Se pode parecer estranho o desafio de pensar uma
pandemia, mais estranho ainda é não a pensar, já que ela parece paralisar o
pensamento e deixar o homem entregue à mera condição biológica da sobrevivência
e à situação de fragilidade. Mas o pensamento é aquela actividade libertadora
pela qual o homem se eleva acima da sua condição biológica para procurar
compreender o universo e regressar a si mesmo e à permanente novidade da
existência. Ao desânimo e ao abandono devem responder o sentido de um renovado
ânimo impulsionado pela coragem, a inteligência e a imaginação inventiva. Se
nunca a palavra pandemia teve tanto significado como na época da comunicação à
escala planetária, infelizmente, nenhuma idade parece estar tão alheia ao
pensamento como esta da contemporânea globalização. As alterações produzidas
pelo efeito Covid-19 sobre as
diversas comunidades humanas e sobre a relação destas com a natureza,
convidam-nos a repensar, de novo, a vida e a civilização, o conhecimento, a
saúde, a tradição, a tecnologia, o destino do homem, as nossas próprias
circunstâncias. Não é, por certo, da ignorância activa, mas do activo
pensamento que decorrerá uma sadia reinvenção do futuro.
A revista Nova Águia vem lançar este convite,
aguardando para o seu 26º número as reflexões que desejem subscrever o
pensamento de Leonardo Coimbra: «O homem não é uma inutilidade num mundo feito,
mas o obreiro de um mundo a fazer.» A entrega dos textos (a enviar para novaaguia@gmail.com) deve ser feita até ao final de Junho de 2020.
Cordiais saudações,
Renato Epifânio e Rodrigo Sobral Cunha