HOMEM
O principal atributo, que entre os homens os distingue uns dos outros, é a sabedoria e o amor e que deles se expressa decorrente.
Há por isso inegavelmente homens sábios, e homens ignorantes. Para os homens ignorantes, a suprema conquista são os bens materiais.
As paixões naturalmente como os sensores do bens mais desejados e naturalmente o clube o time e a camisa...
Para outros a erudição acadêmica, que preenche uma boa parte de seus celeiros mentais terrenos; o que já não é mau, considerando os ignorantes que nada sabendo pensam tudo saber e acreditam ver o que se não vê.
Resumidamente, isto encerra os desejos de uma maioria absoluta, incluindo-se nela grande parte da população, que se contenta em mitigar a fome.
Entretanto e de alguma forma, por causa deles é que existem os sábios, que se tornam sábios por amor ao saber, voltado para a salvação de quem se dispõe a ouvir em movimentos ou individualmente.
Constituído informado instruído e filósofo persegue o saber pelo desejo ingênito de compreender e socorrer os carentes, a fim de guiá-los através da via do conhecimento por onde pesa menos caminhar.
E não é o objetivo de nenhum sábio buscar a sabedoria por outro motivo senão para servir e conduzir o próximo; é o que rezam as regras e os códigos dos Manús... E é esta então a única forma de se encontrar Deus.
Por isso é que se diz que o manto do sábio é a humildade; a porta sagrada de seu templo são os seus ouvidos, e o altar de suas orações é a sua alma; e da essência nela semeada através do conhecer e sentir é que nasce a sabedoria.
As suas orações consistem numa constante ação em busca do esclarecimento e da iluminação mental, desejosos de esclarecerem ao próximo, por onde seguirem todos.
Concentra-se também a sua busca na conquista do paraíso, porque é o seu paraíso o silêncio; é sua tarefa, sob o domínio do silêncio encontrar o meio de esclarecer o semelhante sobre o tempo perdido, mas a sua opção entre os homens é sempre em favor dos mais pobres.
O seu real jardim é o seu coração, onde as flores de rara beleza e de raro perfume são as crianças; porque elas representam o futuro; e o elo permanente que une e desune todas as coisas é a mente universal, à que exercita e vivifica dando-lhe formas novas e modelos mais perfeitos.
A seara, portanto, onde o sábio colhe os frutos mais raros e saborosos e onde também semeia as suas humildes sementes, é no seio da humanidade com a sua voz, obras e exemplos.
Porém reconhece o que já fora trabalhado ao longo de longas eras; e as boas sementes destinadas a um futuro melhor, por sábios mais elevados e mais adiantados que ele mais conscientes já as lançaram.
Por isso os livros sagrados e seus autores, juntamente com todas as formas de conhecimento desfrutam de seu mais zeloso respeito.
Afinal, com eles aprendeu muitas artes e entre elas a arte da paciência, porque esperar o momento adequado para agir evita desperdício de tempo; e o tempo deve ser usado com sabedoria, por tudo nele estar contido...
Sabe, entretanto, que o tempo não existe; e sabe também que nesta não existência reside a grande metáfora da vida, entre o ser e o não ser.
Caminha com passos firmes, porque fez da arte do desapego a leveza do seu movimento; e porque também já sabe, segundo os antigos sábios: “quanto mais pesado fizer o mundo, mais o mundo pesará sobre si”.
Compreende e tolera os mais intolerantes, porque reconhece neles a si mesmo, no dia de ontem; e a sua própria intolerância de ontem poderá estar agora com eles!
Faz da prudência a sua arma mais poderosa e com ela se defende de qualquer perigo real ou imaginário; vigia os seus sentidos como quem guarda os seus inimigos; entretanto, usufrui de todas as artes que deles emanam, e a nada rejeita observando a moderação.
A coisa alguma distingue, a ninguém julga, porque reconhece em cada um o seu livre arbítrio, e como resultado de seu estágio evolutivo, a sua pessoal tônica.
E como ele é o sábio ama, pensa, trabalha e confia; mas prudentemente vigia as entradas de sua régia residência, porque a mantenha sempre de portas abertas.
Abraça amorosamente todas as coisas sem distinção, mas serenamente em seu coração agasalha as crianças.
Pensa com acuidade nos problemas metafísicos, de modo a reconhecer os seus efeitos concretos, onde o mundo real das formas e divino se assenta.
