por JOSÉ LANÇA-COELHO
1857 – A 30 de Novembro, pelas 17h, na
cidade do Porto, na rua de Santa Catarina, nº 429, nasceu José Pereira de
Sampaio (Bruno), filho de José Pais de Sampaio e Ana Albina Pereira Barroso.
1860 – Sampaio (Bruno) muda-se para a rua do
Bonjardim, nº 410, também no Porto.
1867 – Na biblioteca do pai, Sampaio (Bruno)
lê tudo o que apanha à mão. Na sua obra Carta
Íntima destaca três livros que preencheram a sua adolescência, Mário, de Silva Gaio, a versão portuense
de Santos Silva de Os Miseráveis de
Victor Hugo e, Mistérios do Povo de
Eugène Sue.
1872 – A 8 de Abril, com apenas catorze
anos, publica o seu primeiro artigo no Diário
da Tarde, influenciado pelos artigos de Guilherme Braga, e assina-o com o
pseudónimo de Sampaio (Bruno), condoído com o suplício infligido pela
Inquisição a Giordano Bruno. «Anchi io
son pittore» (Também eu sou pintor), exclamou Corrégio ao ver a primeira
vez um quadro de Rafael, o que levou Sampaio a pensar, «Também eu hei-de redigir
artigos». Ainda neste ano, de colaboração com Júlio A. Barbosa e Silva,
Henrique Barbosa e A. Cardoso, funda o jornal académico O Laço Branco, de que se publicaram três números. Também publicou o
romance Os Três Frades.
1873 – De colaboração com Gervásio Ferreira
de Araújo e António Pereira de Sampaio (Aubin), fundou outro jornal, O Vampiro, também de curta existência,
seis números. Ainda neste ano, surgiu a revista Harpa, dirigida por Joaquim de Araújo. Desta revista saíram vinte
números e nela participaram, além de Sampaio (Bruno), Magalhães Lima,
Bettencourt Rodrigues, Cesário Verde, etc.
1874 – Tinha Sampaio (Bruno) dezasseis anos
e frequentava o 5º ano do Liceu, quando começou a escrever a Tribuna, revista onde participaram
Latino Coelho, Pinheiro Chagas e outros. Fundou um cenáculo literário onde se
discutiam problemas de toda a índole. Dessa tertúlia faziam parte Manuel
Teixeira-Gomes, Basílio Teles e Gomes Leal.
Neste ano,
Sampaio (Bruno) publicou Análise da
Crença Cristã, Porto.
1875 – Adoeceu gravemente, não pôde
matricular-se na Escola Politécnica do Porto.
1876/77 – Realizou os exames de física,
química, e história natural com aprovação. Desde então trocou a carreira das
ciências pelas letras.
1879 – Surgiu a Gazeta do Realismo de que só saiu um número e foi apreendida pela
polícia devido ao seu sucesso. Sampaio (Bruno) participou nela com o pseudónimo
de Alphonse Daudet, escrevendo o artigo de fundo, Enquanto o pano não sobe.
1881 – Fundou os semanários O Democrático e O Norte Republicano, e
deu colaboração ao jornal Folha Nova,
dirigido por Emídio de Oliveira (Spada). Prefacia o livro de Alexandre Braga, Discurso Anti-Jesuítico, Porto.
1883 – Organizou o diário A Discussão.
1884 – Prefacia o livro de Joaquim de
Araújo, Lira Íntima, Braga.
1886 – Publicou A Geração Nova, Porto. Prefacia o livro de Pacheco de Amorim, Aerólitos, Braga.
1889 – Prefacia o livro de Simão José da Luz
Soriano, História do Cerco do Porto,
Porto.
1890 – Surgiu o jornal A República Portuguesa, onde também participaram João Chagas, Júlio
de Matos, Guerra Junqueiro, entre outros.
1891 – Bruno foi para o exílio, de onde só
regressou após a amnistia, sendo acolhido por Guerra Junqueiro.
Publicou Manifesto dos Emigrados da Revolução
Republicana Portuguesa de 31 de Janeiro de 1891, Paris.
1893 – Regressou a Portugal, depois de viver
na Galiza e em Paris. Publicou Notas do
Exílio, Porto.
