
Assisti ontem à tua “mensagem de Natal”. Não vou aqui debruçar-me sobre o facto de teres falado de pé, e não sentado (assim, segundo ouvi, “tendo quebrado a tradição”). Nem sobre o facto da árvore de Natal ter luzes azuis e não vermelhas – o que será já, decerto, uma mensagem subliminar. Deixo isso para os “analistas”. Pela minha parte, reportar-me-ei apenas ao que mais importa…
Para começar, vou dizer algo que talvez te surpreenda. Em geral, os governos têm sempre mais razão do que as oposições. Não porque a tua gente seja mais inteligente ou competente. Simplesmente, neste mundo cada vez mais globalizado, a margem de definição política tornou-se cada vez menor. As grandes directrizes são, de resto, definidas pela União Europeia. Aos governos nacionais resta aplicar essas directrizes, sem grande margem de variação. E, às oposições, encontrar todos os pretextos para encenarem a sua razão de existência…
No nosso actual regime, a política é, cada vez mais, um jogo de sombras, um baile de máscaras – se fosse a Manuel Ferreira Leite a dirigir o governo, faria mais ou menos tudo como tu; e tu denunciarias, o mais possível, a sua má governação…
Dito isto, e reconhecendo que tens muita razão naquilo que dizes, acho que te falta o essencial. E, por isso, acho que estás completamente errado…
Portugal não é uma mercearia nem, sequer, uma empresa, como tu o vês. Portugal é um país, mais do que isso, uma Pátria. E é essa visão que tu manifestamente não tens…
Mesmo quando falas da importância da Lusofonia, ou da CPLP, é sempre numa perspectiva essencialmente contabilística, perguntando: em que medida isso será economicamente benéfico?...
Para terminar, vou dizer algo que talvez te choque: o “enriquecimento” dos portugueses (apenas de uma parte deles, como sabemos, cada vez menor, de resto) não deve ser feito à custa do “empobrecimento” de Portugal. Compreendo que não compreendas a diferença…
Saudações pré-socráticas
1 comentário:
também eu já tinha comentado, de maneira breve, discurso Natalício do senhor a propósito da crise.
Ideia-chave: é preciso "soprar"
só que já cansei de fazer isso, mesmo assim, soprando, não consigo sacudir.
grande abraço
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