No texto publicado em 6 do corrente fazia-se referência ao magnífico edifício onde o Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes está instalado. É um edifício cuja fachada principal é quase todo de cantaria de granito que hoje não mostra as barbaridades que ao longo dos anos lhe foram feitas.

A partir da década de 30 do Século passado, foi ocupado, sucessivamente, pelo Tribunal da Relação e pelo Arquivo de Identificação do Porto.
Em consequência dessas ocupações e dos maus tratos ( péssimos tratos ) que lhe deram, em 1974 o edifício encontrava-se num estado de degradação próximo da ruína. Bastará recordar que, durante esses anos de ocupação, houve quem tivesse sido capaz de retirar ou destruir os fogões-de-sala em mármore de Carrara existentes em cada sala. Igual sorte tiveram as figuras douradas dos capitéis das falsas colunas do salão nobre.
No começo da década de 70, o então banqueiro Pinto de Magalhães pretendeu adquirir o edifício para o demolir para alargamento do supermercado que se estenderia da Rua Passos Manuel à Rua Formosa.
Felizmente, esse crime contra o património arquitectónico da cidade não se consumou porque a Câmara Municipal classificou o edifício como de interesse artístico e arquitectónico.
Assim, a venda que estava ajustada por 11.000 contos, não chegou a realizar-se e os proprietários que, na altura, 1974,eram já em número de 16,viram-se impossibilitados de fazer a partilha do imóvel que só poderia interessar ao Estado, à Câmara Municipal ou a uma instituição, para nele instalar os seus serviços.
Foi então a vez do Núcleo do Porto encetar negociações para aquisição do imóvel, o que veio a conseguir pelo valor, irrisório mesmo para a época, de 5.800 contos.
No dia 16 de Março de 1974, foi assinada, no salão nobre, a escritura de compra e venda.
O edifício teve a sorte de, nessa altura, ser Presidente da Direcção do Núcleo do Porto o hoje coronel Mário Fernandes da Ponte que, não só o salvou da destruição, mas que, graças ao facto de ser engenheiro civil, tratou imediatamente de encetar as primeiras e indispensáveis obras. A ele deve a cidade a preservação desta jóia arquitectónica e a Liga dos Combatentes o orgulho de ter as suas instalações num dos mais significativos edifícios da cidade.
Foi renovada e ampliada a instalação eléctrica, substituida toda a caixilharia da fachada posterior ( a maioria já não existia ), fizeram-se outras pequenas obras e, em Setembro de 1974, os serviços do Núcleo começaram a funcionar no edifício, onde hoje se encontram.

Desde então e à medida que as disponibilidades o permitiam, foram efectuadas as necessárias obras de recuperação e adaptação. Pode dizer-se que, do edifício adquirido, hoje só existem as paredes de pedra, a escadaria principal e alguns pavimentos em madeira. Aos longo destes 34 anos foram-se fazendo mais melhoramentos, dos quais se deve salientar a recuperação da pintura dos tectos do salão nobre ( hoje sala principal do museu ) que se ficou a dever ao empenho e iniciativa de alguns membros da Direcção do Núcleo e ao seu presidente, o médico tenente-coronel Rui Fernandes, e à decisiva contribuição do Centro de Coordenação da Região Norte que cobriu 60% do custo da obra.



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