A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Coisas que não compreendo


Quando em 1948 Israel proclamou a independência, os comunistas, pensando tratar-se de um potencial aliado, fizeram campanha pelo nóvel Estado. Então, os "imperialistas britânicos", mais as "monarquias-fantoche" (Iraque, Transjordânia, Egipto) e as "Cinco Irmãs" faziam o boneco perfeito de uma luta que oporia o capitalismo global ao socialismo kibutzim. As contas sairam-lhes erradas.


Uma década volvida, com a instalação dos regimes árabes socialistas manipulados pelo Kremlin, Israel era já a alma danada do "capitalismo sionista", instrumento de agressão contra as "massas árabes" e agente perturbador regional. A URSS dava dinheiro e armas, velhos cientistas nazis reformados davam assessoria a mirabolantes projectos de "armas secretas" alimentados por Nasser e um certo jornalismo de causas reproduzia a rábula da manipulação judaica da banca ocidental. O mito foi tão longe e aceite com tal naturalidade que, sem tirar, limitou-se a copiar a historieta dos Protocolos dos Sábios do Sião que durante tantas décadas havia alimentado o imaginário de uma conspiração mundial "plutocrática judaico-maçónica". A verdade é que Israel, ou antes, os judeus israelitas, nunca foram ricos e foram, até, muito hostilizados, tanto pela mais estrita ortodoxia judaica - que no laicismo identificava uma herética quebra da tradição - como pelos judeus assimilados, que viam no nacionalismo sionista um agente de perturbação do seu estatuto de cidadãos de outros Estados.


Israel consolidou o Estado moderno, foi e é a única democracia plena no Médio Oriente - onde a minoria árabe (20%) goza de plenos direitos e possuiu todas as faculdades políticas dos restantes cidadãos, integrando as listas de candidatos de partidos sionistas, socialistas ou autónomos - e foi, sempre, preciso alinhado do Ocidente. Não tivesse existido Israel e o Mediterrâneo Oriental ter-se-ia convertido num trampolim soviético de assalto à fachada sul da Europa. Recentemente, foi Israel que possibilitou a contenção do expansionismo do fundamentalismo islâmico, obrigando-o a concentrar meios avultados em guerras e baixa intensidade que Israel mantém.


Há coisas que nunca cheguei a entender. Se os anti-sionistas querem ver destruído o Estado de Israel, por que razão durante tanto tempo exigiram que os judeus fossem concentrados numa só região - fosse o Alasca, a Patagónia, Angola ou uma qualquer ignota republiqueta russa - e agora pedem a extinção de Israel ? O que os alimenta, de facto - e não têm coragem de dizer - é desejo de extinção física desse povo. O anti-judaísmo - não há, neste particular, qualquer distinção entre o anti-judaísmo e o anti-sionismo - nutre-se de um confuso caldo de pequenas e grandes mentiras, mitos e pulsões irracionais. Esse anti-judaísmo não tem, felizmente, qualquer expressão no mundo civilizado, pelo que vive derrancado na admiração por regimes que odeiam o Ocidente e tudo o que este representa; ou seja, o anti-sionismo de "direita" é inimigo do Ocidente, preferindo a derrota do Ocidente, que vêem como mero factotum do capital judaico. Nessa visão conspirativa, a história ocidental dos últimos duzentos anos confunde-se com essa "conspiração". As mentes mais delirantes chegam a cruzar Churchill, Roosevelt, Estaline e até Hitler (!) no friso dos cripto-judeus com trabalho a realizar no quadro do magno plano mundial de escravização dos povos a Sião. Esse atabalhoado monte de escritos sem qualquer préstimo científico, em que as premissas anda à cata de comprovações - logo, uma anti-historiografia - satisfaz-se com tudo, conquanto "demonstre" essa conspiração. Depois, vem a contabilidade dos seis milhões, que não eram seis, mas cinco, quatro, três ou meia dúzia. Sim, na Alemanha os judeus até gozavam de estadias em cidades-modelo como Theresienstadt, Hitler até tinha meio milhão de judeus na Wehrmacht, Himmler era um amigo dos judeus anti-sionistas. Parece estranho, mas a verdade é que o núcleo propulsor do nazismo, agora revisto e aparado, queira apagar o traço distintivo da sua funesta passagem pela história das ideias políticas, e julgue possível emendar o não emendável.


O anti-judaísmo é, também, uma das paixões do esquerdismo europeu. Tão velha como Marx, a polémica inscreve-se na visão maniqueísta da humanidade entre exploradores e explorados, entre ócio e trabalho. O judeu faz as mil maravilhas desta visão dual, pois desenvolve trabalho intelectual - isto é, agente de alienação - especulação e nunca "trabalha", pois para o marxismo o trabalho confunde-se com os ofícios. Uma vez mais, este modelo não resiste à mínima acareação. A sociologia histórica demonstra que os judeus mais perseguidos foram, sempre, os mais pobres, os menos influentes e os mais tradicionalistas: alvo de pogroms na "Paliçada" russo-polaca, facilmente perseguidos nos seus redutos de exclusão, foi sobre eles que tombou o anti-semitismo popular e o anti-semitismo de Estado. As vítimas do "holocausto" eram relojoeiros, sapateiros, vendedores retalhistas, carpinteiros, tanoeiros, alfaiates, nunca banqueiros, prestamistas ou ourives. Os "assimilados", por sua vez, se forneceram importante contributo para os partidos comunistas - Kamenev, Zinoviev, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Béla Khun - forneceram importante contributo ao reforço das posições anti-comunistas, tendo-se alguns, até, constituído em maitres à penser do conservadorismo europeu (Raymond Aron).
Confesso que por vezes o lóbi judaico me chega a irritar. Abrir a CNN e dar de caras com uma imensa procissão Bash's, Blitzer's, King's e Kerzner's incomoda-me. Depois, serenado, penso: se os judeus controlam assim de forma tão descarada o mundo, por que razão são tão manifestos nessa exposição ? Sim, eles têm um lóbi, poderoso sem dúvida, mas que luta com outros lóbis no mercado da visibilidade: o lóbi das petroleiras, os lóbis dos pró e anti-vida, o lóbi hispânico, o lóbi irlandês, o lóbi italiano, o lóbi penalização e despenalização de estupefacientes, o lóbi pró-armas de uso pessoal, o lóbi "cristão" (leia-se anti-católico), etc & tal. Que eu saiba, nos EUA só não funciona o lóbi dos índios, aqueles pobres e nobres povos aos quais a terra pertenceu e foram exterminados e confinados, como os búfalos, a reservas. Eles, os judeus, não são nem todo-poderosos nem privados de poder. Tudo o que se disser em contrário é pura efabulação.

Publicada por Combustões em 9.1.09

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