A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Sobre as touradas...

Estive há pouco a assistir um documentário sobre a tourada. Gostei particularmente – é de facto um mundo muito próprio, a que o documentário fazia justiça.

Não que goste particularmente de touradas. Apesar de conhecer pessoas que gostam muito, apesar de ter inclusivamente um familiar que foi forcado, não foi esse um mundo onde, alguma vez, tenha efectivamente entrado…

Também não sou anti-tourada. Seria incapaz de participar numa dessas manifestações que agora acontecem sempre que há alguma. Das pessoas anti-tourada que conheço, reconheço um género, infelizmente cada vez mais típico: urbano, sem real ligação à natureza, mas que, apesar de tudo, ou por isso mesmo, gosta de ir à “província” ensinar os “indígenas” a lidar com os animais…

Apesar de também ser urbano (nasci e cresci em Lisboa), tive talvez a sorte de ter uma história de vida que me coibiu de fazer depois essas figuras tristes. Os meus avós eram da Beira Interior e, desde muito novo, assisti e participei no que nesses meios sempre foi natural – nomeadamente, na “matança do porco” (que, julgo ter lido algures, foi entretanto proibida).

Sou contra a crueldade gratuita contra animais – mas só muito excepcionalmente vi a chamada gente do campo a exercê-la. Sei que isto para muita gente será incompreensível, mas pode-se matar sem crueldade…

O MIL também é contra a crueldade gratuita contra animais, apesar de não ser necessariamente anti-touradas – a esse respeito, uma pequena inconfidência: na altura dos convites, o Francisco Palma Dias, ilustre apreciador de touradas, perguntou ao Paulo (Borges) se isso seria entrave à sua adesão; mas o Paulo sossegou-o, salientando que o mais importante era relativo à Cultura e à Lusofonia…

Há, de resto, quem defenda as touradas precisamente enquanto sinal distintivo da nossa cultura, da cultura mediterrânica em geral – falo, em particular, de Dalila Pereira da Costa. Aliás, a esse respeito, a certa altura, no documentário, alguém diz isto: “O touro não é já Natureza, é já Cultura”. A frase ficou a ecoar em mim…

Tenho, a respeito das touradas, um posição algo nostálgica – quando vejo algum excerto, na televisão, tenho sempre a sensação de ver um mundo que já não existe. Um mundo fantasma. E algo em mim o lamenta. A Dalila, decerto, explicá-lo-ia melhor do que eu…

6 comentários:

Rogério Maciel disse...

Por acaso , ou não , Renato , acho muito hipócrita ( ou então é desconhecimento ) da parte dos defensores dos direitos dos animais que não queiram a morte do animal na arena , mas não se importem que o animal depois de ser lidado , vá para os curros , seja banhado em sal sobre as feias e dolorosas feridas , ficando estas ainda mais massacrantemente dolorosas , só para que não gangrenem(infectem) , durante os dias que antecedem a sua morte na fábrica , muitas vezes de forma indigna e cruel (http://www.meat.org/ ou http://www.petatv.com/ abre em Meet Your Meat / Top 5 vídeos) .
Ao menos na arena , o animal tem o direito de lutar e a possibilidade de também enviar o seu oponente humano para o hospital , senão para a morgue (claro que este não pensa nestes termos ) , mas pode morrer dignamente lutando como um guerreiro natural que é .
Rogério

Paulo Borges disse...

Claro que se podem encontrar muitos argumentos intelectuais e culturais para se ser a favor ou não se ser contra as touradas e eu próprio encontro motivos estético-simbólicos de interesse no espectáculo, além da única coisa que nele não me repugna em absoluto: a pega de caras. Todavia, creio que todos eles caem por terra desde que se passe do intelecto para a sensibilidade (se a houver) e sejamos capazes de nos colocar no lugar do touro: quem gostaria de sentir farpas com ponta de anzol a serem violentamente cravadas no lombo, para além de todos os outros sofrimentos inerentes ao toureio? Quem é que pode continuar a dizer, após imaginar minimamente esta situação, que o touro já não é Natureza, mas Cultura!?... Será que um homem a ser torturado numa cultura especialista em torturas, como a chinesa, já não é Natureza, mas Cultura? Será que a sua dor faz parte do património cultural da humanidade? Porque acontecerá isso então com a do touro? Dizer coisas destas é total insensibilidade ou idiotia total.
Claro que figuras prestigiadas da cultura portuguesa, minhas amigas, como a Dalila, o Francisco Palma Dias e o António Telmo, não pensam assim, mas isso, lamento dizê-lo, só expressa as suas limitações. Com isso passam ao lado da compaixão, único fundamento possível da moral, como demonstrou Schopenhauer, como passam ao lado da moral cósmica e da crítica do antropocentrismo entre nós elaboradas por Antero de Quental, Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro e Teixeira de Pascoaes, antecipando um século as teses da ecologia profunda e de um Peter Singer.

