NOVA UNIVERSIDADE
Descrever com palavras os sintomas da alma é possível; naturalmente quando o analista é um profissional competente, e bem formado; sem lhe faltar o indispensável dom do afeto e predicado universal de humanista; e ainda que não acredite em metempsicose seja também uma alma antiga, e bem trabalhada pelo tempo em várias reencarnações.
Pois é tal o mistério que envolve a alma humana, porque se trata de um indivíduo, e não há dois indivíduos que guardem qualquer relação de igualdade entre si em suas almas.
Portanto falha o profissional que depois de prestar vestibular para várias áreas eventualmente tenha passado nessa área da medicina da psique e seja mais um prisioneiro das fórmulas, e de posse de um manual de estatísticas e um receituário de terapias diagnostique um tratamento. Embora pelo fato relevante de pertencermos ao gênero humano tenhamos algo em comum, por razões de hábitos, e até vícios, cultura, educação, religião etc. e através destes costumes e vivencias se transfiram semelhanças de personalidade. Mas ainda que assim se criem modelos de pensamentos familiares, (egrégoras) que acabem influenciando uns aos outros, não somos os outros...
A alma humana reserva pra si mesma nas mais profundas camadas mistérios e predicados, que terapeuta algum jamais poderá desvendar. E nisto reside a grandeza da raça humana, cujo mistério nos torna, enquanto humanos, ímpares; ao contrário dos animais, regidos por uma alma coletiva.
Diante dessa gênese é necessário tomar medidas urgentes na forma de educação familiar, se desejamos avançar mais céleres rumo ao equilíbrio; e para que isso ocorra deveremos começar por educar os adultos. E isto só está sendo feito em alguns dos raríssimos colégios iniciáticos, sendo mesmo uma das legendas de um grande mestre (e isto é sério).
Todavia como não seja esse o objetivo central desses mesmos colégios, nem das escolas filosóficas, e sim um processo muito mais abrangente que envolve uma profunda transformação do ser, enquanto ente completo e integral, poucas pessoas a essas provas se submetem; e o resultado tem sido pequeno, em número de pessoas, e lento em relação ao tempo.
Mas já representa um grande avanço, pois se nem esses colégios existissem, certamente a humanidade estaria ainda morando nas cavernas, ou andaria talvez pendurada nas árvores.
Portanto expandir esse “colégio” iniciático em uma universidade parece ser o caminho natural, para a expansão do método de transformar consciências humanas primárias em consciências pessoais, mais universalizadas; mas sem o uso de artifícios e sem alimentar ilusões, de que se dão pulos na evolução e em saltos se queimam etapas.
Essa universidade, buscando já um termo adequado em nossa língua, segundo o que a palavra Eubiose revela – que é a arte de bem viver, ou viver de acordo com o bem bom e belo - teremos, a partir daí uma universidade Eubiótica. E aí deverão ser ensinados conhecimentos e técnicas relativas à história e formação do homem, do cosmo e outras coisas mais profundas, para além dos mitos e lendas, de que são envolvidos para quem está fora e não sabe o que realmente aí se passa. E a partir de aí deverão sair os verdadeiros terapeutas da alma humana, e demais cientistas em todas as áreas do conhecimento, contando-se com um contingente maior em formação humanista, muito superior à que ora se observa saindo das atuais academias. De onde, infelizmente, a maioria sai armada com as mais modernas calculadoras, ou breve estágio em administração de empresas, aqueles que não querem recorrer a profissionais da área... É que, infelizmente, em segundo plano vem a atividade profissional propriamente dita, que nem sempre atende de forma adequada aos interesses do paciente. Há exceções, naturalmente que sim, mas o que deveria ser regra tornou-se exceção.
