de um século XXI socialista, libertário e fraterno está nas mãos dos cidadãos comuns, não é responsabilidade única dos nossos governantes.
“O que temos de pensar é como Portugal deve ser. Não estou na política, não tenho nenhum jeito para essa coisa. O que temos é que pensar como devia ser. E pensando como devia ser, esperemos…” – Agostinho da Silva; “O Império acabou. E agora? – Diálogos com Agostinho da Silva” de António de Sousa, Casa das Letras, página 137.
Pela minha parte acrescento: pensar… e agir em conformidade!
Publicado no semanário Tribuna das Ilhas a 16 de Janeiro de 2009.
3 comentários:
Sim. E no Portugal que eu imagino, haveria certamente um Klatuu Niktus.
O filme baseia-se em mitologia judia. Irónico mas a ironia é superior ao humor, pede inteligência.
O alienígena chama-se Klaatu. "Nikto" é "não" na sua língua.
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