Toronto, Canadá, 17 Out (Lusa) - Graça Castanho, professora da Universidade dos Açores e coordenadora do ensino de português nos EUA entre 2003 e 2005, disse à Lusa que "as universidades que leccionam o português estão muito fechadas sobre si próprias".
"Não fazem a ligação com as comunidades lusófonas e as autoridades escolares dos países onde estão radicadas, nem fazem a promoção e divulgação da língua", explicou.
Isto sucede ao invés da tendência verificada em outros departamentos universitários de línguas europeias de expansão internacional, como o espanhol, alemão, francês, italiano, os quais "têm parceiros privilegiados para fazer a ligação entre o ensino universitário e a investigação e a formação dos professores para níveis mais baixos. Cabe-lhes também a elaboração de materiais pedagógico-didácticos para níveis de ensino mais baixos", salientou.
Conforme defendeu, esse é que deve ser o caminho da mudança e o papel para as universidades que leccionam o português no estrangeiro, não se devendo restringir ao ensino da língua.
"É muito importante tratar dos estudantes do ensino não universitário, porque nas universidades não temos alunos nos graus avançados de Português, como acontece nas outras línguas", frisou Graça Castanho.
Neste ponto exemplificou com o caso dos Estados Unidos onde "temos alunos que chegam às universidades para aprender o Português de iniciação em vez de ser de especialização".
No mesmo sentido, Sílvia Belo de Oliveira, professora assistente da Universidade de Massachussets-Darmouth, nos EUA, preconizou que o modelo das escolas comunitárias deve ser repensado perante a estagnação do fluxo migratório de Portugal, devendo abrir as portas a alunos de outras proveniências como Cabo Verde e Brasil.
Defendeu, por outro lado, que as universidades devem ser passar a ser responsáveis pela elaboração de materiais pedagógicos e fazer a formação de professores para níveis de ensino mais baixo.
Indicou a propósito que a sua universidade de Massachussets-Darmouth tem já tem um projecto estabelecido com Departamento de Educação do Estado norte-americano de Massachussets com vista à formação de professores, o qual foi fixado directamente com as autoridades estaduais e sem a participação do Ministério da Educação português.
No decurso deste congresso foi lançado o livro "O Chão da Renúncia" de Aida Baptista, leitora da Universidade de Toronto designada pelo Instituto Camões entre 1998 e 2008, e que, apesar do regresso a Portugal, tem mantido forte ligação com a comunidade lusa de Toronto.
A realização desta iniciativa, de 16 a 18 de Outubro, conta com a participação de algumas dezenas de especialistas na área da educação e docentes universitários de português dos Estados Unidos e do Canadá e teve os apoios do Instituto Camões, Consulado-Geral de Portugal, Fundação Luso-Americana, da PALCUS - Portuguese-American Leadership Council of the United States, entre outras entidades.
EF.
Lusa/Fim
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sábado, 18 de outubro de 2008
Universidades que leccionam português no estrangeiro "estão muito fechadas sobre si próprias"
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