A capulana enrolada quase no rabo, num nó ágil que desnuda segredos que as ondas beijam com lascívia. O vulto dobrado, lenço na cabeça, uma blusa de chita e a capulana, destaca-se no mar agriculturado pela noite, prado de ondas e sabores salgados que rompe, manso, contra a areia quente.
As mãos seguem os olhos, argutos, que procuram búzios, conchas, os tesouros que as ondas dão à areia em fecundação que a faz brilhar ao sol, quando o dia descobre o que a noite e as ondas deixaram na praia para a seduzir.
Em volta dos joelhos a água remoinha e borbulha, os pés enterram-se devagar e vão mudando o apoio ao sabor das mãos que recolhem as jóias do mar, que delas se despoja finda a noite que o veste em prata, para dançar o eterno namoro à areia da praia que o abraça, dele sequiosa mas interesseira às prendas com que ele a seduz.
A capulana recebe o beijo e lá fica a sua marca, roço húmido que lava pernas e panos, o corpo dela e a sua capulana, híbrido adorno que se cola como temeroso da água que a molha beijando-a, sempre mais e mais enquanto as mãos recolhem os búzios e as conchas, cada uma tão diferente...
Por vezes o Sol no alto suspende-se e brilha com mais força, quando o vulto se ergue e a mão eleva um dos tesouros e, à sua luz e brilho, há olhos que riem no prazer da beleza que descobriram, riquezas do mar que a capulana guardará.
As conchas têm matizes radiantes e brilham mais intensamente contra o céu, que mergulha no verde das águas e não esconde a beleza poisada na areia. Fora da sua prisão de água, à luz que cai em ondas de calor, as conchas e os búzios cintilam de forma especial antes de mergulharem no segredo que o nó da capulana esconde.
O nó, lasso, vai cedendo ao peso do pequeno saco que a capulana dobrada forma, e é reposto enquanto as águas, a maré que vai e vem, torneia-lhe as pernas magras mas robustas. Ritual colector, riqueza que a capulana conhece e conserva.
A rapariga comprara a capulana nova faria agora dois meses, quando vendeu para o mercado a sorte dum dia às conchas que trouxeram um cesto de peixe, oferta dum pescador que ali aportara, o bojo da canoa cheio e muita vontade de partilha da sua fortuna com o vulto de capulana arregaçada, seu farol enquanto as ondas o puxavam para a areia e, ao longe, lambiam de leve os panos e a moça que colhia as conchas, como se de lagostas em ouro se tratasse.
Azul e com listas vermelhas, ao centro o mapa de mãe-África que lhe parecia enorme, tão grande como este mar que a molhava deixando-lhe rugas como se traçasse cadeias de montanhas onde aprendera que seriam terras de deserto, ocas de animais, verde, água, ocas desta África que ela conhecia e dava-lhe conchas e búzios.
A capulana gostava de ir ao mar, dobrada em volta dos seus tesouros, molhada pela água excitantemente salgada.
Desejava também a carícia da areia que as ondas alumiavam, as suaves ternuras e cócegas que as mãos dela lhe causavam, os dedos que faziam e refaziam o nó, ou quando a batiam e esfregavam para a limpar da areia.
Já seca ao calor, brilhavam o azul e o vermelho onde o contorno de África ganhava um tom especial sob luz que a aquecia após o beijo do seu amante, dono das conchas e outros tesouros que lhe dava, malicioso e sedutor, para a beijar na sofreguidão das ondas que se erguiam, roçando as nádegas e molhando a capulana. Os seus restos viviam na capulana, brilhante de molhada, enrugada no excesso de meiguice do abraço de paixão que recebera.
Romance que se repetia sempre que o vulto, dobrado, lenço na cabeça e blusa de chita, a capulana azul com listas vermelhas dobrada quase até às nádegas, recebia os beijos do mar, e as ondas gritavam o seu prazer quando a acariciavam e ela brilhava, as cores mais intensas que nunca o foram.
Consta na praia que, um dia, na areia quente, o pescador afortunado e a moça dos búzios e das conchas deram um beijo, mas dele não teve ciúmes o mar pois ele amava era a capulana.
