
"a claridade vigia aqueles servos.
que ele encontra - com a candeia nos olhos
nos lábios, na garganta. quem dera
que a mim me acordasse também do coração paralítico
e entornasse no meu sangue o propagadíssimo
movimento do amor - o próprio cimo das visões.
quem dera que o lume
descesse como candeia dos que recebem quem chega
o clarão mais cortante
do que para o astrónomo em pleno dia de lembranças do que brilha.
quem dera propagasse em mim a ferida incendiária de amá-lo com excesso
e melhor. quem dera a minha lâmpada não se extinguisse pela noite
fora, a minha casa iluminasse quem entra
avivada para mim e brilhando para os outros, a lâmpada
sempre acesa para nunca se quebrar. ditosa vigília
que clareasse e caldeasse a vida para o centro
da mão
que ilumina a porta que abre diante de quem vem
pela meditação batendo assiduamente. e depois
que vendo os olhos gerassem a sua própria água
a corrente
o amor que as águas não podem apagar."
daniel faria
in, "poesia" - quasi edições
(foto:velislava - "divison by mirror"
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