Muitos analistas
concordam que, em tão pouco tempo, este 2020 apareça como sendo de um mundo sem
bússola, marcado pelo desastre global da pandemia, que atinge o género humano,
sem distinguir grandes ou pequenos países, com a ordem mundial jurídica
atingida por rivalidades, por enquanto verbais, entre, por exemplo, os
emergentes EUA e China, um mundo político com pouca atenção à pregação de
Francisco, Papa dos católicos, que chama a atenção para a América Latina, uma
criação dos dois Estados ibéricos, Portugal e Espanha. Existe ali o atribuído
privilégio da primeira elaboração das teorias do populismo desde 1960, mas,
nesta data, a desordem, a pobreza e a violação dos direitos humanos, destacando
premissas do livro de Mélenchon Qu'ils s'en aillent tous!, partindo da crise na Argentina
de 2001.
Mas o Brasil, subitamente, é o principal inspirador das perplexidades e
dos deveres portugueses. Não apenas pelo passado, mas também pela desordem que
atinge o espaço abrangente da história e da responsabilidade marítima do
Atlântico Sul. Também nos pertencerá recriar a bússola. E não é apenas pelo
compromisso assumido na Assembleia Geral da ONU, fortalecido pela autoridade da
voz portuguesa que assumiu o compromisso. É também pelo valor histórico da
América Latina, que lembrou a Gilberto, sem que o fim da vida lhe permitisse,
escrever sobre o iberotropicalismo (...)
excerto