A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 20 de janeiro de 2008

Da “Alma Portuguesa”, da Superação da Mesma e do… Quinto Império


“Se para nós é claro que a plenitude exige a nadificação das particulariedades do ser sujeito, o problema reside em se considerar uma nação como um sujeito e uma consciência individual, que pudesse usufruir todas essas possibilidades éticas, espirituais e místicas de sacrifício e oblação ao outro e ao absoluto. Cremos que isso é o remanescente da visão agostiniana de um excesso de paixão lusocêntrica que colhe das suas principais fontes - Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa - e que, se até certo ponto prejudica a sua desejada aceitação e universalidade, por isso mesmo tende a depurar-se e autosuperar-se na ideia de uma realização desse sujeito nacional que seria Portugal pelo servir o bem do mundo e, ao limite, pela dissolução anuladora e plenificante no absoluto subjacente ao próprio mundo.”

Paulo Borges in “Agostinho da Silva, Pensador do Mundo a Haver”

Sem dúvida que as nações ou comunidades humanas de escala diversa conseguem ter aquilo a que chamamos “alma”, “atman” ou “consciência colectiva”, numa visão mais jungiana da coisa… Um grupo de indivíduos, reunido sob o mesmo grupo de matrizes culturais, agregado sobre uma conceptualização do mundo única e distinta dos demais, assume um “karma colectivo” e logo, penso que podemos falar com toda a legitimidade de “alma nacional” ou neste concreto “alma portuguesa”…. Sendo que a dita tem essa estranha e exótica particularidade de ser uma alma universal e universalista que pela sua própria essência implica uma superação de si mesma, e logo, uma anulação e uma transferência para uma outra entidade espiritual superior e trans-nacional… É a isto que Paulo Borges se refere quando procura explicar um dos maiores mistérios do pensamento agostiniano: o sentir e o exprimir de Agostinho implica um “nacionalismo”, strictu sensus? Sem dúvida que esta leitura é a explicação da relativa popularidade de Agostinho da Silva entre alguns movimentos extremistas ligadas à vertentes ultra-nacionalistas da Direita portuguesa, mas em Agostinho encontramos coisa diversa… A tolerância religiosa e étnica transpiram em todos os textos e palavras de Agostinho… O multiculturalismo, a crítica aos ímpetos centralistas e imperialistas de Madrid e da “Europa da gente loira” são abundantes… Tudo isso contradiz essa interpretação redutora do pensamento agostiniano…

De facto, como bem aponta Paulo Borges, em Agostinho o “amor a Portugal” parece servir sobretudo como um catalisador para um estado ou patamar de desenvolvimento espiritual colectivo superior que tornaria a limitada, obsoleta e incompleta “alma portuguesa” num Nirvana colectivo a que autores como Vieira, Pessoa e Agostinho chamaram de… “Quinto Império”, ou seja, o patamar seguinte do desenvolvimento da alma colectiva portuguesa, brasileira e… universal.

Texto originalmente publicado em Setembro de 2007 por AQUI.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Para mim é das questões filosoficamente mais complexas, conceptualizar o estatuto dessa alma colectiva, sem cair no essencialismo que rejeito nem reduzir Portugal a uma entidade metafísica esotérica... separada das nossas mentes e vidas concretas. O que me consola é que em Portugal, como bem dizes, toda a identidade tende para uma supra-identidade universal, que aceito dizer-se "Nirvana" se desta palavra houver um entendimento livre das distorções ocidentais que o fazem equivaler a extinção do ser e da consciência. Vejo o Quinto Império / Nirvana como o apogeu da Consciência, livre de sujeito e objecto, livre de dualidade, livre da inconsciência em que andamos. Tudo depende de descobrirmos as possibilidades não-duais da consciência: mas aí já não chega a política, nem a filosofia, é necessária a meditação...

... disse...

Auto-Retrato Português

Nesga humana dum grande mapa humano
Aqui, a ocidente e ao sol, dormito;
O manto do infinito
Veste-me a pequenez;
E o mar cerúleo, aberto à minha ilharga,
Alarga
O meu nirvana azul português.

Rei que renunciou, cansado,
Ao ceptro da aflição,
Digo não,
Digo sim,
Com igual abandono...
Tão distante de mim
Como do trono...

Vivi antes da hora o que vivi.
E, agora, vegeto,
Feliz de nada ser,
De nada desejar,
E de nada sentir,
Agradecido ao mar de nunca me acordar,
E agradecido ao céu de sempre me cobrir.

Miguel Torga
Coimbra, 7 de Março 1970