A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Vidas Portuguesas: Joaquim Domingues (1946)


Joaquim Domingues e Anna Maria Moog Rodrigues no VIII Colóquio Tobias Barreto. Lisboa, Outubro de 2007

“Há na vida cultural portuense duas instituições que, identificadas pelo mesmo nome, têm um carácter tão distinto que se torna desnecessário o cuidado de advertir o leitor para qualquer possível equívoco, pois a Faculdade de Letras do Porto extinta nos alvores do Estado Novo nada tem de comum à Faculdade de Letras do Porto criada na sua fase de decadência. A tal ponto que, nem mesmo o compreensível desejo de fazer valer o presumível direito a herdar o património de valores espirituais que foram timbre da primeira, moveu a segunda a prestar a devida atenção, para já não falar no devido culto, aos homens que, como professores e alunos, distinguiram a escola de ensino superior fundada e dirigida por Leonardo Coimbra. Bem razão tinha Álvaro Ribeiro ao observar que a cidade do Porto não se mostrara especialmente afectada com a perda da sua Faculdade de Letras. E, no entanto, que rica galeria de homens notáveis por ela passaram e deram, à cidade e ao país, quando não a outros países, um contributo inestimável, como foi o caso, singularíssimo, de Agostinho da Silva! Para mais, estando em curso a edição da sua obra, iniciativa a todos os títulos meritória, quanto não seria possível e desejável fazer a partir daí, tanto no âmbito da compreensão do seu pensamento, como da plataforma que ele oferece para o diálogo intercultural, que constitui uma das constantes nossas características?! Não fora a iniciativa individual e, neste caso como em tantos outros, quase tudo estaria por fazer, face à inércia das instituições, para as quais a noção do bem comum, tão cara ao nosso autor, parece destituída de significado”.
Joaquim Domingues, Agostinho da Silva e a Faculdade de Letras do Porto

Apontamento Biográfico
Joaquim Carneiro de Barros Domingues, mais conhecido entre nós como Joaquim Domingues, nasceu, na cidade do Porto, no dia 9 de Abril de 1946. Faz hoje precisamente 62 anos.
Professor, ensaísta e pesquisador da cultura portuguesa, licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ensinou, durante largos anos, num dos liceus de Braga - cidade que escolheu (ou que por ele escolheram) para viver.
Além dos inúmeros artigos publicados e das múltiplas participações em congressos e seminários, Joaquim Domingues editou, durante seis anos (2000-2005), a revista Teoremas de Filosofia.
Hoje em dia está reformado das suas funções de professor (que já o angustiavam e desmotivavam há uns tempos por causa do empobrecimento do sistema português de educação) e dedica-se exclusivamente ao estudo da tradição portuguesa.