Em muitas outras áreas das profissões liberais, requer-se apenas competência e zelo profissional; mas na área da medicina do futuro, são necessários outros conhecimentos de natureza ancestral. (cosmo genética) anímica e fisiologia oculta, hierarquia, etc. e deverá também o terapeuta possuir outros atributos de caráter humanistas, para não termos exemplos dramáticos como os relatados pela mídia, ou no mínimo engraçados como o exemplo de certo médico, residente em uma pequena cidade ao norte do país, cujo chiste engraçado revela em narrativa um contador de histórias local, que rindo e de forma engraçada dizia:
- O nobre médico, que nem é nobre nem nada, gosta de tomar cerveja e “filosofar” nos botecos; e nesses momentos, descontraído, revela alguns aspectos de sua índole de criança, relatando até as dificuldades de algumas senhoras com a higiene íntima; mas, estranhamente, não gosta ele mesmo de cortar os cabelos que matem longos e ensebados, nem de aparar as unhas, mantendo-as muito compridas e não raramente sujas, mesmo quando sem luvas higiênicas toca nas pacientes... E até na mesa de cirurgia, enquanto médico obstetra.
Mas apresenta-se sempre uma beleza, de roupa impecavelmente branca e muito limpa, o que lhe confere um toque absolutamente singular e não escapa aos comentários dos vizinhos, que riem galhofando quando ele sai de casa para ir trabalhar, quando repetem bordão já tradicional: “lá vai o branquinho por fora e sujinho por dentro”!
Este cidadão caiu na boca do povo por motivos aparentemente fúteis, mas pouco recomendáveis; todavia ele não está aqui presente como exemplo de profissional indigno, mas sim do homem relaxado, e não falar pesado das crônicas criminosas da área. Tem na verdade como objetivo mostrar a necessidade da criação de uma universidade Eubiótica, diante da falta de ética de alguns médicos e outros profissionais, cuja eficiência é meramente econômica...
Mas a razão maior da urgência com que se deve criar esta universidade reside no descarrilamento, em que o mundo segue ladeira a baixo, veloz. E vai sem se importar com os frutos maravilhosos que arrasta consigo e são crianças, onde ainda não houve tempo de escrever as primeiras cenas de um enredo, que poderá servir de início a uma humanidade melhor e mais justa.
Dizem os mais sérios estudiosos da milenar ciência Teosófica, que a mais bela estrela do eterno teria renunciado a seu trono a fim de apressar a evolução da humanidade; e que esta é de algum modo a sua filha. Porque então nesta condição não buscar pelos meios mais nobres, que são os do conhecimento e os da cultura, mecanismos de apressamento da evolução do homem, se todos nós já sabemos que o grande sofrimento é causado pela ignorância? E esta vem sendo alimentada e interessa a quem? Grandes catedrais e igrejas, grandes escritórios de representação política vêm crescendo em pompa e circunstância, pra quê?
Portanto, a Universidade Eubiótica, ou aquela que ensinará a arte do bom viver, segundo os dicionários quanto à palavra EUBIOSE, não é mais uma questão de idéia, senão uma necessidade absoluta. E doravante tornar-se-á falha imperdoável, se a contento não se esgotarem todos os esforços no sentido de edificá-la por todos aqueles que muito ou pouco tenham a oferecer, quaisquer que sejam as suas contribuições.
Se no passado tivemos esse gesto grandioso na singularidade de um Platão e sua academia, hoje teremos a pluralidade de mãos e cabeças regidas por uma vontade férrea, juntamente com os corações suavizados e amorosamente voltados para o outro. No passado mais recente, ao contrário, em razão da vontade fraca e não se olhar amorosamente para ver o outro lá fora, se chegou até aqui vestidos com a capa vermelha do egoísmo, absolutamente cegos e guiados por uma igreja despótica e completamente mergulhada em trevas, cujo objetivo está sendo de envolver-nos em permanente divida para com deus, diante do qual devemos eternamente nos sentir culpados e permanentemente ameaçados com o inferno, comandado pelo Diabo; só que esqueceram de separá-lo de Deus... Mas não entrarei nesses detalhes, que eles não entenderiam, embora eu possa garantir preferir Lúcifer a esse deus que eles inventaram e tentam amordaçar o verdadeiro, que se expressa inclusive e principalmente pela inteligência... Digamos luciferina. Isto só para provocar nos cegos o famoso “cruz credo”! E rir um pouco, pois rir faz bem alma.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
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