A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A Pedra no Charco: o Povo

"E o povo?", dir-se-á. O pensador ou o historiador que empregue esta palavra sem ironia desqualifica-se. O "povo", sabe-se demasiado bem a que se destina: padecer os acontecimentos e as fantasias dos governantes, prestando-se a desígnios que o abatem e anulam. Toda a experiência política, por mais "avançada" que seja, desenrola-se às suas custas, dirige-se contra ele: ele traz os estigmas da escravatura por decreto divino ou diabólico. Inútil apiedar-se dele: a sua causa é sem recurso. Nações e impérios formam-se pela sua complacência com as iniquidades de que é objecto. Não há chefe de estado ou conquistador que não o despreze; mas ele aceita este desprezo e dele vive. Cessasse de ser frouxo ou vítima, faltasse aos seus destinos, a sociedade desvanecer-se-ia e, com ela, toda a história. Não sejamos demasiado optimistas: nada nele permite considerar uma tão bela eventualidade. Tal qual é, representa um convite ao despotismo. Suporta as suas provações, por vezes solicita-as, e não se revolta contra elas senão para correr em direcção a novas, mais atrozes que as antigas. Sendo a revolução o seu único luxo, para ela se precipita, não tanto para daí retirar alguns benefícios ou melhorar a sua sorte, antes para adquirir também o direito de ser insolente, vantagem que o consola das suas habituais desgraças, mas que perde assim que são abolidos os privilégios da desordem. Não havendo nenhum regime que assegure a sua salvação, acomoda-se a todos e a nenhum. E, desde o Dilúvio até ao Juízo, tudo aquilo a que pode pretender é a executar honestamente a sua missão de vencido"

- E. M. Cioran, "Histoire et Utopie", in Oeuvres, Paris, Gallimard, 1995, pp.1010-1011.

7 comentários:

António José Borges disse...

Caro Paulo Borges,

o texto de Cioran é muito bom, mas há aqui alguma ficção de antecipação, pois Cioran faz um retrato pessimista, ainda que muito bem informado, do mistério da história que é o futuro. E penso que o futuro se constrói no presente!

Por isso acho que o romancista deve escrever para o presente, não com o toque de Midas mas com a razão que não engendra monstros. Adiante...

Torga dizia que o povo é quem faz o mundo. É verdade. Pode ser uma massa incontrolável. E se às vezes pode transformá-lo, ainda que temporariamente, então às vezes também pode um dia ser sempre, quando a decisiva humanidade nos atingir como um raio: não atordoador, mas despertador.

Quando Cioran fala do carácter efémero da revolução, não estará, talvez inconscientemente, a dar razão à causa "la revolucion nunca se acaba".
Não é esta uma posição neo-comunista, pois sou uma águia ideológica, um espírito livre cuja causa maior é a boa Lusofonia, não me atenho a prensas políticas, porém, não recuso a razão. Como diz o povo, estou aqui a pensar comigo!

Nem os mestres têm a propriedade da verdade insofismável, nem o povo terá ad eternum esse determinismo fatalista que a história lhe atribui.

A humanidade, insisto, não tem uma base ex nihilo.

Aproveito para desejar que o Paulo Borges tenha gostado dos meus textos que há meses lhe entreguei com todo o gosto.

Um abraço e, esperando vê-lo em 2009, desejo-lhe uma boa passagem de ano e um bom início de 2009.

António José Borges

Renato Epifânio disse...

Outra citação, em troca...

"Numa boa ordenação das coisas públicas, a massa é o que não actua por si mesma. Tal é a sua missão. Veio ao mundo para ser dirigida, influída, representada, organizada – até para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas não veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida à instância superior, constituída pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem são os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade não existiria no que tem de mais essencial, é coisa sobre a qual convém que não haja dúvida alguma, embora leve a Europa todo um século a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrúcios para ver se consegue não ver tão radiante evidência. Porque não se trata de uma opinião fundada em factos mais ou menos frequentes e prováveis, mas numa lei da «física» social, muito mais incomovível que as leis da física de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autêntica filosofia – única coisa que pode salvá-la –, compreender-se-á que o homem é, tenha ou não vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instância superior. Se consegue por si mesmo encontrá-la, é que é um homem excelente; senão, é que é um homem-massa e necessita recebê-la daquele."

Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

António José Borges disse...

Estimado Renato, concedo-te que a palavra "massa" é desadequada. Substituo-a então por "força".

Quanto ao resto, a propósito de Cioran:

“… ganhou o título de barão pelas autoridades imperiais. Assim, pode-se dizer que Emil Cioran, em virtude da linhagem materna pertencia a uma pequena família de nobres na Transilvânia.
(…)
“… Cioran, Eliade e Ţuţea tornaram-se adeptos das idéias de seu mestre Nae Ionescu – ou seja, uma corrente denominada Trăirism, que mesclava o Existencialismo com idéias comuns às várias formas do Fascismo.”

... troco contigo uma citação do mesmo Ortega e Gasset:

"Eu sou eu e a minha circunstância... «Yo soy yo y mi circunstancia y si no la salvo a ella nome salvo yo»(Ortega e Gasset)":

Renato, há uma liberdade da qual não se pode fugir. Por isso penso que o escritor abraça estritamente a sua época.

O homem de hoje, mais do que nunca, está perante a urgente necessidade de se abrir para o outro, de voltar-se para o outro, de salvar o outro, sob pena de não se salvar a si mesmo.

O alerta/ultimato de O.G. pode ser interpretado como puro Existencialismo.

E não me venham com conclusões, pois a única conclusão é que quem não pensa e age para melhorar o mundo será atropelado pela História.

Abraço.

Renato Epifânio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Epifânio disse...

Subscrevo particularmente a tua última frase...
Abraço MIL

Paulo Borges disse...

Quem lê Cioran sabe que a história não é senão o filme do atropelo do homem por si mesmo...

Abraços

JSL disse...

"E não me venham com conclusões, pois a única conclusão é que quem não pensa e age para melhorar o mundo será atropelado pela História."

Quando a contradição move o mundo o mundo avança.

Quem não age vive morrendo
Perde tudo e até a sua memória
E quem assim vive não vivendo
Será atropelado pela História.