A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Aforismos sobre Portugal e a Comunidade Lusófona - I e II

Aforismos sobre Portugal e a Comunidade Lusófona - I
I - Cada pátria é um lance em devir do e no infinito jogo do mundo. Um lance que advém do modo como esse jogo se joga pelos indivíduos e povos em comunidade de terra e céu, de língua e cultura, de história e trans-história. Um lance onde se entrelaçam os lances do modo individual e comunitário de viver o ex-istir em união e cisão no fundo sem fundo e absoluto de tudo, a matriz primordial e lúdica que a cada instante se re-vela na totalidade do universo e no imo de todo e cada ser. Um lance onde se entrelaçam e entrelançam os modos individuais e comunitários de viver a ilusão e a realidade, o visível e o invisível, a liberdade e a necessidade, o trabalho e a vacância, a alegria e a dor, a paz e a guerra, o amor e a morte, o tempo e a eternidade.
II - O lance de cada pátria, povo, língua e cultura entrelaça-se e entrelança-se nos lances de todas as demais pátrias, povos, línguas e culturas, entrelaça-se e entrelança-se nos lances de toda a comunidade humana e cósmica. Cada pátria está ligada a todos os homens, a todos os seres e a todo o universo.
III - O lance de cada pátria no infinito jogo do mundo é mais fecundo pelas possibilidades que deixa em aberto e que entreabre do que pelas que realiza. Aquelas que realiza são mais fecundas pelas possibilidades que deixam em aberto e que entreabrem. As mais fecundas das possibilidades realizadas são as que entreabrem a possibilidade de se reconhecer o entrelaçamento de todas as pátrias, povos, línguas e culturas, de todos os homens e seres, no corpo em devir do jogo do mundo e na sua matriz primordial.
IV - O lance mais fecundo do aspecto do jogo do mundo chamado Portugal, cultura e comunidade lusófona, o lance mais fecundo da sua lusitana i-lusão de-criadora de realidade, é a saudade da matriz primordial, desse espaço sem limites onde a cada instante se constela a totalidade em devir do existente e se entrelaçam todas as pátrias, povos, línguas e culturas, todos os seres e todos os mundos. Essa saudade, do eterno instante que transcende passado, presente e futuro, é simultaneamente vislumbre e comunhão desse âmago festivo do jogo do mundo onde nada se separa e tudo intimamente se aduna: Império do Espírito Santo, Ilha dos Amores, Quinto Império.
V - Essa a nossa inquietação e desassossego mais fundos, a nossa perdição e encontro mais plenos. Por ela, desinscritos dos possíveis realizados e agonizantes da história visível e da globalização dominante, despertamos no próprio âmago do devir universal, frementes de possibilidades em aberto, neste limbo onde a liberdade se joga e destina. O teu limbo, leitor. Que fazes dele ?

