Entre 1659 e 1665 Vieira desenha a estrutura fundamental daquela que já então considerava que seria a sua grande obra, a “Clavis Prophetarum”. Nesses seis anos concebeu o plano para sete livros que deveriam contêr um total de 59 capítulos, respondendo um a cada pergunta que listara nesses anos. Dessa obra ciclópica, somente alguns escritos dispersos ficaram prontos, e destes alguns perderam-se para sempre… Consciente do gigantismo da montanha que tinha perante si, em 1663, somaria a esse plano uma obra introdutória, o “Livro Anteprimeiro da História do Futuro”, a qual, contudo, ficaria tão incompleta quanto a obra principal que devia anteceder. Não só as intensas actividades políticas e diplomáticas o afastaram desse desafio, como a própria actividade polémica de Vieira haveria de atrair a sempre indesejada atenção da Inquisição e logo, de desviar a atenção de Vieira sobre a Clavis, já que os esboços da obra continham vários pontos que íam contra o Dogma católico e poderiam inflamar ainda mais as suspeitas do Santo Ofício…
Para descobrir a chave “Clavis” para o Futuro de que discorreria nesta sua grande obra, Vieira recorre aquela fonte que elege como primeira não só em ordem como em importância: a palavra dos profetas do passado e daqueles que ao longo dos tempos os foram comentando.
Existe uma grande e fundamental diferença de tom entre a “Clavis Prophetarum” e a “História do Futuro”: Se a segunda trata fundamentalmente do futuro de Portugal e do destino deste na transformação do mundo, na “Clavis” estamos perante uma obra quase totalmente dedicada à evangelização futura do mundo. Nesta, o papel de Portugal nessa transformação é reduzido e das poucas referências, a primeira é uma alusão ao mítico “Milagre de Ourique” em que o primeiro rei português, Dom Afonso Henriques recebe um especial mandado de Deus.
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