A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Da utilidade do abandono que se deve realizar interior e exteriormente

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"Deverás saber que, nesta vida, nunca uma pessoa se abandonou assim tanto, que não tenha achado que se devia abandonar ainda mais. Existem poucas pessoas que respeitam isso correctamente e nisso são constantes. É uma troca de valor igual e uma justa transacção: tanto quanto tu saíres de todas as coisas, tanto quanto, nem mais nem menos, entrará Deus com tudo o que é Seu, contanto que tu te tenhas inteiramente despojado do que é teu. Começa pois por aí, e expende nisso tudo o que conseguires arranjar. Aí encontrarás verdadeira paz e em mais lado nenhum.
As pessoas não necessitavam de reflectir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, reflectir sobre aquilo que elas são. Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente. Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas. Não se pode pensar a santidade com fundamento numa acção; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras. Por muito santas que as obras possam ser, elas não nos santificarão de modo algum, porquanto elas sejam obras, mas: tanto quanto nós formos santos e possuirmos ser, assim santificaremos todas as nossas obras, sejam elas comer, dormir, despertar ou seja o que for. Aqueles cujo ser não é grande, façam que obras fizerem, daí nada sairá. Reconhece, por conseguinte, que se deve empregar toda a determinação em ser bom, - e não tanto naquilo que se faz ou no modo de as coisas serem, senão em qual há-de ser o fundamento das obras."

- Mestre Eckhart, Conversações Espirituais, 4, in Mestre Eckhart, O Abismo Eterno, antologia de tratados e sermões escolhidos por Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, prefácios de Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, tradução do alemão de Jorge Telles de Menezes, Lisboa, Mundos Paralelos, 2008 (no prelo).

4 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

(Reproducao de comentario escrito no serpenteemplumada.blogspot.com . Escrito em computador portatil norte-Americano, o que explica e justifica a ausencia de acentos e cedilhas.)

Excelente texto, que realmente da muito qu pensar. Principalmente em relacao as intencoes que estao por detras cada acto que fazemos, principalmente os supostamente mais "altruistas". No entanto, ha uma questao que fica pendente: O que significa ser "bom"? Quando sabemos que estamos a ser "bons", ou que nos estamos a "esvaziar"? Tenho uma certa desconfianca em relacao as pessoas que julgam ser "boas" ou estarem "em vias de se livrarem do ego". As vezes tenho a impressao que, quanto mais as pessoas julgam estar "no bom caminho", no caminho da dissolucao do ego e do esvaziamento de si, mais longe se encontram desse estado. Ha certas formas de viver a "espiritualidade" que acabem por ser grandes armadilhas que enraizam e calcificam ainda mais o ego, sob a ilusao de "santidade" ou "iluminacao". Algumas dicas?

Paulo Borges disse...

Creio que ser bom tem aqui um sentido meta-moral: não se trata de dever ser, ou de ser a seus próprios olhos isto ou aquilo, mas de ser no abandono de si a Isso que se designa Deus e que pode ser visto como a inefável plenitude da Vida... Seja como for, Eckhart indica um sinal muito concreto de que se está no bom caminho: a paz, a "verdadeira paz". Só ela santifica o agir e o simples estar, o comer, dormir, etc. Sem ela toda a obsessão por agir, incluindo agir bem, não redunda senão em maior conflito, dor e confusão.

Anónimo disse...

"(...) então Mythos olhou nos olhos de Caim e respondeu, 'Talvez a minha missão seja equilibrar, repondo a ordem nos imortais...' (mythos the baron, the lion hearted)."

mais, muito mais do que aqui nos dizem é tudo aquilo que nos fazem sonhar/pensar/recordar e isso é bom, mesmo muito bom. E agradeçemos.

não sou ruim.

Anónimo disse...

Acção sem contemplação é agitação. O nosso mundo é o exemplo disso.