As mãos seguem os olhos, argutos, que procuram búzios, conchas, os tesouros que as ondas dão à areia em fecundação que a faz brilhar ao sol, quando o dia descobre o que a noite e as ondas deixaram na praia para a seduzir.
Em volta dos joelhos a água remoinha e borbulha, os pés enterram-se devagar e vão mudando o apoio ao sabor das mãos que recolhem as jóias do mar, que delas se despoja finda a noite que o veste em prata, para dançar o eterno namoro à areia da praia que o abraça, dele sequiosa mas interesseira às prendas com que ele a seduz.
A capulana recebe o beijo e lá fica a sua marca, roço húmido que lava pernas e panos, o corpo dela e a sua capulana, híbrido adorno que se cola como temeroso da água que a molha beijando-a, sempre mais e mais enquanto as mãos recolhem os búzios e as conchas, cada uma tão diferente...
Por vezes o Sol no alto suspende-se e brilha com mais força, quando o vulto se ergue e a mão eleva um dos tesouros e, à sua luz e brilho, há olhos que riem no prazer da beleza que descobriram, riquezas do mar que a capulana guardará.
As conchas têm matizes radiantes e brilham mais intensamente contra o céu, que mergulha no verde das águas e não esconde a beleza poisada na areia. Fora da sua prisão de água, à luz que cai em ondas de calor, as conchas e os búzios cintilam de forma especial antes de mergulharem no segredo que o nó da capulana esconde.
O nó, lasso, vai cedendo ao peso do pequeno saco que a capulana dobrada forma, e é reposto enquanto as águas, a maré que vai e vem, torneia-lhe as pernas magras mas robustas. Ritual colector, riqueza que a capulana conhece e conserva.
A rapariga comprara a capulana nova faria agora dois meses, quando vendeu para o mercado a sorte dum dia às conchas que trouxeram um cesto de peixe, oferta dum pescador que ali aportara, o bojo da canoa cheio e muita vontade de partilha da sua fortuna com o vulto de capulana arregaçada, seu farol enquanto as ondas o puxavam para a areia e, ao longe, lambiam de leve os panos e a moça que colhia as conchas, como se de lagostas em ouro se tratasse.
Azul e com listas vermelhas, ao centro o mapa de mãe-África que lhe parecia enorme, tão grande como este mar que a molhava deixando-lhe rugas como se traçasse cadeias de montanhas onde aprendera que seriam terras de deserto, ocas de animais, verde, água, ocas desta África que ela conhecia e dava-lhe conchas e búzios.
A capulana gostava de ir ao mar, dobrada em volta dos seus tesouros, molhada pela água excitantemente salgada.
Desejava também a carícia da areia que as ondas alumiavam, as suaves ternuras e cócegas que as mãos dela lhe causavam, os dedos que faziam e refaziam o nó, ou quando a batiam e esfregavam para a limpar da areia.
Já seca ao calor, brilhavam o azul e o vermelho onde o contorno de África ganhava um tom especial sob luz que a aquecia após o beijo do seu amante, dono das conchas e outros tesouros que lhe dava, malicioso e sedutor, para a beijar na sofreguidão das ondas que se erguiam, roçando as nádegas e molhando a capulana. Os seus restos viviam na capulana, brilhante de molhada, enrugada no excesso de meiguice do abraço de paixão que recebera.
Romance que se repetia sempre que o vulto, dobrado, lenço na cabeça e blusa de chita, a capulana azul com listas vermelhas dobrada quase até às nádegas, recebia os beijos do mar, e as ondas gritavam o seu prazer quando a acariciavam e ela brilhava, as cores mais intensas que nunca o foram.
Consta na praia que, um dia, na areia quente, o pescador afortunado e a moça dos búzios e das conchas deram um beijo, mas dele não teve ciúmes o mar pois ele amava era a capulana.
Imagem do mar moçambicano encontrada aqui.
2 comentários:
Lindissimo. Também eu queria uma capulana assim, às riscas, para ir apanhar conchas e seduzir o mar. :)
beijo*
é, o Índico é guloso e as capulanas são irresistíveis... ;-)
bjs em ondas que te arrepiem os pés
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