A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sobre a dissonância da plenitude

O problema de qualquer movimento político, seja qual for a sua origem, é o de saber como muitos se podem converter a um mesmo rumo, havendo nisso algum monolitismo que, assim que se põem em marcha iniciativas, de grande ou pequeno alcance, acaba por gerar franjas de exclusão resultantes do fechamento que pressupõe o ir num sentido bem determinado.
O conformismo e o inconformismo são faces da mesma moeda. Enquanto o próprio do humano que radica em cada um dos muitos com a mesma legitimidade, e dignidade, for assunto de política, o monolitismo tenderá a erodir os rostos e a aplainair as vozes que, na sua origem, são dissonantes e abrem-se, de forma quase milagrosa, à polifonia. Se encararmos os indivíduos a partir da sua pesonificação, do seu som, em parte audível, mas em grande parte inaudível, até para o próprio que per-sona, que se manifesta através da vibração significativa, se nos encararmos a partir da fenomenologia do som vocal, nas suas sinuosidades envolventes e crípticas, corrosivas e entranhadas no mais fundo da macânica do inspirar e do expirar com sentido, com intenção comunicativa ou auto-afirmativa, teremos que atentar no dispêndio energético, nada negligenciável, que o acto de falar (-se) comporta.
Daí a importância da escuta e do silêncio significativo. Escutar é cada um aceitar-se como lugar da ressonância do outro. Ressonância que pode encontar em nós resistências, nascidas dos nossos hábitos, físicos ou mentais, pelo que a abertura à alteridade tem um forte efeito libertador: deixa-nos soltos para nos encontrarmos na ubiquidade da diferença e para nos redizermos na mensagem que nos é dirigida, instaurando-nos como um centro ontológico onde o outro vem confirmar a sua humanidade.
E aqui a dialéctica da esquerda e da direita desempenha um papel importantíssimo: o que entra no ouvido direito, é o que acontece com a maioria das pessoas, é processado pelo hemisfério esquerdo do cérebro e o mesmo se passa com a cavidade auricular do lado oposto. E o que é interessante é que a boca está no centro. Sendo assim, aquilo que outros dizem deve ser recebido de forma dinâmica e estereofónica, para que todo o cérebro seja posto em acção, o que significa que aquilo que transcende o cérebro tem mais hipóteses de se manifestar e de irromper, de forma grácil e, muitas vezes, intempestiva.
Se quisermos erigir um movimento espiritual (e não já só político) capaz de mudar o mundo (no fundo os mapas geopolíticos são uma prova de como a humanidade vive acabrunhada pela ilusão da posse e da privação, porquê privarmo-nos do mundo inteiro e recusarmos o nosso espaço de afirmação histórica à inteireza da mundaneidade dos outros?) temos que escutar aqueles que, aparentemente, não têm voz. E muitos há que não sabem que a têm. E outros, igualmente, que para a reconhecerem, necessitam de quem os escute.
Por isso, todos os povos oprimidos são ameaçados por muros de silêncio. Muros altíssimos, ao nível dos decibéis da monofonia mediática, geradora da surdez e de alienação.
Que o MIL só poderá ser um movimento plural, é evidente. E deve adestrar-se na arte da escuta. E da discussão que consiste em dizer, escutando e em escutar, dizendo.

2 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

"Se quisermos erigir um movimento espiritual (...) temos que escutar aqueles que, aparentemente, não têm voz. E muitos há que não sabem que a têm. E outros, igualmente, que para a reconhecerem, necessitam de quem os escute."

BRAVO!

joao marques de almeida disse...

Caro Paulo Fetais, gostei muito da sua mensagem , além de tudo muito oportuna neste contexto.
À justa observação de Ana Margarida Esteves gostaria de acrescentar que para além de escutar aqueles que não têm voz ou não sabem que a têm, é necessário dar-lhes voz.
Espero que a sua mensagem mereça reflexão.