Tornar o português língua oficial da ONU tem um custo insuportável: mil dólares a página.
A ideia do Presidente da República elevar o português a língua oficial das Nações Unidas é 'estimulante' para o Governo, mas pode esbarrar em obstáculos tão comezinhos como ciúmes e rivalidades na própria ONU ou, mais do que isso, numa despesa insuportável para os seus promotores.
Tanto quanto o Expresso apurou, a ideia sugerida por Cavaco Silva já havia sido equacionada nos Negócios Estrangeiros mas, para tanto, teria que ter a colaboração indispensável de um parceiro de peso: o Brasil. E, entre os aliados da CPLP, de Angola em particular. Além do que, não sendo uma condição «sine qua non», seria da maior vantagem ter na altura o acordo ortográfico em vigor - processo que está em marcha. De outro modo, interrogava-se um diplomata português, "alguém tem dúvidas de que a variante do português promovida não seja o brasileiro?"
Para as fontes contactadas pelo Expresso, só a alteração da posição brasileira de passar a considerar a língua como um factor de influência estratégica pôde propiciar o 'repto' agora lançado, mas "só faria sentido quando e se o Brasil se tornar membro do Conselho de Segurança". Mas a iniciativa teria que ser concertada "ao mais alto nível político". Por enquanto, há apenas um "acordo verbal" e o desejo dos governos português e brasileiro valorizarem ao máximo a língua ao nível internacional.
O problema do preço também não é menosprezável. Segundo os dados disponíveis, a produção de uma mera página de um documento ONU nas actuais seis línguas oficiais custa um pouco menos de mil dólares (639,5€o) e de uma conferência cerca de oito mil dólares (mais de 5100€), pagos pela ONU. É de crer que dadas as restrições orçamentais da organização, e apesar do português ser a 5ª língua mais falada no mundo, não haja muitos países interessados em apoiar a proposta, que teria de ser aprovada em Assembleia Geral. E a serem os promotores a pagar, poderia abrir-se uma 'caixa de pandora', que um funcionário da ONU considerou "perigoso".
Para já, a ideia de promover o português (prioridade anunciada da próxima presidência portuguesa da CPLP) recolhe o consenso. Mas, daí até pagar por isso, irá, sem dúvida, um grande passo.
Luísa Meireles, com Tony Jenkins
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Tenho a certeza de que se não existisse a questão do Brasil, os portugueses em nada se oporiam a este Acordo. Se a simplificação ortográfica que é proposta não coincidisse, por acaso, com uma aproximação à ortografia brasileira, estou certo de que os portugueses seriam os primeiros a desejar essa mesma simplificação.
Será possível que Portugal não consiga perceber que a única maneira de conseguir conservar o poder sobre a sua língua e cultura é precisamente através deste Acordo? Com ou sem Portugal, o Brasil, como muito bem viu Agostinho da Silva, avançará na dianteira da Lusofonia quando para tal for chamado. Quando essa hora chegar, Portugal terá que fazer uma escolha: ou se junta a ele, tornando-se, assim, no "rosto da Europa", ou se deixa ficar como província periférica dessa Europa, ainda por cima ensombrado pela Espanha.
O que está aqui em questão não é a ortografia em si, mas sim a grande dificuldade que os portugueses têm em aceitar que o Brasil possa ter mais poder, mais projeção internacional, mais iniciativa e mais criatividade do que Portugal. Se não fosse a ortografia, os portugueses haveriam de encontrar outro pretexto qualquer para reivindcar a sua nacionalidade face ao seu irmão transatlântico. Contudo, sem o Brasil ninguém no mundo saberia o que é a língua e a cultura lusas, uma vez que Portugal nada ou pouco faz para as divulgar e difundir, promovendo o seu próprio isolamento e a assimilação espanhola ao querer manter-se o mais possível "diferente" do Brasil. Portugal deve muito do reconhecimento internacional da sua língua e cultura ao Brasil, e quando a língua portuguesa se tornar numa importante língua diplomática, é numa e só numa ortografia que ela será escrita. Que ortografia será essa?
Não é a ortografia, meus caros amigos, que está a ser discutida com este Acordo, é o conflito entre Portugal e o Brasil. A História encarregar-se-á de mostrar quem é que tem a capacidade de fazer da cultura lusa uma cultura verdadeiramente universal.
Portugal quer participar ativamente nessa universalização? Então que seja humilde e inteligente, faça como Agostinho da Silva, aprenda com o Brasil, país cujo povo consegue ser mais português do que os próprios portugueses!
Subscrevo plenamente. Na maior parte dos casos, a rejeição do Acordo denota, consciente ou conscientemente, uma aversão ao Brasil...
Enviar um comentário