"em nove anos de liberdade, Timor-Leste não conseguiu assegurar água, luz e esgotos para a sua pequena capital. Baucau, a segunda cidade é apenas uma versão ajardinada da favela que é Dili, graças à gestão autárquica (oficiosa) do bispado."
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"o bem publico e as necessidades do povo são ignorados há nove anos com um desprezo obsceno. O melhor exemplo é a companhia de eletricidade: durante cinco anos, a central de Dili não teve manutenção de nenhum dos 14 geradores - todos oferecidos - ate que a última grande maquina resfolegou."
"O hospital Nacional Guido Valadares, onde se inaugura esta semana instalações rutilantes, não teve até hoje um ecógrafo decente nem ventiladores nos Cuidados Intensivos"
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"A taxa de mortalidade infantil é apenas superada a nível mundial pelo Afeganistão. A mortalidade pós-parto é assustadora. Entretanto, cada mulher timorense em idade fértil tem em média 7.6 filhos."
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"cerca de metade dos timorenses vive com menos de 60 cêntimos de euro por dia e, desses, metade são crianças"
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"a filiação de cada timorense continua a ser à respectiva "uma lulik" (casa sagrada) e às linhagens que definem outros territórios e outras leis que não passam por ministros, juízes nem policias, mas por monarcas, oligarcas e chefes de guerra."
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"Versão moderna dos Estados dentro do Estado: a ultima contagem, confidencial, da conta de 350 acessores internacionais junto do IV Governo Constitucional"
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"A Timor Telecom vai fechar o ano com 120 mil clientes na rede móvel, 12 por cento da população, uma taxa ao nível de países es com o triplo de rendimento per capita do timorense.
A maioria dos timorenses não paga o que consome: agua, eletricidade, casa, terra, credito, arroz. Este modelo de pilhagem e esbanjamento é insustentável na economia"
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"a reintrodução do português só poderá ter êxito com a cumulação de duas coisas: firmeza política, em Dili, sobre as suas línguas oficiais; massificação de meios ao serviço de ambas.
O Instituto Nacional de Linguística tem 500 dólares de orçamento mensal."
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"No "Babel lorosa", como lhe chamou Luiz Filipe Thomaz não se fala bem nenhuma das línguas da praça (tetum, português, inglês, indonésio)."
Fonte:
Pedro Rosa Mendes
Publico, 25 novembro de 2008
Se esta descrição for minimamente compatível com a realidade (o que dado o profundo conhecimento do local que este correspondente da Lusa tem, é pouco provável)... se o mais recente pais lusófono não é um "Estado falhado", então não sei o que seja... Apesar de relativas riquezas em terrenos férteis (envolvidos numa duvidosa venda a uma empresa indonésia) e de campos petrolíferos em aguas profundas, Timor ainda não soube criar uma estrutura económica minimamente capaz de assegurar a sobrevivência do seu povo.
A grande parte da responsabilidade por este atroz estado de coisas só pode ser assacado à sua classe política. Incapaz de reger com regras mínimas de boa governança, e destituída da devida autoridade para aplacar as violentas tensões tribais latentes em Timor-Leste, o pais caminha a passo acelerado para o colapso... Os recentes ataques a Ramos Horta, o "golpe de Estado presidencial" de Xanana Gusmão obedientemente cumprindo mandamentos do poder colonial australiano, revelam um Estado em desagregação que se prepara para se tornar num protectorado australiano, como já o é a Papua oriental...
Quais são as saídas para Timor? É manifesto que as coisas não podem ir seguindo pelo mesmo passo, ou dentro de muito pouco tempo veremos a Indonésia regressando ao território para aplacar o caos interno, ou, pior ainda, a Austrália enviando tropas de "estabilização - ocupação". Se a situação chegar a este ponto, será tarde para reverter a marcha... Urge então agir. E esta ação deve ser tomada pela Lusofonia não deixando que estas duas potências regionais: a Indonésia e a Austrália usurpem da independência timorense. Somente forcas militares e policiais lusófonas - como aquelas a cuja criação apelamos AQUI - podem pacificar e estabilizar o pais. A administração timorense deve ser suspensa e instalados tribunais civis internacionais capazes de investigar, julgar e condenar os criminosos que tem abusado do Estado e do povo timorenses. O próprio Estado de Timor deve deixar aplacar as suas tensões tribais instituindo um modelo de administração fortemente descentralizado e democrático nas mais pequenas e básicas células municipais, deixando a Administração do Estado a uma entidade multinacional que entendemos dever ser a CPLP. Deve ser definido um período de transição para esta governação internacional, durante a qual as grandes prioridades devem ser colocadas nas infra-estruturas e na Educação de uma população massivamente iletrada e inculta. Findo este período de transição, o povo timorense deve ser colocado a referendo, com todas as devidas opções em aberto, desde o regresso a um governo independente, ao prolongamento da administração internacional por mais alguns anos, ate à própria reintegração com a Indonésia ou Portugal. Tudo deve estar na mesa, e todo o lixo político que atualmente o explora varrido para debaixo do tapete da História.
4 comentários:
A situação está de facto a degradar-se cada vez mais. E há que fazer algo. Desde logo, pressionar a CPLP a fazer...
e reavaliar de novo todas as opções... a gravidade e o descontrolo atual impõe que se deva olhar par Timor sem preconceitos nem ideias feitas.
E votar, ainda que isto seja o mínimo, e já está em 974 ...
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