Cego
CEGO de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedras, polindo vazios de serventias, ninhais e encantários em palavras timbrais. Um dia achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total. Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.
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Silas Correa Leite, Itararé, São Paulo, Brasil
Conto “Cego”, declamado por Antonio Abujamra no site da TV Cultura, Programa Provocações (Leia e ouça em Media Player)
E-mail do autor: poesilas@terra.com.br
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
Ou: www.campodetrigocomcorvos.zip.net
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