Quanto ao MIL, recordo um passo da sua Declaração de Princípios e Objectivos: "A comunidade lusófona deve assumir-se sempre na primeira linha da expansão da consciência, da luta por uma sociedade mais justa, da defesa dos valores humanos fundamentais e das causas humanitárias, da sensibilização da comunidade internacional para todas as formas de violação dos direitos humanos e dos seres vivos e do apoio concreto a todas as populações em dificuldades. Para que isso seja possível, cada nação lusófona deve começar por ser exemplo desses valores".

Claro que cada um pode escolher aquilo da Declaração com que deseja ser coerente e consequente, retirando dela apenas o que lhe convém.

Já dizia a minha sábia avó, que desprezava os intelectuais: "Quem não gosta de animais, não gosta de pessoas".

António José Borges disse...

Meu caro Paulo Borges, se para Lorca, Hemingway ou outros intelectuais a tourada é um grande espectáculo cultural, para mim é um espectáculo desigual, exceptuando, como bem diz, a pega de caras.

Quanto ao MIL, pois acho muito bem a parte da Declaração de Princípios que refere, nomeadamente no que diz respeito aos direitos humanos. Há é que a fazer cumprir nos países lusófonos, como exemplo, pois uma coisa que não é cumprida não existe.

Em suma, há que fazer nascer a definitiva humanidade. E para isso estamos cá nós! O MIL pode ser a cabeça que ditará aos membros o movimento do som da paz.

Portanto, estamos de acordo. Só discordo um pouco da sua avó, com todo o respeito: pois conheço algumas pessoas que adoram animais e não suportam pessoas. Uma delas é fanática por animais e já me confessou que não suporta os humanos. O que me diz disto?

Todavia, subvertendo o ditado, talvez seja de dizer, em tom optimista: na ausência de uma andorinha a primavera não perece!
Assim quero ser simpático.

Paulo Borges disse...

Caro António José Borges, também conheço várias pessoas assim e acho que caem no mesmo defeito de tornarem os afectos limitados a uma espécie em detrimento de outras. Felizmente, não era o caso da minha avó, que me ensinou que o sofrimento de homens e animais é o mesmo, pois somos todos seres sensíveis.

António José Borges disse...

Caro Paulo Borges, concordo definitivamente com a sua sábia avó. Felicito-o.

O meu pai, por sua vez, ensina-me a colaborar quando posso e a não prejudicar quando não posso colaborar.
Colaboração e Inovação, são as palavras sábias dele. Às dele junto as dos meus anos de formação na carne da vida, muito para além da formação académica.

A Nova Águia e o MIL podem contar comigo.
Longa vida para o projecto!

Maria Afonso Sancho disse...

Caros Renato e Paulo
Muito tenho meditado sobre a tourada.
Aprendi algumas coisas entretanto.
Por exemplo que a chamada "tourada à portuguesa" já não o é pois foi contaminada pelo conceito espanhol.
Neste a tourada deriva do circo romano em que os contendores humanos e/ou não, se enfrentam até à morte de algum deles.
Mas isto não é a portuguesa tourada.
A nossa vem de Creta e parece-me mais uma brincadeira de machos jovens com excesso de sangue na guelra que sempre lhes deu para desafiarem o perigo.
E como saí de uma zona do país onde os rapazes costumavam desafiar a sorte com motos... e assim ficar com bocados do corpo a menos ou todos "avariados"... viva o pegar touros!
Estes forcados só costumam morrer se batem com a cabeça no degrau de cimento que contorna a trincheira.
De resto os estragos reduzem-se a umas nodoas negras e costelas partidas.
Apelo a uma tourada que seja aprovada pela Peta.
Com pegas. A serem feitas depois touro cansado com as habilidades típicas portuguesas/Creta/Endovelico e que só se viam pelo Carnaval.
Recordo também o forcão das terras da Raia.
E outras actividades que tais, um bocado parvas, mas que agradam aos homens e a gente gosta deles e eles são assim e pronto.
Eu até sou das que preferem tudo vegan.
Parece-me que tornar objecto alguma coisa (até por uma planta "tadinha" sozinha num vaso ou num canteiro)ou todo outro tipo de maltrato aos animais será repetido em relação aos outros humanos e todo o resto do Universo.
Mas essa dos urbanos a quererem ensinar os do campo a tratar com os animais é de anedota.
Até com os cães têm problemas pois nem sequer como chefes de matilha se sabem comportar.
E arranham-se todos pois querem que os gatos tenham um comportamento democratico :-0
Connhecem os bichos só dos desenhos animados e matam todo o insecto que lhes apareça em casa.
Contudo mesmo nisto há complementaridades que são importantes.
Se para os intelectuais drogados e infelizes que inumerou a tourada seria um grande espectáculo cultural mental.
Onde fica o coração e a compaixão?