1895 – Prefaciou o livro de Guilherme Braga,
O Bispo, Porto.
1896 – Prefaciou o livro de Moreira Lopes, Lágrimas de Amor, Porto.
1897/1908 – Escreveu no diário A Voz Pública.
1898 – Publicou O Brasil Mental, Porto.
1901 – Prefaciou o livro de D. João de
Castro, Paráfrase e Concordância,
Porto.
1902 – Sampaio (Bruno) é vítima de uma
agressão praticada por Afonso Costa. Publicou A Ideia de Deus, Porto; e, prefaciou os livros de H. Schaefer, História de Portugal, Porto; e de
António Nobre, Despedidas, Porto.
1903 – Publicou um folheto escrito em
francês intitulado Theorie Exacte et
notation finale de la musique, Porto, no qual demonstrou a solução do
problema sobre as divisões musicais. A essas divisões, rigorosamente exactas,
chamou-lhes Escala Tessaradecatónica. Resolveu mandar construir um pequeno
harmónio para demonstrar a sua solução. Prefaciou o livro de Maximiano Rica, Líricas, Porto.
1904 – Publicou O Encoberto, Porto.
1905 – Prefaciou a tradução portuguesa da
obra de Vítor Hugo, Os Génios, Porto.
1906 – Publicou Os Modernos Publicistas Portugueses, Porto; e, Portugal e a Guerra das Nações, Porto.
1907 – Publicou A Questão Religiosa, Porto. Prefaciou o livro de Augusto Luso, Últimos Versos, Porto; e o de Euclides
da Cunha, Contrastes e Confrontos,
Porto.
1908 – É nomeado 2º oficial conservador da
Biblioteca Municipal do Porto. Publicou Portugueses
Ilustres, 3 vols., Porto.
1909 – Surgiu o jornal A Pátria, cujo director era Duarte Leite, onde Bruno escreveu três
artigos por semana até 1910. Por morte de Rocha Peixoto, é nomeado primeiro
bibliotecário da Real Biblioteca Municipal do Porto. Publicou A Ditadura, Porto; e prefaciou a obra de
Joaquim Costa, A Alma Portuguesa,
Porto.
1910 - Prefacia os livros de Afonso Vasques
Calvo, O Livro da Corte Imperial, e
do Infante D. Pedro, O Livro Virtuosa
Benfeitoria, manuscritos dados à estampa pela Biblioteca Pública Municipal
do Porto.
1911 – No Porto, publicou no jornal Diário da Tarde, uma declaração ao povo
e ao Governo expondo razões porque resolvia suspender esta publicação. Enviou
também a vários jornais a seguinte declaração: «Rogo-lhes o obséquio de darem publicidade no seu jornal a esta
declaração que entendo dever fazer, e é de que, desta data em diante, me
retiro, completa e absolutamente enojado, da vida política portuguesa.». Prefacia
o livro de Tomé Pinheiro da Veiga, O
Livro Fastigímia, manuscrito dado à estampa pela Biblioteca Pública
Municipal do Porto.
1912 – Publicou O Porto Culto, Porto; e, prefacia a obra de Manuel Pereira de
Novais, Anacrisis Historial,
manuscrito dado à estampa pela Biblioteca Pública Municipal do Porto.
1912/13 – Durante este biénio trabalhou na
preparação do livro Teoria Nova da
Antiguidade.
1914/15 – Colaborou na revista A Águia e no jornal O Primeiro de Janeiro com artigos sobre Filosofia e História. Publicou
Do Livro da Arte de Furtar e de seu
Verdadeiro Autor, Porto; e prefacia o livro de Artur Botelho, Alma Lusitana, Porto. Antes de falecer,
prefaciou ainda o livro de Borges Carneiro, Esboços
Pálidos, Porto; e o de António Joaquim, Rapsódia
Camiliana, Porto.
1915 – 6 de Novembro, faleceu vítima de
hidrocele que nos últimos anos o impossibilitara de caminhar.
1931 – A 30 de Novembro deste ano, realizou-se a primeira homenagem póstuma
a Sampaio (Bruno) no Salão Nobre da Associação dos Jornalistas e Homens de
Letras do Porto, tendo discursado Leonardo Coimbra e Teixeira Rego.