"B. Os velhos são hoje considerados pelos outros como problemas para a medicina, são transferidos para qualquer casa de saúde ou para qualquer hospital geriátrico...
O Avô era um assíduo contador de histórias. Recordo os serões em volta das brasas, no rude inverno transmontano. Derretia-nos na boca o açúcar dos “Rebuçados da Régua”. Havia sempre “Rebuçados da Régua” nos seus bolsos… Não nos cansávamos de ouvir (pela enésima vez) aqueles relatos cheios de personagens fantásticas, de feitos ora engraçados, ora grandiosos. Vô, conte a do Pires… A do Pires não, Vô, conte antes a da Espingarda dos Sete Tiros!... A figura central daqueles serões era o Avô. Não as crianças, não os adultos, mas o Velho. As suas histórias, sabiamo-las de cor, mas nunca perdíamos a oportunidade de o ouvir contá-las. Faziam e fazem parte do património familiar. Património intangível mas precioso.
Africa loses a library when an old man dies.
Amadou Hampaté-Bâ
CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL
UNESCO
2003
Foto de Elena Orlova, aqui.
5 comentários:
Eu não cheguei a conhecer nenhum avô... Mas ficam para sempre as estórias do Ti Chico Salsa que pastava as cabras perto dos terrenos da minha Avó e que me mostrou que os maiores patrimónios estão nas pessoas ... Uma das estórias dele é a que aqui deixei hoje para estreia...
Obrigada pela sugestão de a voltar a publicar aqui!
Beijos
a estranha:
e que bela estreia!
:)
Beijo*
Cresci escutando historietas, mas não era o avô quem me contava, e sim a minha mãe.
beijos, bruxita.
tenho saudades dos meus avós...foram as bases da minha formação, belo texto mariazinha.
bjs.
Belo texto!
É uma pecha da sociedade actual, o valorizar tão pouco os nossos velhos.
Tanta sabedoria desperdiçada e tantas estórias que ficam por contar...
Beijinho
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