Tudo o que existe hoje no mundo existe desde o princípio, a passagem do tempo está apenas a revelar o que encoberto ainda há, até que totalmente se descubra e se crie como ser universal que é. A Terra, como Plan-e-ta que cresce, desenvolve-se naturalmente, por si, e como ela o ser humano, ao ser uno com ela. A influência do consciente do Homem sobre si próprio é igual à do consciente da flor que brota da terra, que, como não o tem, é nenhuma.
O mar que gera as ondas é o mesmo mar do amor que gera o Homem. Cada onda forma-se porque se deixou formar, o Homem que resiste, resiste contra si próprio.
Do mar se forma a onda, da mãe se forma o filho, do corpo se forma a mente, de que serve querer o Homem controlar o próprio corpo que o forma? De que vale a onda querer controlar o mar? O Homem que se pensa como onda perde-se do mar que é, reduzindo-se a uma ideia sem corpo, a uma onda sem mar.
O ser humano esquece-se que não é só quando nasce que é formado pelo corpo da mãe, que continua vivo por estar sempre a ser formado pelo mar do seu corpo.
Agora percebo a minha indiferença quanto à actividade humana que se quer puramente consciente, não são mais do que ondas do mar, que ainda por cima se enganam a si mesmas como sendo algo mais do que o magno mar que as originou. O se-r-eno mar é o meu ser real, o horizonte que o une ao céu o meu único destino, ali onde o sol nasce rei, a ilha do sul onde veramente a cruz da vida floresce.
Assim como amar é deixar-se ser amado, viver é deixar-se ser vivido, que a vida -do Amor- nos viva, a que somos.
Madredeus
(Foto pessoal: do Cabo Espichel)
Sem comentários:
Enviar um comentário