A dificuldade está em entender que de dia vi-vemos n-o interior do núcleo da Terra, à noite n-o exterior. Como? Assim como estamos acordados de dia, a viver o exterior do corpo, e à noite voltamos ao interior do corpo - sem nunca abandonar nenhum completamente. O exterior do nosso corpo é a parte de dentro do núcleo da Terra, o interior a parte de fora.
Para que o Homem seja inteiro, precisa de aliar as duas partes: que o interior do corpo seja também o interior do núcleo da Terra, como acontece pelo Amor, e na gravidez, em que interior e exterior se fundem, tomando a existência apenas lugar no núcleo... do Amor.
Enquanto os vegetais tanto nascem como morrem a partir do interior da Terra, o corpo dos animais tem a particularidade de nascer a partir do interior destes e de ao morrer se unir à terra. Com isto se pressupõe que o interior dos animais (fundamentalmente o útero da mulher) reproduz o interior da Terra, pois todo o fim repete o respectivo início, isto é, os animais nascem e vivem sempre separados do corpo que efectivamente são. Somente ao nascerem através do corpo-Mãe vivem realmente, ou melhor, ao nascerem directamente da superfície do corpo dos animais por esta reproduzir inteiramente o corpo-Terra que é.
Loucura? Loucura é a humanidade achar-se a ser guiada por um leme que não existe, ou que existe não existindo: a mente, por fantasmas que se crêem reais, se nunca ninguém os viu: os pensamentos.
"É portanto necessário vermos a ideia de futuro, não como muita gente a vê como uma coisa impossível de se realizar, mas sobretudo, como uma coisa possibilíssima de ser ultrapassada de tal maneira que nós nem a pudéssemos entender."
Agostinho da Silva
Nota: Antes do intelecto havia já intuição, antes do pensamento havia já sentimento, querer alcançar o primeiro saltando por cima do segundo é querer dar um passo maior que a perna. Porque não dar dois andando, que um apenas imaginando? Isto é, prefiro recuar ou desviar-me sentindo o chão das minhas palavras que dar um passo racional perfeito, o que quero é caminhar sem chegar, o que desejo é apenas viver sem saber, e não, saber sem viver, porque o maior saber que alguma vez poderei alcançar é o próprio viver:
saber viver é não saber.
(Foto do Google)

8 comentários:
A palavra-semente: o saber, só germina em terra virgem: ignorante.
(sendo que a planta para se manter viva precisa continuamente da terra a sustentá-la. o saber humano morre logo que se desliga de se não saber.)
Cara Anita, há uma nobre tradição na teologia e filosofia ocidentais que é a da "douta ignorância", a qual é todavia uma forma de saber, seja um saber na ausência de conhecimento conceptual, seja um saber que não se sabe. Significa isto que há uma ignorância apenas ignorante e, ao falar de não-saber, convém dizer em que sentido o fazemos.
Por outro lado, ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a essa ignorância ignorante que é própria da irreflexão dos instintos vitais, da luta pela sobrevivência, etc. Como se vê, a mente - que tem várias funções, desde a intuitiva à conceptual - é bastante necessária, que mais não seja para fazer estas distinções.
Creio por outro lado que a Vida, a vida imortal, a vida verdadeira que há em nós e em tudo, se experimenta e sabe, transcendendo as oposições da função conceptual da mente, que separa saber e viver.
Já está respondido na Serpente...
mas como esta conversa é como as cerejas... sim a mente é importante... mas ela funciona por ela, tal como o resto dos orgãos do corpo, dar-lhe mais importância do que o resto do corpo é vê-la fora dele... e nós nesta vida física apenas existimos nele.
Atentamente.
"Ora sucede que nunca fui pensador, jamais me pus pensando, como quem delibera andar ou comer, posto de parte naturalmente o quando estudo e quero entender o que estudo, mas ainda haveria a discutir se isto é pensar e não uma espécie de apurar vista ou ouvido; mas o pensar de invenção, admitindo que alguma vez o houve, sempre o deixei por conta do cérebro, se é este que pensa, como deixo o digerir por conta do estômago e o correr do sangue por conta do coração e por conta das válvulas que nunca deixam refluir, coisa fundamental. Ora o pensar assim, que era ao que vinha, já outra vez num longo período, importa-se pouco com os pontos finais e os parágrafos; apenas acontece; acontece acordado e acontece a dormir; acontece certo e acontece errado; e pode ser que se exerça em realidade ou sonho."
Agostinho da Silva
Não vejo sentido no que li. É literatura surrealista?
Iara,
Não é propriamente uma literatura que se encontre vulgarmente... mas acredita que se fosse pura invenção não a escreveria, e muito menos aqui a colocaria. Não aprecio muito ficção desligada da realidade e embora esta parecendo... talvez não o seja. Mas compreendo bem o cepticismo.
Atentamente.
Escritora e crítica. O elogio a si mesma. Olhe, eu não classifiquei como vulgar, o vulgar pode ter qualidade. Nem é cepticismo meu, é saber ler por profissão.
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