Comemoramos o 3º aniversário da fundação do MIL - Movimento
Internacional Lusófono. É inteiramente apropriado dar nesta comemoração um
destaque visível à NOVA ÁGUIA, que
chegou ao seu número 12 - feito notável e número notável.
O nome da Revista também é notável. Deixem-me atentar um pouco nele.
O nome é NOVA ÁGUIA, não é ÁGUIA NOVA. Estabelece uma filiação, não
estabelece uma identidade. Estabelece uma quase-identidade, a identidade da
filiação. Também estabelece a identidade da espécie. A ÁGUIA gerou de imediato o Movimento da "Renascença
Portuguesa", cujo nome diz tudo sobre o que os seus fundadores queriam.A NOVA ÁGUIA , por sua vez, antecedeu o
nascimento do MIL - Movimento Internacional Lusófono. O saudosismo pascoalino
levou muitos espíritos mal orientados a ver na ÁGUIA e na "Renascença Portuguesa" uma orientação passadista, inadequada à
vontade de redenção pátria. Os factos puseram em evidência o desacerto e a
injustiça de uma tal leitura. No espírito de Teixeira de Pascoaes e dos seus
companheiros fundadores A Águia foi
sempre portadora da Saudade do Futuro. O mesmo acontece visivelmente com a NOVA ÁGUIA. Afirmando-se e assumindo-se
como Revista de Cultura para o Século
XXI, também ela é portadora da Saudade do Futuro.
Numa sociedade que tudo doentiamente politiza ( e partidariza...), a
NOVA ÁGUIA é Revista de Cultura, não
Revista de Política, ou de Sociologia Política, ou de algo quejando. É, mais
especificamente, Revista de Pensamento, de Pensamento vivo.
É Revista descontraída, mas não descomprometida. Não tem medo de ser
quem é e de ser o que é. É livre. Comprometida com Portugal, com a Pátria
Portuguesa. Sem particularismo ou localismo limitador e doentio, antes com o
sentido do universal que impregna o cerne da história de Portugal.
É do mesmo passo Revista descomplexada. De quem não duvida da
integridade de si próprio. Residência comum de figuras, obras e alinhamentos
diferentes. Fiel ao imperativo básico da Cultura, que definirei
neokantianamente na esteira de Windelband e de Rickert como o Reino fundado e
governado pelo espírito criador do Homem. Fiel, portanto, à liberdade de criar.
O presente número da NOVA
ÁGUIA é disso, mais uma vez, prova. Nele coabitam polifonicamente António
Quadros e António José Saraiva, José Enes e
Orlando Vitorino, José Mattoso e Adriano Moreira, Afonso Rocha e Eduardo
Abranches de Soveral, Silvestre Pinheiro Ferreira e Heraldo Barbuy, António
Braz Teixeira e Pinharanda Gomes,
Agostinho da Silva e Ricardo Vélez Rodriguez, na vasta assembleia livre
que é a Revista, no mundo lusófono e lusófilo que é o MIL.
NOVA ÁGUIA é, penso, no seu espaço, a
mais lídima defensora activa da lusofonia, baluarte da resistência ao
imperialismo linguístico e cultural ( entre outras qualificações...) ancorado
na tão falada globalização, instrumento de instauração do silêncio do Logos e do Thymos, da Morte do Homem e de Deus. Há a racionalidade fria ( do Logos...) e a racionalidade quente ( do Thymos ). A NOVA ÁGUIA acolhe e cultiva as duas, no caldo nutritivo integral do
ser humano, particularmente apreciado por nós lusófonos.
Esta Revista, NOVA ÁGUIA, é
o nosso rosto, o nosso olhar e a nossa voz. Que assim seja. Continuemos a
querer que assim seja.