Trabalha para o engrandecimento da inteligência, sem esperar recompensa e sem querer para si os frutos da sabedoria, por que sabe que lhe serão inúteis, se a todos não servirem.
“Para que serve afinal a sabedoria, se por ignorância o homem sofre e se penaliza?” É isto que freqüentemente o sábio a si mesmo pergunta.
Confia em si mesmo e em todos os homens, pois sabe por experiência que os erros são em verdade as lições com as quais se edifica a futura experiência.
Reconhece e respeita nos erros os benéficos obstáculos a serem vencidos, para que existam vitórias e vencedores.
Espera, e enquanto o faz ao seu pensamento exercita, porque é isto o que dele espera o universo; sabe também que a forma mental que criar, assim pelo mundo mental espalhar-se-á. Por isso vigia também os seus pensamentos.
Com eles aprendeu e eles lhe dizem que o templo do sábio é o seu corpo, por isso este deve ser muito bem zelado; e se o altar do sábio é a sua alma, deve mantê-la sempre límpida e transparente.
Já o templo coletivo do sábio é o universo, e enquanto no seu altar coletivo está rodeado de todas as almas de todos os homens, e em prol de do resguardo de todas as vidas, concentra a sua luta.
Por isso deve unificar os seus esforços convertidos em orações, e não há oração superior ao trabalho.
Porque o seu Deus é o Deus único e verdadeiro, que em si existe como idéia, pois em verdade só um deus existe, mas deve ser edificado por cada ente que viva; mas é também no âmago de todas as coisas o elo que une, e em todas as coisas é o hálito de vida.
Para que assim também à noite seja a morte que desune e as dores alivia; e se é um em todas as coisas, é ele no embriagado das sarjetas do mundo, e aquele único nos iluminados perfeitos.
É, apesar de constrangido, também o único naqueles que o querem segregar e para este ou aquele beco em vão tentam desviar; é a inteligência que observa e vê, percebe e analisa por trás de todas as coisas; portanto, deus é o único que sabe...
E é por isso que sábio é aquele que apenas sabe que não sabe nada; mas está sempre pronto para ouvir e se calar, enquanto o mundo clama e chama seus uns não seus que não são de ninguém.
Porque o mundo, isto ele já sabe muito bem, é do mundo; em verdade o mundo é de quem no mundo segue caindo e levantando enquanto vivente e estiver respirando, porque respirar é viver.
E o ar que não é de ninguém e a todos alimenta, é também aquele que aos poucos vai retirando a vida na maior das contradições.
O sábio procura a consciência, enquanto o homem comum exalta a personalidade.
O sábio pensa, enquanto o homem comum sente e reage. O sábio alimenta a inteligência e exalta o espírito, enquanto o homem comum alimenta o corpo e exalta a riqueza material.
Mas os dois em seu tempo estão no lugar que lhes pertence e compete, porque aquilo que cabe a um, a outro ainda ou já não cabe.
São, afinal, as duas faces de uma mesma moeda; porém a moeda inteira é a face de deus como homem, enquanto no mundo homens houver.
E gente é o que homens protótipos de deuses e deuses revestidos de homens encerram, enquanto homens comuns e enquanto sábios.
Os homens comuns caminham para o sábio, mas o homem sábio não pode jamais caminhar para o homem comum!
Seu tempo é outro e o seu ritmo perderá o eixo no tempo impróprio do homem terreno; e aí então o céu cairia, porque deus erraria nesse que caísse. (...).
É por isso o seu caminho mais estreito, não obstante e apesar de o mais largo e o mais longo... Porém sua vida será muito mais duradoura, porque, em verdade, em muitas outras vidas se funde e converte...
E porque sabe que deus é apenas uma idéia, trata o sábio de lhe dar forma, construindo o mundo com as suas humildes pedrinhas, que vão demarcando o caminho para si e para quem segue a trilha da evolução...
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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sábado, 29 de novembro de 2008
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3 comentários:
Gostei muito.
Parabéns pelos seus textos.
"Um homem é um pouco mais e um pouco menos que um homem"
"Um homem é um pouco mais e um pouco menos que um homem"
Isto mesmo e assim.
Obrigadão, Luiz.
Acho, por outro lado, e mudando de assunto ainda há muito "silêncio",
por aqui.
Há um ar tímido, nos comentários.
Mas é muito bom estar aqui.
E desculpe o Z rsrsrs
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