Aforismos sobre Portugal e a Comunidade Lusófona - II
I - Cada pátria é um lance em devir do e no infinito jogo do mundo. Um lance do modo como esse jogo se joga pelos indivíduos e povos em comunidade de terra e céu, língua e cultura, história e trans-história. Um lance onde se entrelaçam os lances do modo individual e comunitário de viver o in-ex-istir (o ser em e o ser a partir de) em união e cisão no fundo sem fundo e absoluto de tudo, a matriz primordial e lúdica que a cada instante se re-vela na totalidade do universo e no imo de todo e cada ser. Um lance onde se entrelaçam e entrelançam os modos individuais e comunitários de viver a ilusão e a realidade, o visível e o invisível, a liberdade e a necessidade, o trabalho e a vacância, a alegria e a dor, a paz e a guerra, o amor e a morte, o tempo e a eternidade.
II - Cada pátria procede do modo como indivíduos e povos jogam o jogo do mundo, radicando por eles no fundo ignoto a partir do qual a cada instante se imagina e inventa a realidade. Cada pátria, povo, língua e cultura é uma irradiação de energias criadoras, uma atmosfera espiritual e psicofísica que se expressa e recria nos homens, nos seres visíveis e invisíveis, nas forças do céu e da terra, na paisagem e no modo como todos convivem entre si e com a totalidade do in-ex-istente. Cada pátria, povo, língua e cultura é um devir e uma metamorfose contínuos, tal como tudo quanto in-ex-iste, modulando-se na dinâmica trama da interdependência universal em função do modo como nela a cada momento se plasmam as energias do espírito e da matéria mediante o sonho, a imaginação, o pensamento, o sentimento, a palavra e a acção.
III - Cada pátria, povo, língua e cultura, mais um devir criador do que uma essência ou id-entidade definida e definitiva, assume todavia, ao longo do tempo, figuras simbólicas singulares que re-velam e antecipam o curso e o sentido do seu íntimo modo de jogar o jogo do mundo. Essas figuras são os símbolos e metáforas fundamentais de uma cultura, o modo pelo qual nela se expressa o seu âmago inefável, o "não sei quê" da sua atmosfera e da sua alma. Essas figuras não só emergem nas grandes obras da cultura popular e erudita e nos próprios homens que as criam e recriam, mas também nas acções individuais e colectivas, com nome ou anónimas, visíveis ou invisíveis, patentes, entremostradas ou ocultas no corpo em devir da história do mundo. Certos homens, mais sensíveis - por natural empatia ou pontual distracção dos afazeres e distracções quotidianas - a essa vida latente das coisas e da comunidade mais próxima onde se inscrevem, dão-lhes privilegiada voz e protagonismo: loucos, inspirados, poetas, profetas, pensadores, artistas, heróis, educadores, guias, bem como o homem comum e o povo anónimo do qual são inseparáveis.
IV - O lance de cada pátria, povo, língua e cultura no infinito jogo do mundo entrelaça-se e entrelança-se nos lances de todas as demais pátrias, povos, línguas e culturas, entrelaça-se e entrelança-se nos lances de toda a comunidade humana e cósmica. Cada pátria está ligada a todos os homens, a todos os seres e a todo o universo na trama da interdependência universal.
V - Porque na matriz lúdica do mundo o nada-tudo poder ser é mais amplo e rico do que o ser, enquanto possibilidade já actualizada, o lance de cada pátria no infinito jogo do mundo é mais fecundo pelas possibilidades que deixa em aberto e que entreabre do que pelas que realiza. Aquelas que realiza são mais fecundas pelas possibilidades que deixam em aberto e que entreabrem. As mais fecundas das possibilidades realizadas são as que entreabrem a possibilidade de se reconhecer o entrelaçamento de todas as pátrias, povos, línguas e culturas, de todos os homens e seres, no imenso corpo em devir do jogo do mundo e na sua matriz primordial.
VI - O lance mais fecundo do aspecto do jogo do mundo chamado Portugal, cultura e comunidade lusófona, o lance mais fecundo da sua lusitana i-lusão (ou, etimologicamente, jogo criador/decriador), é a saudade da matriz primordial e o sentido da totalidade nela inscrita, a saudade/sentido desse espaço sem limites onde a cada instante se constela a totalidade em devir do in-ex-istente e se entrelaçam todas as pátrias, povos, línguas e culturas, todos os seres e todos os mundos. Essa saudade, do e no eterno instante que transcende passado, presente e futuro, é não só memória-desejo, mas simultaneamente vislumbre e comunhão desse âmago festivo do jogo do mundo onde nada se separa e tudo intimamente se aduna: Império do Espírito Santo, Ilha dos Amores, Quinto Império, símbolos e metáforas fundamentais da nossa cultura e da sua íntima energia criadora, revelados, recriados e protagonizados por algumas das suas figuras humanas mais paradigmáticas, elas mesmas simbólicas - Dinis e Isabel, o povo que viveu e vive, até hoje, o culto popular do Espírito Santo, Luís de Camões, Padre António Vieira, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, Jaime Cortesão, Natália Correia, Agostinho da Silva, entre muitos outros.
VII - A saudade é essa e dessa saúde primordial que tudo comunga no imo em que se pré-existe. Essa a nossa inquietação e desassossego mais fundos, a nossa perdição e encontro mais plenos. Cabe-nos, neste lance do jogo do mundo, decerto com outros mas rarefeitos indivíduos e culturas, arcar com a memória mais terrível: a memória do que se não pode recordar, a saudade. Sem ela, o coração definha; com ela, o coração explode. Por ela, desinscritos dos possíveis realizados e agonizantes da história visível e da globalização dominante, despertamos, talvez a contragosto, em agónica resistência a nós mesmos, no próprio âmago do devir universal, frementes de possibilidades em aberto, neste limbo onde a liberdade se joga e destina, fazendo-se fado que sobre si triunfa cantando-se. O nosso e teu limbo, leitor. Que fazemos dele ? Que nos faremos ?

mailto:pauloaeborges@gmail.com / http://www.pauloborges.net/

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