O direito de ir e vir
Seja por necessidade ou por curiosidade, o homem migra sobre a Terra desde os primórdios do seu aparecimento, num movimento de permanente ir e vir. Lentamente no principio, quando eram os pés o seu único veículo, e celeremente, agora, quando tem ao seu dispor o avião a jato, que em algumas horas leva-o ao outro lado do mundo, encurtando drasticamente distancias entre paises e continentes. Graças a esse movimento o homem sobreviveu, nações se fizeram, civilizações apareceram e o mundo se transformou.
As constantes guerras, as fugas, as conquistas, a procura por uma terra ou pela sobrevivência, da antiguidade aos tempos atuais, foram e são os fatores que mais contribuíram e contribuem para a migração.
Paises como o Brasil, Canadá e os Estados Unidos são exemplos do quanto a mobilização de gente, com a entrada no país de mão de obra, incrementou a força de trabalho, fortaleceu a economia, diversificou a cultura, aumentou a tolerância ao diferente e contribuiu com a prosperidade.
Em recente pesquisa, constatou-se que nos últimos sete anos a metade dos doutores (PhDs) americanos e um terço dos seus Premio Nobel são estrangeiros ou de origem estrangeira. Não é à toa que a estátua da Liberdade expõe o poema de Emma Lazarus, dando destaque aos imigrantes.
Mas se tudo isso é verdade, também não podemos negar que as rápidas mudanças populacionais dos tempos modernos, induzidas pelos altos fluxos migrantórios, levam a disparidades socioeconômicas gritantes, com o aumento dos encargos sociais, do número de desempregados, da insegurança e da violência, situações difíceis de serem controladas pelos paises de menor área geoprodutiva, regidos por políticas de liberdade democrática e respeito aos cidadãos de qualquer etnia.
Momentos há em que o direito e ir e vir é subordinado a interesses maiores que evitem desestabilizar o país questionado.
Isso aconteceu recentemente entre Espanha e Brasil quando obstruções à entrada de brasileiros na Espanha levaram a troca de agressões verbais e retaliações entre autoridades alfandegárias. Pagaram os turistas que se viram obrigados a voltar ao país de origem, depois de desconfortos e gastos, e o brasileiro que deixou de ganhar com os euros dos espanhóis, já que aqui não nos preocupa a entrada deles como imigrantes ilegais, visto que não o são.
Dados editados na Folha de São Paulo, dizem que a Espanha recebe 1000 imigrantes por dia, sendo que em Palma de Maiorca, entre as prostitutas, já chega a 80% o número de brasileiras que entraram ilegalmente no país, como turistas.
A dificuldade que os governantes encontram em inserir esse grande número de indivíduos na sociedade local, sem modificar a qualidade de vida da população, está levando a que os políticos de lá, agora em eleições, atuem mais duramente nas regras de imigração, limitando a entrada de brasileiros que, quando ilegais, vão em busca de melhores salários e qualificação profissional, aumentando a competitividade, diminuindo os ganhos e a oferta de vagas no mercado de trabalho espanhol.
Mas apesar de tudo, de uma forma geral, a migração ao longo da História trouxe mais benefícios que malefícios, foi o caminho que propiciou ao surgimento de muitas nações, principalmente no Novo Mundo.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 17/03/08
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4 comentários:
No último parágrafo só acrescentaria: e o genocídio e até o extermínio de povos inteiros, o que não é coisa de semenos.
Pestana
Sem dúvida senhor Pestana, a migração também proporcionou invasões e com elas lutas genocidas, na tentativa de grupos se sobreporem a outros em busca do espaço e do poder. Foi assim, e ainda é, em toda a história da humanidade. Na velha Europa invadida pelos Orientais, no continente americano e na África em guerras permanentes entre tribos e grupos étnicos diferentes. Para ilustrar o vosso parecer transcrevo um relato do escrivão da armada de Martim Afonso de Souza, em março de 1531, na Bahia de Todos os Santos, na Terra de Santa Cruz, pouco antes do inicio da colonização portuguesa:
"...Entrando nesta baía, no meio do rio, pelejavam umas 50 almadias( embarcação feita de um só tronco de árvore) de uma banda e 50 de outra, que cada almadia traz 60 homens, todas apavesadas de paveses pintados como os nossos; e pelejaram desde o meio-dia até o sol posto. As 50 almadias da banda de que estávamos surtos foram vencedoras e trouxeram muitos dos outros cativos e os mataram a todos em grande cerimônias, presos por cordas e depois de mortos os assavam e comiam".
Os grupos do ramo Tupi, quinhentista, derrotaram e expulsaram de grande parte do litoral brasileiro os seus primitivos ocupantes, na maioria comunidades primitivas caçadoras e coletoras pertencentes ao tronco ameríndio Macro-Jê, instalando-se nos seus territórios. ( A Construção do Brasil -de Jorge Couto)
Esse relato nos mostra e desmistifica a idéia utópica que os índios viviam em paz e harmonia entre si e que foram os brancos os únicos a trazer a destruição e morte para as tribos indígenas.
Na caminhada do Homem sobre a Terra, infelizmente, a guerra e a destruição são atos bárbaros que mostram a face mais brutal e animal que temos!
Maria Eduarda
A justificação da barbárie pela barbárie não é um argumento novo na história da barbárie e outras malfeitorias, serve para justifica, por exemplo o que os espanhóis fizeram aos incas, o que os “americanos” fizeram aos índios, o que a UPA fez aos portugueses, a guerra dos africanos contra os colonos e quem sabe amanha a ocupação de Portugal pela Espanha, ou o contrário. Serve para justificar o meu bisavô ter sido comandante de um barco negreiro.
Nem sei mesmo a razão por que nos crimes contra a Humanidade se tipifica o genocídio e outros do mesmo tipo, que na verdade,vos seja feita justiça , ninguém liga nenhuma a não ser como conveniência.
Pensei que um pensamento mais ético o recusasse. Pensei que cada um é responsável pelos seus crimes e que uns crimes não justificam outros. Estamos sempre a ter surpresas.
Quanto ao animal dentro de não sei de quem, cada um tem os que quiser.
Quanto ao infelismente como fatalidade, parece-me que isso só por si justifica a ocupação do Tibete,o que está a acontecer na Palestina, no Iraque, no Afeganestão, no Haiti, em Guatanamo, etc.. É a marcha da História.
De qualquer modo estes pequenos diálogos dá para nos ir-mos conhecendo.
Pestana
PS. Agradeço a transcrição do tal escrivão, mas sobre o assunto há melhor.
Parece-me que o Sr. Pestana está confundindo constatações históricas com ponto de vista de ordem pessoal. Os fatos existiram e existem e são incontestes, mas isto não quer dizer que quem escreveu o texto, no caso eu, seja a favor das atitudes e barbáries cometidas, seja por quem e por que lado for. ... Mas tirar conclusões apressadas sobre uma pessoa sem conhecê-la, baseando-se num texto histórico e descritivo, e tentar diminuir a qualidade de um autor de livros, sério e categorizado, para valorizar o seu ponto de vista, não é lá muito respeitoso, ético e bonito!
Maria Eduarda
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