A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cadernos de Agostinho da Silva (excertos)


LITERATURA PORTUGUESA (I)

Na faixa ocidental da Península, onde se falava o galaico-português, desenvolveu-se desde data impossí­vel de precisar uma poesia lírica cuja característica principal, quanto à forma, é o paralelismo, tão frequente nas poesias populares; nada sabemos de posi­tivo quanto à sua origem podendo hesitar-se entre uma tese árabe, outra que lhe atribui a aparição às Festas de Maio e outra ainda que a filia em certos can­tos eclesiásticos. Pelo que diz respeito ao assunto, as poesias paralelísticas cantam com uma certa frescura, uma certa ingenuidade graciosa, as saudades da na­morada, as suas confidências e as suas esperanças, por vezes com alguma sensibilidade à paisagem; não têm no entanto grande valor nem é possível atribuir aos seus autores quaisquer características pessoais. O mesmo acontece com os poetas que, em todas ou algumas das suas composições, se inclinavam mais para a imitação dos modelos que vinham da Provença, nas cantigas de amor e em certas cantigas de amigo ou poesias em que a rapariga manifesta o seu amor. O ca­rácter de artificialidade e de escola é extremamente acentuado e a obediência a modelos de tal ordem que se torna difícil, mesmo em autores de grande produ­ção, como por exemplo el-rei D. Dinis, qualquer fixa­ção de qualidades que os distingam uns dos outros.
Um pouco mais tarde do que estas poesias, cujo primeiro texto deve ser do século XII, e que se encontram reunidas nos Cancioneiros, aparece a prosa, cujo valor artístico é ainda menor do que o da poesia, se exceptuarmos um número bastante reduzido de pági­nas; como era natural, numa sociedade em que a in­fluência religiosa se fazia sentir, grande parte dos textos é de carácter apologético; há vidas de santos sermões, tratados moralizadores, em que a inspiração, quando existe, luta contra as imperfeições inevitáveis numa prosa que principia. Nos Nobiliários ou Li­vros de Linhagens, que são os mais importantes de toda a literatura histórica da época há trechos em que já se revela poder de descrição e certo sentido dramá­tico: bastará citar a Lenda de Gaia, o Bispo Negro, A Dama-Pé de Cabra, a Batalha de Salado.
O romance de cavalaria, respondendo como a lite­ratura religiosa e a literatura histórica, às necessida­des e características da sociedade do tempo, aparece re­presentado, principalmente, pela História de Vespa­siano, o Romance do Graa1, ligado ao ciclo do Rei Artur, e pelo Amadis de Gaula, se é de aceitar a hipó­tese de uma redacção portuguesa anterior à versão castelhana.
A partir dos fins do século XIV a literatura poética muda de aspecto quanto aos temas e quanto à realização técnica, sobretudo devido à influência da literatura castelhana e, através desta, da literatura ita­liana. No Cancioneiro de Resende, compilado no sé­culo XV, mas só publicado no século XVI, os poetas, que são ainda nitidamente poetas de corte, entretêm-se em futilidades, por vezes interessantes para os estudos históricos, mas de valor literário muito reduzido. Só as Trovas à morte de Inês de Castro, de Garcia de Re­sende, a Cantiga Sua Partindo-se, de Castelo Branco, o Inferno de Namorados de Duarte de Brito se levan­tam ao nível da verdadeira poesia. Já o mesmo não acontece na prosa, se pusermos de parte os trabalhos de D. João I e de alguns dos filhos — o Livro de Montaria, o Leal Conselheiro (D. Duarte), o Tratado da Virtuosa Bemfeitoria (D. Pedro). Fernão Lopes (1380?-1445?) desenvolvendo o que já se encontrava tomo germe nos Livros de Li­nhagens, afirma-se como um dos melhores escritores portugueses e com toda a possibilidade de sustentar comparação com os grandes cronistas estrangeiros; a época que escolheu, ou lhe foi imposta, corno tema da sua história, desde o reinado de D. Pedro até ao de D. João I, era fértil em acontecimentos dramáticos que serviam maravilhosamente o génio do escritor ; o seu ardente patriotismo, que não o leva em todo o caso a deturpar a verdade, a sua simpatia pelo povo, o seu gosto do pitoresco, a capacidade de movimentar gran­des massas, a nitidez e a finura dos retratos psicológi­cos, a imparcialidade de que só os grandes artistas são capazes, dão a Fernão Lopes um lugar excepcional na literatura histórica da sua época; tudo se congregou, qualidade do tema e qualidade do escritor, para que qualquer das suas crónicas, a de D. Pedro, a de D. Fer­nando, a de D. João, sobretudo a última, abundem em páginas de que seria impossível exceder a beleza, a in­teligência, o perfeito domínio. Qualquer dos seus su­cessores, Rui de Pina (1440?-1521 ?) e Gomes Eanes de Azurara (? -1474), se lhe mostra muitíssimo infe­rior : são funcionários que cumprem o seu dever de registar factos e por vezes com bastante parcialidade; há, no entanto, do primeiro, alguns quadros da Cró­nica de D. Dinis e da Crónica de D. João III, do se­gundo, alguns passos da Crónica da Guiné e da Cró­nica de D. João I, que se elevam um pouco acima da mediocridade. O mesmo se poderá dizer da Crónica do Infante Santo, escrita por Frei João Álvares e da Crónica de D. João II de Garcia de Resende (1470?-1536), embora esta última forneça alguns elementos interessantes para o estudo da psicologia do rei. A Cró­nica do Condestabre é, possivelmente, um esboço da história de Fernão Lopes ou então um livro em que se aproveitaram trechos deste autor.

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