Segundo Shulten o termo “lusitanos” encontraria a sua origem no povo celtibero dos Lusones, uma tese que Lambrino trataria de aprofundar reforçando deste modo a hipótese da matriz céltica dos lusitanos. Pouco se conhece da sua língua. As raras inscrições em língua lusitana não nos permitem aclarar suficientemente sobre a sua morfologia e natureza. Os raros vestígios existentes indicam uma intensa influência céltica situada sobre uma matriz ibera, um fenómeno aliás evidente nos nomes em –genus. Existem contudo outros antropónimos que revelam um substrato muito antigo, talvez Mediterrâneo e logo, semelhante na sua raiz à língua cónia. Para Carlos Consiglieri e Marília Abel, em “Os Lusitanos no Contexto Peninsular”, os lusitanos utilizariam uma língua “de influências greco-púnicas-tirsénicas, de características primitivas”.
Quer os Lusitanos pertençam a velhas populações autóctones, quer sejam Iberos, parece indiscutível a sua pré-celticidade (1).
O professor Mendes Correia, conjugando os elementos da Antropologia, a Arqueologia e da História, apresenta os lusitanos “não como simples recém-vindos Celtas, Iberos ou Celtiberos, mas como um povo que tinha fundas e longínquas raízes no território, relacionando-se genealogicamente com os portadores duma velha cultura ocidental, os construtores dos dolmens. Eram decerto parentes dos Iberos e dos Celtiberos, tinham recebido ou viriam a receber a influência celta. Mas não representavam um estrato fundamentalmente distinto dos remotos habitantes neolíticos do país”.
(1) Apesar disso, o nome do seu mais ilustre líder, Viriato, é derivado de uma palavra celta viriae, “bracelete”.
1 comentário:
É um enigma, o nosso arcaísmo. Somos mais velhos do que muitas voltas do mundo. Daí um certo desencanto perante as ilusões de povos mais jovens, recentemente chegados ao palco da história, no fervor dos deslumbramentos infantis e dos ímpetos adolescentes. Por isso contemplamos, com um desdém condescendente, as suas brincadeiras. O que é um risco, quando elas se tornam, como hoje, perigosas e a nós mesmos seduzem. Velhos anciãos com comportamentos pueris, embasbacados perante os brinquedos de crianças que se pretendem adultos... Velhos anciãos, esquecidos da criança eterna, a fazerem de conta que também precisam de brincar como as crianças que logo deixam de o ser, para se distraírem de quem são... Boa parte do nosso drama passa por aqui: não suportarmos o que há em nós, essa "Noite antiquíssima e idêntica"...
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