Apontamento Crítico
Figura cultíssima daquilo que se convencionou chamar o movimento de continuação da filosofia portuguesa, Joaquim Domingues dedica-se, desde há muito, ao estudo das obras de Álvaro Ribeiro (1905-1981) e de Sampaio Bruno (1857-1915) em específico (quem sabe se por estes serem dois dos vultos que mais edificaram a questão da filosofia portuguesa), e ao exame do pensamento português como um todo. Conhece, como quase ninguém, a história e a tradição dos nossos literatos, filósofos e ensaístas. Encarna, por isso, mas também porque lhe é característica o afinado rigor, a clareza na palavra escrita e falada, o discurso filosófico e a conversa amável e generosa com todos os que com ele partilham o interesse pela cultura portuguesa e pela reflexão filosófica, a figura do Mestre. Pinharanda Gomes (1939) resume-o assim: “Joaquim Domingues, cujo perfil mental é, a meu ver, análogo ao de Álvaro Ribeiro: idêntico sentido do sacerdócio do pensamento, rigor na escrita e na palavra, em que o signo da razão predomina, a heurística para fundamentar os temas e os problemas e a ética da partilha”, acrescentando ainda que a maior parte das suas obras é um “extenso e sólido painel de assunções ideais, sem o mínimo vestígio de febrilidade porque, elevando a mente ao alto, fixa bem os pés na terra. Como a águia ao preparar o voo”.
O principal objectivo da obra de Joaquim Domingues é a dignificação do legado filosófico que os pensadores portugueses têm deixado às gerações que lhes sucedem e que, durante muito tempo, quase foi desconsiderado e banalizado. E essa dignificação é feita, ainda que com paixão de hermeneuta e de dedicado servo da filosofia, de um modo cauteloso, seguro e, por vezes, até imparcial, uma vez que aquilo que realmente lhe interessa é a busca da verdade sófica. Por isso é que as interpretações que nos chegam das obras e das vidas de Álvaro Ribeiro e de Sampaio Bruno, feitas por Joaquim Domingues, são tão claras e tão perceptíveis, tão extraordinariamente compreensíveis, que não podem ser outra coisa senão o reflexo de um esforço exigente e minucioso de exegese. Sem fundamentalismos ou estados febris, como refere Pinharanda Gomes, as propostas de Joaquim Domingues encaminham-se, então, para um enobrecimento da tradição cultural do seu país, já que nelas valoriza essencialmente a língua portuguesa como pressuposto da nossa autonomia espiritual.
Se, depois de termos meditado acerca das reflexões que Joaquim Domingues tece nos seus ensaios, lermos o primeiro parágrafo de O Problema da Filosofia Portuguesa de Álvaro Ribeiro – “A Sofia é o conhecimento especulativo do absoluto; resulta da actividade criadora da razão que vence infinitamente a pluralidade mortífera e polémica. A filosofia é o esforço para esse conhecimento” -, compreendemos perfeitamente, não só a afinidade que o nosso autor sente com o pensamento do fundador do movimento da filosofia portuguesa, bem como a natureza das categorias que animam a sua hermenêutica filosófica. O Absoluto e o Sagrado (princípios que motivam o homem para busca do ser e para o mistério do universo) são alcançáveis por meio de uma ascese da Razão que, ao fim e ao cabo, se opera através da metodologia filosófica. Se, a par dos pensadores do grupo da filosofia portuguesa, Domingues enaltece a especificidade do pensar português, por outro lado, apela para o sentido do universal, no fim de contas, é ele quem orienta o homem na sua demanda filosófica.
Apesar de Joaquim Domingues não ter pertencido ao grupo fundador da filosofia portuguesa, é hoje um dos seus perpetuadores mais fiéis. Não só porque editou a Teoremas da Filosofia, tentando, de alguma maneira, reconstruir o ambiente reflexivo que, à época, fora promovido por um Álvaro Ribeiro, por um António Quadros (1923-1993) ou por um Afonso Botelho (1919-1996) e interpelar os jovens intérpretes para a urgência da discussão filosófica portuguesa, mas também porque, ideologicamente, na actualidade, é o seu representante mais fidedigno. Afinal, não é por acaso que Pinharanda diz que o perfil mental de Joaquim Domingues é “análogo ao de Álvaro Ribeiro”.

Bibliografia Indicativa
Organização, posfácio e notas de Plano de um Livro a Fazer: Os Cavaleiros do Amor ou a Religião da Razão, de Sampaio Bruno (1996)
Filosofia Portuguesa para a Educação Nacional: Introdução à Obra de Álvaro Ribeiro (1997)
Organização de Cartas para Delfim Santos, de Álvaro Ribeiro (2001)
O Essencial sobre Sampaio (Bruno) (2002)
De Ourique ao Quinto Império. Para uma Filosofia da Cultura Portuguesa (2002)
Organização de O Pensamento e a obra de Pinharanda Gomes (2004)
Organização de Teoria Nova da Antiguidade, de Sampaio Bruno (2004)
Organização e apresentação de Dispersos e Inéditos, vol. I, de Álvaro Ribeiro (2004)
Organização de Dispersos e Inéditos, vol. II, de Álvaro Ribeiro (2004)
Organização e apresentação de Dispersos e Inéditos, vol. III, de Álvaro Ribeiro (2005)
Organização de O Pensamento e a Obra de Afonso Botelho (2005)