Chovia, o dia já se tornara noite e eu sem chapéu… não voltaria por ele, o risco de reconsiderar e não voltar a sair era real. Iria mesmo assim, com a vontade de separar as águas no caminho da verdade. Avanço com a gola do casaco a proteger-me, sabendo que, com aquela chuva não seria por muito tempo, mas caminho em frente concentrado no andamento das passadas, sem destino, eu, mais o pensamento seguidos da descrença a distância segura, que a seu tempo, na fragilidade da amarra e por não a desejar definitiva, sacudiria.
Aquele não era um dia às avessas, era daqueles em que pensamos de turbilhão e tudo vem donde as maiores dúvidas teimam. A chuva impiedosa e o vento forte cortam-me a cara, elevo os olhos e procuro… mas as aves não levantam contra o vento em noites de hipnose.
Cheguei… finalmente… soube-o no preciso momento, não antes. Com o olhar abarco-a mais às luzes que marcam a sua grandeza e me fazem sentir nada. A chuva e os ventos agora mais fortes, fustigam-me enquanto me aproximo do bordo do penhasco e me sento no fraguedo. Enfim só! Com este temporal onde o momento é de respeito e só a murmuração se permite, não haverá dúvidas que persistam nem comprometedores silêncios… a ubiquidade de pensamento não tem lugar onde o mundo se fragmenta.
Engano dos enganos; as dúvidas de consciência que sempre me afectavam profundamente faziam a sua cobrança, afinal, mais não era que uma defesa contra o estuporado kitsch pós-modernista, esse entorpecimento que retira agilidade ao pensamento e cria a letargia onde não existe lugar para o vazio, e o vazio é primordial à criação, é dele que nascem os pensamentos únicos e as obras originais, sem ele a cobrança é implacável. Talvez ali fosse possível criar o vazio necessário ao pensamento único, o ainda não pensado, e dele fazer nascer a obra… mas o dia não era hoje, hoje o vento grita e a chuva desaba forte, o barulho não deixa percorrer o caminho necessário ao silêncio de espanto.
Aquele não era um dia às avessas, era daqueles em que pensamos de turbilhão e tudo vem donde as maiores dúvidas teimam. A chuva impiedosa e o vento forte cortam-me a cara, elevo os olhos e procuro… mas as aves não levantam contra o vento em noites de hipnose.
Cheguei… finalmente… soube-o no preciso momento, não antes. Com o olhar abarco-a mais às luzes que marcam a sua grandeza e me fazem sentir nada. A chuva e os ventos agora mais fortes, fustigam-me enquanto me aproximo do bordo do penhasco e me sento no fraguedo. Enfim só! Com este temporal onde o momento é de respeito e só a murmuração se permite, não haverá dúvidas que persistam nem comprometedores silêncios… a ubiquidade de pensamento não tem lugar onde o mundo se fragmenta.
Engano dos enganos; as dúvidas de consciência que sempre me afectavam profundamente faziam a sua cobrança, afinal, mais não era que uma defesa contra o estuporado kitsch pós-modernista, esse entorpecimento que retira agilidade ao pensamento e cria a letargia onde não existe lugar para o vazio, e o vazio é primordial à criação, é dele que nascem os pensamentos únicos e as obras originais, sem ele a cobrança é implacável. Talvez ali fosse possível criar o vazio necessário ao pensamento único, o ainda não pensado, e dele fazer nascer a obra… mas o dia não era hoje, hoje o vento grita e a chuva desaba forte, o barulho não deixa percorrer o caminho necessário ao silêncio de espanto.
Levanto-me inconformado mas um homem novo, e prometo que voltarei em altura mais propícia. Nesse dia, voltarei com um pujante punhado de amigos que saibam arrancar às pedras e às águas as palavras, que sintam saudade do que poderíamos ter sido e acreditem que ainda o seremos. Traremos um púcaro de barro para bebermos e saberemos então, com dobrada razão, se esse dia é hoje.
José Pires
11 comentários:
E do vazio que tudo cerca, a de se criar um silêncio perturbador, que será quebrado pela voz, daqueles que sabem, que a mudança para melhor não deve ser um presente e sim uma conquista.
E junto dos amigos, transformar a saudade e coisa feita.
Clap clap clap clap clap clap
Continuas com a magia das palavras grande amigo...
"Com o olhar abarco-a mais às luzes que marcam a sua grandeza e me fazem sentir nada."
Fantástico.
[s]s
Com Epifânios? Duvido que esse dia chegue.
Vai sonhando vai
Afinal vale a pena vir até aqui, há pelo menos um gajo que sabe escrever.
Excelente meu, gostei mesmo.
Viva a Pátria
“As aves não levantam contra o vento em noites de hipnose.”
Aprecio a autocrítica. Os sonhadores também podem ter os pés no chão.
Aníbal
Meu caro “marco na sombra”, é com todos, principalmente com os que se mostram dando a cara por ideários nobres, porque na sociedade actual, de facto, há quem mande às ortigas o Estado-Razão e pense diferente, pense com padrões de referência de valores ético-politicos e deontológicos sem o receio de poder ser considerado utópico. Sabe, para estes, os valores são intrínsecos.
Sugiro-lhe alguma reflexão sobre aristocracia de comportamentos.
e aqui trago o pouco que deixei no seu outro espaço.
________________,uma palavra de respeito.
.
beijo.
Acho o critério de publicar comentários cujos autores não remetem para um blog péssimo!
Este é um tipo de blog para ser lido. Gosto de um bom debate, mas não vale a pena deixar-se a porta aberta a todo o medíocre frustrado que não tem mais nada que fazer, senão armar-se em parvo.
Que tal alterarem as configurações e não permitirem anónimos?
Amigo Klatuu, é evidente que compreendo a tua indignação, mas o problema é que se vedariam os comentários a quem não tem um blog e, entre todos esses, estão certamente muitos que comentam em honestidade intelectual. Outra forma seria a moderação de comentários, mas, também aí, estaríamos confrontados com a questão de disponibilidade para a análise necessária que, como sabes, implica que os comentários não surjam de imediato e cortaria de certa forma a interacção que se pretende e que tem surgido pontualmente.
Enfim… são os espinhos das rosas. Perdão, da vida.
Abraço.
Entendo, claro... faz falta aquele programazinho fantástico de que te falei! ;)
Abraço.
Pois… vê lá se a tal equipe desenvolve a coisa rapidamente.
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